No segundo escândalo que abala a disputa presidencial de 2010, braço direito de Dilma Rousseff está envolvida em pelo menos quatro denúncias.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Em meio às diversas denúncias de corrupção durante a campanha eleitoral pela disputa da Presidência da República, a revista Época se dispôs a esclarecer a mais recente, envolvendo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.
Braço direito de Dilma Rousseff nos cinco anos em que a hoje candidata do PT à Presidência esteve à frente da Casa Civil, Erenice se tornou ministra-chefe da pasta em março, quando Dilma deixou o governo para se candidatar.
Os três irmãos de Erenice – Maria Euriza Alves Carvalho, Antônio Eudacy Alves Carvalho e José Euricélio Carvalho – tiveram cargos públicos federais comissionados, mas deixaram os postos em 2008, após o Supremo Tribunal Federal proibir oficialmente o nepotismo (contratação de parentes em órgãos públicos). Agora, Erenice, dois de seus irmãos, e um dos filhos da ministra, Israel Guerra, estão envolvido em denúncias.
Lobby
Uma das denúncias é de que Israel Guerra, filho de Erenice Guerra, teria feito lobby para que a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac liberasse a concessão dos vôos da MTA Linhas Aéreas, que fora suspensa. Mais tarde, a MTA fechou contrato de R$ 19,6 milhões com os Correios, sem licitação, para transporte de carga.
O lobby teria sido feito por meio da empresa Capital Assessoria e Consultoria, na qual são sócios, além de Israel, Vinicius Castro, funcionário da Casa Civil, e Stevan Knezevic, servidor da Anac, hoje lotado na Presidência. Em troca da intermediação, Israel cobraria uma “taxa de sucesso” de 6% sobre os contratos, e a própria Erenice teria cobrado o empresário Fábio Baracat, ex-sócio da MTA.
Em nota distribuída no sábado, dia 11, Fábio Baracat “rechaça oficialmente as informações” de pagamento de propina. Em posterior entrevista, Baracat confirmou que Israel Guerra atuava como intermediador da MTA. Erenice Guerra também nega as acusações. Ela colocou seus sigilos fiscal, bancário e telefônico à disposição e solicitou uma investigação por parte da Comissão de Ética da Presidência.
Licitação
Maria Euriza (irmã de Erenice) teria aprovado, em setembro de 2009, sem licitação, a contratação, por parte da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, do escritório de advocacia Trajano e Silva Advogados, onde trabalhou até março Antônio Eudacy, seu irmão e da ministra Erenice.
O escritório deveria defender a EPE contra uma empresa que brigava para participar de um leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. Márcio Silva, um dos sócios do escritório Trajano e Silva Advogados, e representante na campanha da ex-ministra Dilma Rousseff na Justiça Eleitoral, diz que a contratação foi feita às pressas porque era o único contato que a EPE, sediada no Rio de Janeiro, tinha em Brasília.
Laranja
Em 1997, Erenice Guerra teria usado um “laranja” para abrir a empresa de investigação particular Conservadora Asa Imperial em nome de seu filho, Israel Guerra. A “laranja” seria a professora desempregada Geralda Amorim de Oliveira, que confirmou ter fornecido documentos para a abertura da empresa. Geralda Amorim de Oliveira é irmã de uma amiga antiga de Erenice.
Erenice Guerra confirmou a abertura da empresa, mas disse que ela nunca operou e nem teve atividade econômica. A empresa aparece como ativa na Junta Comercial do Distrito Federal “por mera formalidade e inércia dos sócios”.
Desvio
Segundo uma auditoria da Controladoria-Geral da União – CGU, José Euricélio Alves de Carvalho, irmão da ministra, seria responsável pelo desvio de R$ 5,8 milhões da editora da Universidade de Brasília – UnB. O desvio, parte de um esquema que teria deixado um prejuízo de R$ 10 milhões na editora, incluíra pagamentos para Carvalho e Israel Guerra, filho de Erenice. Os envolvidos ainda não se pronunciaram.
Informações de Época
FOTO: Wilson Dias / ABr