Um período para refletir, o dia do Rio dos Sinos neste dia 17, antecede o Dia Mundial da Água, dia 22. Conheça um pouco mais sobre o Rio que nasce com águas cristalinas, mas chega até nós poluído e sem vida exuberante
“O mau comportamento dos homens vive no bronze; as suas virtudes, nós as escrevemos sobre a água.” (William Shakespeare). Será que o poeta já previa o rumo que as águas tomariam em decorrência das “virtudes” dos homens? Pode ser… Talvez seja mais fácil descrever apelando ao provérbio popular “só percebemos o valor da água depois que a fonte seca”.
Neste dia 17 de março, desde 2004, comemora-se o Dia Estadual de Preservação e Conscientização da Importância da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Mais que apenas uma data festiva, deveria marcar um período de reflexão ao curso que o rio toma. A data antecede ainda, o Dia Mundial da Água, 22 de março, onde todas as energias deveriam estar concentradas em melhorias aos recursos hídricos, já que está combinação simples de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O) é essencial e imprescindível à vida.
Origem do nome “Rio dos Sinos”
É difícil precisar sua idade, mas o que é certo afirmar é que há muitos e muitos anos este rio nos serve abastecendo a região. A água é um bem fundamental e por isso, as margens do rio eram habitadas por índios, sendo seguida pela chegada dos imigrantes que também buscaram postar-se próximos da água. O nome Rio dos Sinos é bastante questionado com opiniões divergentes entre os historiadores.
Uma das versões conta que o rio chamava-se Cururuaí que significa Rio dos Ratões do Banhado. Os indígenas denominavam os acidentes geográficos com substantivos próprios seguindo características do local. Como na época o vale era pouco explorado, não é certo precisar se esta denominação referia-se mesmo ao rio ou a outro banhado da região.
Em outros livros, mais recentes, já se encontra o nome Sinos, que também possui várias histórias para a denominação. Uma diz que no rio foram encontrados vários sinos, outra que estes sinos seriam uma parte das riquezas dos Jesuítas fugidos das missões guaranis que teriam sido lançadas no rio e estes até hoje tocam para lembrar o crime cometido por portugueses e espanhóis.
A versão mais provável é que o nome venha da palavra em latim Sinus (enseada ou sinuoso), sendo uma referência às muitas curvas que o rio faz, possivelmente chamando a atenção dos antigos cartógrafos que ignoraram qualquer designação indígena.
Onde nasce o rio e seu trajeto
A bacia do Rio dos Sinos inicia no município de Caraá, no nordeste do Rio Grande do Sul, possui três afluentes principais: o Rio da Ilha, o Rio Rolante, o Rio Paranhana e mais 65 arroios. Sua extensão total é de 4.328 quilômetros e passa por 32 municípios. Seu trajeto corre por entre a mata ainda virgem, passando por pedras, formando pequenas cachoeiras e belas paisagens.
O primeiro espetáculo da bacia é uma cascata de mais de 120m de altura. Além dos peixes que vivem nas águas ainda cristalinas, a vegetação nativa abriga diversos pássaros, várias espécies de répteis, mamíferos e insetos.
“A pujança dessa magnífica paisagem contrasta assustadoramente com a que nos deparamos, quando o seu curso passa por entre as cidades. Torna-se irreconhecível, tamanha a degradação, a poluição, o descaso com a sua importância como suporte hídrico para a sobrevivência das espécies. Talvez, este descaso, resulte da dificuldade em ver o Rio dos Sinos, além da torneira em nossa casa e do cano que nos liga à estação de tratamento da COMUSA ou da CORSAN.”, lamenta a ambientalista e coordenadora do SOS Rio dos Sinos, Dione Moraes.
A bacia é divida em três trechos:
SUPERIOR: o terreno é mais acidentado, o rio é encachoeirado e são desenvolvidas atividades agrícolas em pequenas propriedades. Com cerca de 25km compreende os municípios de Caraá, Osório, Canela, Santo Antonio da Patrulha, São Francisco de Paula, Gramado e Riozinho.
MÉDIO: com menos declives, possui extensão de 125km, com o encontro com os Rios Paranhana e Rio da Ilha, torna-se um ponto muito importante para o equilíbrio hídrico do Rio. Esta parte da bacia abastece as cidade de Taquara, Santa Maria do Herval, Glorinha, Igrejinha, Três Coroas, Parobé, Nova Hartz e Araricá.
INFERIOR: quase sem declives, o que agrava os problemas de estiagem e relacionados a poluição, esta parte compreende as cidades de Sapiranga, Campo Bom, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Estância Velha, Portão, Ivoti, Capela de Santana, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, São Sebastião do Caí e Dois Irmãos.
Fonte: ComiteSinos e dados fornecidos pela ambientalista e coordenadora do projeto SOS Rio dos Sinos, Dione Moraes