Descubra por que esta data é comemorada no dia 14 de Fevereiro, como ela é celebrada nos Estados Unidos da América e também em outros países. Além disso, entenda como funciona este intercâmbio cultural da festividade e o que ela representa.
Gustavo Fritzen [email protected](Siga no Twitter)
Valentine, o Santo
Nos últimos dias de Roma, os lobos ferozes vagavam próximos às residências. Diante esta situação, os romanos convidavam Lupercus (deus dos Bosques, Campos e Rebanhos) para manter esses animais afastados. Por isso, uma festa era oferecida em homenagem à divindade, comemorada em todo dia 15 de fevereiro.
Como uma das tradições do povo, nomes de garotas romanas eram escritos em pedaços de papel e colocados em um recipiente. Cada homem tinha que escolher um papel. A menina cujo nome era escolhido, deveria ser sua namorada durante aquele ano.
Valentine era um padre em Roma, numa época em que o cristianismo ainda era uma religião recente. O imperador dessa era, Claudius II,ordenou que os soldados romanos não se casassem. Ele acreditava que os homens casados permaneceriam em casa com suas famílias ao invés de lutar nas guerras.
Valentine foi contra esse decreto e realizava matrimônios secretamente até que foi preso e julgado à morte. Ele foi condenado no dia 14 de fevereiro e passou a ser considerado santo.
Diz a lenda, que antes de ser morto (por volta do ano 269 D.C.), ele enviou uma carta para a mulher de quem gostava, com uma mensagem de despedida assinada: “De seu Valentine”. Desde então, essa frase passou a ser usada em cartas de amor.
O Feriado
Por volta do ano 496, o Papa Celasius decidiu adotar 14 de Fevereiro em memória de St. Valentine.A ocasião antecedia o festival romano de Lupercalia, que tinha o objetivo de honrar o deus Lupercus. Um das hipóteses era que a festa cristã servia de contraponto ao festival pagão. O festival de Lupercalia era comemorado em 15 de fevereiro. Ao longo dos anos, o Valentine’s Day e o Lupercalia tornaram-se um único feriado.
Nos Estados Unidos, lojas, livrarias e outros estabelecimentos vendem uma variedade de cartões chamados Valentines. No país norte-americano, este é o segundo feriado mais comemorado, atrás apenas do natal, em número de cartões enviados através dos correios.
O Cupido, um dos símbolos do feriado, foi relacionado àdata porque este era o filho de Vênus, deusa romana do amor e da beleza. Para os namorados e amigos, há Valentines em qualquer estilo imaginável: sentimentais, tímidos, sofisticados, humoristas e até desafiadores.Geralmente, os adultos compram Valentines para acompanhar um presente mais elaborado, como exemplos, doces, flores ou perfumes.
A instauração da data no Brasil foi realizada pelo empresário João Dória. Tendo chegado do exterior, a ocasião pareceu à representantes do comércio uma ótima alternativa para alavancar as vendas.Em vez de fazê-lo em fevereiro, a celebração foi “transferida” para o dia 12 de junho para ser o dia dos namorados em nosso país. A data foi escolhida às vésperas do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro.
Intercâmbio Cultural
Muito se fala que há certa americanização referente aos costumes brasileiros e o Halloween, também conhecido como o Dia das Bruxas no Brasil, pouco agrega a cultura do país. No caso do Valentine’s Day não seria diferente. Quando a adoração aos novos costumes deixa de ser um momento de entretenimento e vira uma “dependência”? Como aproveitar essas e outras tradições? Questões como essas foram feitas à Evandro Fernandes, doutorando em História pela UFSC– Universidade Federal de Santa Catarina e assessor da área sócio-histórica da Secretaria de Educação e Desporto de Novo Hamburgo – SMED.
“Com a internet , hoje em dia, tudo está mais visível. Não é como há 100 ou 200 anos quando algo novo era mais difícil de ser conhecido pelo povo”, explica. O historiador também explica que através da globalização é possível conhecer vários costumes de diferentes tribos ou tradições e usa o Rio Grande do Sul como exemplo. ”Há churrascarias lá na China, mas nem por isso estamos tirando ou transformando a cultura deles”.
Outra questão levantada por Fernandes refere-se aos estereótipos que criamos ao tentar criar certa proximidade com outras culturas. “É necessário ter um conhecimento do que estamos celebrando. Torna-se problemático quando deixamos de valorizar o que é nosso para se apegar a outras tradições”. E acrescenta que seria a mesma coisa que um estrangeiro fazer uma festa sobre o Brasil e resumí-la apenas em carnaval e futebol “Nós temos uma cultura enorme, de norte ao sul do país, onde vários aspectos podem ser abrangidos”.
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