EUA aceitam solução segundo a qual armas químicas do país árabe passarão por controle externo. Declaração mostra um sinal de aparente concordância entre Moscou e Washington no tema.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
De onde menos se espera, pode surgir alguma coisa. Essa antiga regra de ouro do Oriente Médio encontrou expressão nesta segunda-feira, dia 09, em uma proposta inesperada do ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
A partir de uma sugestão do secretário de Estado americano, John Kerry, ele propôs que a Síria ponha seu arsenal químico sob controle internacional e depois o destrua.
A declaração mostra um sinal de aparente concordância entre Moscou e Washington no tema. E ainda conta com o apoio da França, que vinha respaldando os Estados Unidos em relação a uma ofensiva armada.
“Entregamos nossa proposta ao chanceler sírio Walid al-Moallem e contamos com uma resposta rápida e, espero, positiva,” disse Lavrov após a reunião com o homólogo sírio.
A Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad e se opõe aos planos americanos de atacar as forças sírias em resposta ao ataque com armas químicas em 21 de agosto. As declarações de Lavrov foram feitas após Kerry dizer que a Síria poderia evitar uma ação militar americana ao entregar suas armas químicas para a comunidade internacional.
Também ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse à emissora de TV CNN que vai levar “a sério” a proposta russa para colocar o arsenal químico da Síria sob controle internacional. Obama fez a ressalva de que é cético em relação a sua execução: “É possível um acordo, mas ele precisa ir adiante, e nós não queremos só uma tática protelatória, para diminuir a pressão que estamos mantendo.”
Deputados americanos adiam discussão sobre ação militar
Com esse novo contexto diplomático, a votação que seria realizada amanhã no Senado americano sobre a Síria foi adiada. O Partido Democrata, de Obama, é majoritário na Casa, enquanto os republicanos, de oposição, controlam a Casa dos Representantes (câmara baixa, equivalente à Câmara dos Deputados).
Até o momento, apenas 24 dos cem senadores declararam apoio a uma intervenção na Síria, enquanto outros 20 se opuseram. De acordo com Obama, a mudança de atitude do governo de Al-Assad foi resultado da ameaça de ataques aéreos.
“Não acho que precisemos,” afirmou o líder democrata no Senado, Harry Reid, sobre a votação inicialmente prevista — Acho que devemos dar ao presidente a oportunidade de falar com os cem senadores e com os 300 milhões de americanos.
Informações de ZH
FOTO: reprodução / Yuri Kadobnov / AFP