Denúncia acusa relator do projeto, deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP), de alterar texto depois de acordo firmado.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Uma suspeita de fraude no texto final do novo Código Florestal, apresentado pelo relator Aldo Rebelo (foto), do PCdoB/SP, provocou troca de insultos durante a sessão desta quarta-feira, dia 11, que tentava votá-lo na Câmara Federal.
A confusão começou quando o líder do PT, deputado Paulo Teixeira, de São Paulo, disse na tribuna que o texto final apresentado por Aldo Rebelo havia sido alterado com relação ao que foi acordado em reunião de líderes às 21 horas. Resultado: novo adiamento e a votação só deve ocorrer na semana que vem.
Em seguida, a ex-senadora Marina Silva (PV) postou em seu perfil no microblog Twitter: “Estou no plenário da Câmara. Aldo Rebelo apresentou um novo texto, com novas pegadinhas, minutos antes da votação. Como pode ser votado?!”
Aldo Rebelo, então, pediu a palavra: “A fala infeliz do deputado Paulo Teixeira (de que Aldo havia alterado o texto em relação ao acordo) deu razão para a ex-senadora Marina Silva, que postou em seu Twitter que eu fraudei o texto. Quem fraudou, quem contrabandeou madeira, foi o marido da senadora.”
Rebelo se referia a reportagens publicadas no ano passado sobre o suposto envolvimento do marido de Marina, Fábio Lima, em fraudes no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Ibama. O deputado Alfredo Sirkis (PV/RJ) então, gritou “Canalha, traidor!”, referindo-se à Rebelo. Sirkis coordenou a campanha à Presidência de Marina Silva em 2010.
Enquanto os deputados discutiam, o deputado gaúcho Henrique Fontana (PT) e a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, se reuniam em outra sala para analisar as supostas diferenças entre o relatório acordado e o texto distribuído no plenário. Antes que a votação fosse adiada, a ministra deixou o Congresso sem falar com a imprensa.
“A Marina acusou pelo Twitter fraude no meu relatório e ela não tem o direito de fazer isso. É uma leviandade, uma irresponsabilidade. Ela não pode mexer com as pessoas achando que é imune à resposta. Quem diz o que quer, termina ouvindo o que não quer”, argumentava Aldo Rebelo.
O relator negou que tenha feito alterações no texto acordado com as lideranças da Câmara. “Eu não mudei e tenho testemunhas: o líder do governo, o líder do PMDB e os demais líderes que estavam na Casa. Já existe o relatório e ele foi apresentado. Não é estaca zero quando você já tem a matéria pautada e o relatório lido”, afirmou o relator do projeto de lei que muda o Código Florestal.
O PV afirmou que vai entrar com representação no Conselho de Ética contra o deputado Aldo Rebelo pelas ofensas feitas ao marido da ex-senadora do partido. “Eu estou tranqüila. Essas afirmações não irão me intimidar. Sempre haverá oportunidade para o deputado reconsiderar o que ele disse. As calúnias que foram feitas ao meu marido foram feitas por segmentos que me faziam oposição quando eu era ministra”, rebateu Marina Silva.
Em construção
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT/SP), admitiu ter entregue ao deputado Paulo Teixeira, às 21 horas, um “texto em construção”, o que teria provocado a desconfiança a respeito do relatório que estava em votação no plenário. Vaccarezza disse que pedirá desculpas ao colega. O líder do governo também negou que haja mais de uma versão para o novo Código e minimizou o impacto do episódio para a interrupção da votação.
“Não houve da parte do Aldo nenhuma conduta inadequada. (…) Nós adiamos a votação não foi por isso. Durante o processo de votação eu identifiquei um movimento no plenário que iria desfigurar o texto apresentado pelo Aldo. Diante disso, nós resolvemos parar a votação. O governo não teve receio de ser derrotado. Se continuasse a votação, nós poderíamos permitir que o texto fosse desfigurado”, garante o líder do governo.
Informações de portal G1
FOTO: Renato Araújo / Agência Brasil