Ninguém é capaz de negar o valor de se ter intimidade com alguém. Mas veja você, eu tenho lá as minhas dúvidas com a tal intimidade. Muita gente diz que intimidade é bom porque a gente se relaciona sem cerimônia. Será mesmo? Então porque é que os maridos chegam para mim se queixando de que suas mulheres ficam muito tempo sem se depilar, com as pernas peludas? Porque é que as mulheres reclamam quando seus maridos soltam gases debaixo das cobertas?
Porque os homens se irritam tanto com a forma despreocupada com que suas mulheres mastigam? Porque será que as mulheres ficam incomodadas com os arrotos espontâneos dos seus maridos? Porque é que muitos homens odeiam ver suas mulheres de rolos nos cabelos? Porque as mulheres abominam ver os seus homens literalmente “coçarem o saco”? Eu lhes respondo: odiamos o excesso de intimidade.
A princípio a intimidade, aquilo de “estar um no mundo do outro,” tranqüiliza. É aquela história furada do “agora somos um só”. Este pensamento nos trás segurança. Uma segurança “broxante”. Uma segurança tão segura que nos tira o constrangimento. O que observamos em nosso parceiro conta muito em nossas descobertas. Tanto ou até mais do que as coisas que dizemos. Não quero com isso dizer que não podemos mostrar nossas partes feias. Mas minha avó uma vez me disse em alemão: “Cristininha aprende, muito grande amor termina depois do primeiro peido”. A frase é feia, nada poética, mas cheia de verdades.
Quando começamos um amor exageramos as qualidades de quem amamos. Tornamos este alguém quase um mito. Porém, conectar-se com a realidade é muito bom para tornar nosso amor real. O problema é que a falta total de cerimônia é um anti-afrodisíaco comprovado. Não ter um pingo de cuidado para com o outro ou mesmo em relação a si mesmo é muito broxante. Como explicar porque tantas mulheres suspiram ao ver um homem abrir a porta do carro para uma mulher?
Gostamos, sim, da tal cerimônia. Cada mulher e cada homem dão valor a determinadas coisas específicas. Eu não ligo e até me incomodo de abrirem a porta do carro para mim. Acho mais prático eu mesma abrir. Mas não abro mão de um beijo quando qualquer pessoa da minha família chega em casa. É uma cerimônia da qual não abro mão.
Acomodar-se na relação, acreditar piamente na tal intimidade, abrir mão de certas cerimônias, tudo isto pode resultar em falta total de cuidado. E falta de cuidado é muito “broxante”. Não há Viagra que solucione. A dica está dada. A receita é: uma pitada de cerimônia, a qual determina cuidado e capricho, tudo resultando em tesão.