Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgada nesta quarta-feira, dia 15, aponta qual é a percepção da população sobre o sistema judiciário.
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Sabe aquele mito que diz que quem vai para a Justiça morre esperando uma solução? Esqueça, não é o aponta a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios – PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Dados divulgados nesta quarta-feira, dia 15, revelam que mais de 75% dos brasileiros conseguiram resolver conflitos após buscar ajuda na Justiça. Isso representa três pessoas satisfeitas com o resultado de seu processo em cada quatro que preferem essa via. Entre os que procuraram o Serviço de Proteção e Defesa do Consumidor – Procon,o índice é ainda maior: 88,5% encontraram solução.
Do número total de entrevistados, 6% acharam que acionar a Justiça seria muito caro, 6,8% não sabiam que poderia ser acionada, 6,6% disseram não acreditar no sistema e 15,9% acharam que o processo demoraria muito. Falta de provas, medo de outras partes envolvidas e impedimento de entrar com a ação (por caber a outras partes) foram os demais motivos citados.
Direito trabalhista lidera
Os entrevistados disseram ser mais afetados por questões trabalhistas do que pelas criminais. Das 12,6 milhões de pessoas que se envolveram em algum conflito nos últimos cinco anos, 23,3% tiveram problemas trabalhistas, 20% tiveram questões familiares, 12,6%, criminais e 9,7%, problemas com serviços de água, luz ou telefone.
Entre os conflitos com menor incidência estão os relacionados a benefícios de previdência e INSS (8,6%), a bancos ou instituições financeiras (7,4%), a questões de terras e moradias (4,8%) e a impostos (1,2%). Os jovens de 18 a 24 anos tiveram os maiores percentuais de conflitos nas áreas familiar (27,8%) e criminal (23,3%). As pessoas de 50 anos ou mais de idade estiveram mais envolvidas com questões trabalhistas (21,2%).
Conciliação é o melhor
caminho, diz advogado
Além de conhecer os tipos de conflitos, a pesquisa procurou identificar as formas pelas quais as pessoas tentaram resolvê-los. A grande maioria (92,7%) procurou algum tipo de ajuda – 57,8% recorreram principalmente à Justiça e 12,4% ao juizado especial.
Para o advogado hamburguense Charles Borges (foto), da BFKG Associados, no entanto, a conciliação é o melhor caminho, embora ainda pouco trilhado por quem precisa resolver um conflito. O PNAD mostra que foram apenas 27,6%.
Em grande parte dos casos, o acordo justo é a medida mais rápida e mais satisfatória, defende Borges, em entrevista ao Portal novohamburgo.org. “Antes de recorrer às vias judiciais, a estratégia é o bom senso. Elaboramos uma proposta de acordo justo e entramos em contato com a parte contrária, para uma solução consensual.”
O advogado acrescenta, ainda, que saber ouvir o cliente é fundamental. “Saber interpretar, compreender que quando ele pergunta quanto tempo demora a resolução do processo está, na verdade, querendo perguntar quando estará livre do problema.”
SOLUÇÕES RÁPIDAS – Quase a metade da população confirma que o conflito no qual se envolveu foi resolvido. De acordo com 33,9% dos entrevistados, o problema foi solucionado em até um ano. Para 6,7%, o processo demorou entre um e dois anos. Menos de 3% disseram que demorou entre dois e três anos.
Os problemas relacionados a serviços de água, luz e telefone foram solucionados mais facilmente – 84,9% dos casos resolvidos em até um ano. Já os de família registraram o segundo maior percentual de solução: 57%, sendo 71,2% em até um ano.
Com informações de Agência Brasil
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