Os advogados de Suzane Von Richthofen, condenada a 38 anos de prisão por participar do assassinato dos pais em 2002, em São Paulo, apresentou nesta terça-feira, 19, ao Supremo Tribunal Federal (STF) habeas corpus pedindo que ela seja transferida para um centro de ressocialização ou tenha direito à progressão para o regime semiaberto.
Nesse caso, Suzane teria de ser transferida para uma unidade prisional que, segundo seus defensores, aplique “o correto programa individualizador da pena, com tratamento penitenciário específico e particularizado”.
De acordo com o STF, Suzane está presa hoje na Penitenciária de Tremembé, a 147 quilômetros de São Paulo. Ela já teve dois pedidos idênticos negados liminarmente: um pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outro pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Para os seus advogados, a jovem preenche todos os requisitos previstos na Lei de Execuções Penais para progredir de regime. “Suzane tem “personalidade propensa à ressocialização” e está comprometida com a readaptação para a vida em liberdade”, diz a defesa, que também quer a decretação do segredo de justiça no processo. O habeas corpus será apreciado pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes.
Relembre o caso
Estudante do primeiro ano de direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(PUC-SP), Suzane von Richthofen era uma adolescente acima de qualquer suspeita. Bonita, rica e culta, a estudante tinha tudo o que desejava materialmente. No começo do ano, havia ganhado um carro Gol do pai como prêmio por ter sido aprovada na faculdade.
Os Von Richthofen era uma família reservada e os pais eram rigorosos quanto à educação dos filhos. Manfred e Marísia estavam preocupados com o envolvimento excessivo da filha com Daniel Cravinhos, o aeromodelista que namorava havia três anos. Dez dias antes do crime, o engenheiro chegou a confidenciar com um amigo que pretendia mandá-la no final de 2002 para a Alemanha. Mas foi tarde demais.
Por volta da meia-noite do dia 30 de outubro, Daniel, Christian e Suzane chegaram à mansão dos Von Richthofen. Os detalhes já haviam sido preparados: meias finas compradas antecipadamente, luvas de uso cirúrgico pegas da psiquiatra Marísia e barras de ferro. Eles haviam deixado Andreas em um cibercafé.
Suzane subiu as escadas, confirmou que os pais estavam dormindo, acendeu as luzes e chamou os irmãos Cravinhos para matar seus pais. Christian teria pensado em desistir do crime, mas Daniel falou que já não tinha volta. Daniel matou Manfred enquanto Christian assassinava Marísia.
No andar de baixo, Suzane andava da biblioteca para a sala de estar. Agachava, colocava a mão no rosto, enquanto iniciava a simulação de latrocínio – roubo seguido de morte. No quarto, a preocupação dos irmãos Cravinhos também era enganar a polícia. Depois do assassinato, Daniel retirou a arma de um fundo falso e colocou sobre a cama. Christian carregou o revólver e colocou-o no chão ao lado de Manfred.
Depois do assassinato, os namorados foram para um motel localizado na avenida Ricardo Jafet, na zona sul, onde ficaram até as 3 horas. Na volta, pegaram Andreas no cibercafé e seguiram para a casa dela. Por volta das 4 horas acionaram a polícia para informar que tinham encontrado os corpos. Suzane Von Richthofen chorou muito no enterro dos pais.