Professor da Feevale especialista em convergência de mídias fala sobre efeitos do “tablet” sobre a produção jornalística. Lançamento deve ocorrer ainda em janeiro.
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Quando surgiu a televisão, veio a profecia: era o fim do rádio! Meados do Século XX. O radiojornalismo sobrevive. E o ano já é 2010.
A mais recente novidade é o tablet, um computador sensível ao toque. Meio de comunicação que promete revolucionar o jornalismo on-line. O novo aparelho da Apple ainda é misterioso. Mistério, aliás, que deve acabar no final de janeiro. A marca norte-americana promete lançá-lo até lá.
É verdade que a própria Internet foi apontada na década de 90 como algoz do jornalismo imprenso. Não acabou com ele. Impôs, no entanto, novos paradigmas que os maiores periódicos do mundo tiveram de adotar. A página eletrônica do The New York Times é prova. Só que o novo hit em matéria de tecnologia pode proporcionar ao “consumidor” de informação on-line uma dinâmica que até então nenhum “novo” aparelho conseguiu.
EXPECTATIVA – Do The New York Times vem uma perspectiva alentadora para os que apostam nos impressos. David Carr não acredita que o tablet vá ser um concorrente. Pelo contrário. Sua principal contribuição ao jornalismo seria “renovar o romance entre o material impresso e o consumidor”.
Mas será mesmo que dessa vez a esperança dos visionários de ver conteúdo jornalístico disseminado na mão do leitor vai vingar? John Hudson demonstra incertezas na revista AtlanticWire. O aparelho pode ser o “salvador do jornalismo” ou “um falso profeta”, segundo ele.
A principal dúvida que permeia avaliações de especialistas reside na forma como os meios de comunicação cobrariam pelos seus conteúdos. Não se discute, por outro lado, a crescente demanda de usuários que buscam agilidade e instantaneidade e a necessidade de supri-la. Faltava-lhes justamente uma ferramenta que possibilitasse a plenitude dessas características presentes à Internet.
O Apple Tablet é uma experiência mais simples do que as anteriores. Mais prática. Contudo, o novo lançamento pode ser muito similar ao iPhone, que ainda está longe de se popularizar. É aguardado com ansiedade pelo mercado da tecnologia ao lado do telefone móvel Nexus One, do Google. Ambos devem chegar às lojas em março.
JORNALISTAS DEVEM
ESTAR PREPARADOS,
DIZ MARCOS SANTUÁRIO
Se a onda é jornalismo on-line, nela o jornalista deve surfar. É a dica que deixa o professor doutor Marcos Santuário (foto), do Centro Universitário Feevale. Ele coordena o curso de Pós-graduação em Jornalismo e Convergência de Mídias. Ninguém melhor, portanto, para falar sobre os efeitos do tablet sobre a produção jornalística.
Em entrevista ao Portal novohamburgo.org, Santuário diz ser fundamental estar sintonizado com as principais inovações tecnológicas. “As tecnologias, a cada dia, surpreendem com as suas possibilidades. A portabilidade foi um marco para a comunicação”, destaca o professor, que é também repórter do jornal Correio do Povo. “Hoje, a portabilidade dos aparelhos convive com a união de funções. Os aparelhos permitem isso.”
Especificamente sobre os efeitos das novas tecnologias nas rotinas de produção jornalística, Marcos Santuário é convicto. Entende que refletem diretamente no consumo da comunicação e nas questões de conteúdo. “Em conseqüência, exigem que os produtores de conteúdo consigam entender as novas dinâmicas de consumo, velocidade de absorção e interesses diversos e dispersos”, acrescenta. “Nada absolutamente novo, mas tudo, absolutamente desafiador e veloz.”
PÓS-GRADUAÇÃO – Toda a ação, exige uma reação. Por mais arcaica que possa soar a frase, resume a criação do curso de Jornalismo e Convergência de Mídias na Feevale. Quem garante é um de seus idealizadores. “Quando concebemos a especialização, o foco foi exatamente a preparação, teórica e prática, reflexiva e atuante, dos profissionais da comunicação e dos pensadores dos meios, para adaptar-se, entendendo e dominando as exigências da nova realidade”, explica Santuário.
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