Feliz aniversário, Novo Hamburgo: 97 anos de histórias, de vivências, de pujança. Hora de comemorar! Mas o título da minha crônica termina com reticência, os famosos três pontinhos, assim como poderia terminar com um ponto de interrogação. Não se trata de charme ou acaso, longe disso. A ideia é trazer reflexões, questionamentos, parar e pensar: para onde Novo Hamburgo vai?
A cidade que em 5 de abril aniversaria tem um passado raro, afinal, por anos foi considerada um oásis dentro de tempos difíceis que vivíamos. Crescemos, nos desenvolvemos, posso até considerar que explodimos. Pessoas de todos os cantos do Estado sonhavam em morar na capital do Vale do Sinos, onde não faltava emprego ou oportunidades.
Porém, ensinam os mais velhos, dia de muito, véspera de pouco. E como tudo na vida, os dias de glória ficaram para trás e o oásis foi secando. Dói escrever isso, porém, contra fatos não há argumentos. Muitos resquícios ainda perduram, tamanha foi a fase de abundância, mas o caminho escolhido da monocultura cobra seu preço.
A cidade pujante, dos anos 70 ou 80, deveria ter diversificado a matriz, buscado novos pólos de investimento, ampliando horizontes, o que não foi feito. Seguimos colocando quase todos os ovos em uma única sacola e até mesmo alertas duros, como de Aurélio Decker e a China, viravam deboche. Nada atingiria a força de Novo Hamburgo. Grave engano. E como um navio prestes a colidir contra uma ponte, na macroeconomia qualquer manobra demora para surtir efeito, sendo inevitável o baque.
Porém, nunca é tarde para encontrar caminhos e o crescimento em tecnologia – a força motriz da Universidade Feevale potencializando os Parques Tecnológicos é incalculavelmente significativa – é uma aposta que merece arrojo.
Tive a oportunidade de visitar a Índia, em uma Missão Feevale, em 2008. Um país miserável, com uma pobreza sem igual, que conseguia já naquela época mostrar nas cidades onde se instalavam Pólos Tecnológicos, um desenvolvimento dezenas de vezes acima da média. Poderia falar de Málaga, na Espanha, que visitei em outra cobertura: tecnologia, fazendo uma região pobre, dentro dos parâmetros espanhois, crescer muito.
Questionar sempre foi minha missão. A essência da comunicação, penso eu. Poderia apenas jogar confetes e falar das nossas vitórias e conquistas, festejar, mas prefiro olhar para o futuro. Pensar na centenária Novo Hamburgo, de 2027, na cidade que filhos e netos viverão.
Se erramos no passado, não podemos ser eternamente escravos de nossos erros. Sempre é tempo de evoluir.