Resultado das manifestações da última quarta-feira, dia 19, criou tensão na organização do evento. Segundo cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, no momento, nenhuma manifestação é contra a Igreja.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Uma metrópole acuada pelo vandalismo aguarda 2 milhões de fiéis do mundo inteiro e um Papa que, pela primeira vez em décadas, dispensa até a blindagem do papamóvel.
A equação agita governo e autoridades de segurança do Rio de Janeiro, cidade que na segunda-feira recebe a Jornada Mundial da Juventude em estado de alerta.
Embora a sucessão de protestos já não seja novidade no Brasil, o resultado das manifestações da última quarta-feira derramou tensão sobre a organização do evento.
Saques e quebra-quebras se espalharam pela zona sul carioca, promovendo uma maratona de destruição com pedradas e bombas caseiras. Uma policial foi atingida nas costas por um coquetel molotov, dezenas de manifestantes acabaram feridos e, na manhã de ontem, mais de 500 paralelepípedos se amontoavam sobre as calçadas.
Após uma reunião de emergência com o governador Sérgio Cabral, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, garantiu à imprensa que a cidade está preparada para receber o papa Francisco – falou sobre o ostensivo aparato militar que tomará as ruas do Rio na próxima semana, mas reconheceu limitações na atuação policial.
“Estamos aprendendo nesse processo, mas não existe protocolo no mundo para atuar com turba,” avaliou Beltrame.
O contingente reforçado contará com 13,7 mil homens pelas ruas do Rio, entre militares, policiais e agentes da Força Nacional de Segurança. No Campus Fidei, onde 1,5 milhão de peregrinos são aguardados nos últimos dois dias da Jornada, as Forças Armadas montarão barreiras em um raio de quatro quilômetros do terreno, em Guaratiba, na zona oeste do Rio – a ideia é evitar qualquer princípio de protestos.
Igreja não tem sido alvo durante protestos
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Celso Amorim, foram ao Rio para discutir o tema com representantes do Vaticano. Caso a decisão de não usar blindagem seja mantida, os responsáveis pela segurança do Papa no Brasil buscarão alternativas ampliando o efetivo em torno do veículo. Em princípio, Francisco não deve arredar o pé da decisão, embora até a cúpula católica no país se mostre tensa em relação a possíveis protestos. O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, afirmou ontem que “no momento, nenhuma manifestação é contra a Igreja”, mas em seguida ponderou:
“As manifestações (como a ocorrida no Rio) aproveitam esse momento de grande visibilidade para apresentar as suas demandas. Pode haver alguma manifestação contra a Igreja? É possível, é possível.”
Contingente
– Um efetivo de 13 mil civis e militares será mobilizado no Rio de Janeiro
– 10,2 mil das Forças Armadas
– 7 mil do Exército
– 2,5 mil da Marinha
– 700 da Força Aérea
– 1,3 mil integrantes da Força Nacional de Segurança
– 1,7 mil policiais militares, civis e guardas municipais
– 10 helicópteros do Exército
– 380 viaturas do Exército
– No último dia 1,5 milhão de pessoas são esperadas em Guaratiba
– 7 mil homens das Forças Armadas se deslocarão para a região
– 400 deles estarão de terno, e não de uniforme, no altar do Papa onde a missa será rezada
Informações de ZH
FOTO: reprodução / Adriano Ishibashi / Agência O Globo