Um dia destes eu estava pensando na evolução das coisas. Aparelhos de televisão, celular, automóveis, investimentos e, claro, sobre amor. O que tem a ver a compra de uma televisão com amor? Você já teve a sensação de não saber se deveria comprar alguma coisa porque em seguida poderia ser lançada outra melhor? Mesmo não tendo nada em vista? Pois acaba parecendo que a partir do momento que fazemos uma escolha podemos estar perdendo algo muito melhor um pouco mais à frente. É, pode ser. Mas quando o assunto é amor eu tenho lá minhas dúvidas.
Tenho visto jovens perdendo muitas oportunidades de amar e serem amados. Parece que se firmar num amor é perder um monte de possibilidades logo ali em frente. Pensam que ao dobrarem a esquina poderá surgir a pessoa perfeita. O problema é que há muitas esquinas. A terapeuta de família Esther Perel nos faz pensar bastante ao questionar se nossas relações hoje em dia poderão ser fortes o suficiente para resistir ao canto da sereia do prazer ilimitado? Estou certa que isto tem sido um grande problema para a aproximação de pessoas. Um problema muito grande quando você imagina que todos podem estar tendo prazeres e oportunidades melhores ao resolver se fixar em alguém ou permanecer com a pessoa que está ao seu lado. Queremos tanto uma companhia, mas quando ela aparece surge a dúvida: será que não tem alguém melhor?
Que dificuldade para os rapazes escolher um amor num mar de verdadeiras “deusas” de 18 aninhos! Que dificuldade abrir mão de todas as outras para ter somente uma. Que raio de sensação de consumo que entorpece nossas escolhas e nos deixa num mar de dúvidas e ansiedades, nos impedindo de realizar ao menos alguma tentativa. Pois acreditem, meninos de 18 anos têm é medo de perder tempo se fixando em alguém. Mas perder tempo aos 18 anos?
É que não falo aqui em casamento. Longe disso. Meninos que ainda estão comendo sucrilhos não podem pensar em casamento, muito menos em filhos. Falo, isto sim, em aprender a valorizar as pessoas que encontramos em nosso caminho. Falo no aprendizado do amor, do companheirismo, da parceria.
Não estaremos, talvez, nos vendo como aparelhos eletrônicos, prestes a assistirmos ao lançamento de aparelhos melhores? Com mais funções, mais modernos e eficazes? Seremos pessoas eletrodomésticas? Pessoas-automóveis? Isto porque, se espero alguém que seja sempre melhor para mim, da mesma forma eu posso me tornar dispensável para alguém que me ame. Que dor imensa nos sentimos assim, pessoas prestes a perder seus prazos de validade. Amores com prazos de validade pré-estabelecidos, prestes a vencer. Quem é que investiria nisso?