Dado Villa-Lobos faz primeira turnê em carreira solo pelo Rio Grande do Sul e relembra sucessos de uma das maiores bandas do rock nacional
Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? A resposta para as inquietantes indagações foi a melhor possível para Dado Villa-Lobos. Tudo aconteceu desde a década de 80 depois do ingresso na lendária banda do rock brasileiro. Mais de 25 anos depois, o guitarrista da Legião Urbana segue o legado de Renato Russo e chega ao Rio Grande do Sul para sua primeira turnê em carreira solo.
De passagem pelo Vale do Sinos, Villa-Lobos dedicou parte da intensa agenda para um bate-papo descontraído com o portal novohamburgo.org. O músico recebeu a redação no hotel em que esteve hospedado antes do show em Novo Hamburgo e sem muita cerimônia falou sobre a relação com Renato, como lida com a fama herdada da Legião, novos projetos e carreira solo. Uma breve conversa é capaz de desfazer mitos que permeiam sua história.
A maratona gaúcha começou na última quarta-feira, dia 08, em Caxias do Sul. Ontem, Dado esteve em Novo Hamburgo e hoje às 6 horas da manhã já pegava a estrada para tocar em Santa Maria. No sábado será a vez de São Leopoldo. Uma pausa para repor as energias e dia 15 de outubro Santo Ângelo recebe o artista. No dia seguinte o show é em Cruz Alta e a turnê dim de Cactus e os grandes Sucessos da Legião Urbana termina em Canela, dia 17.
Legião Urbana
É inevitável começar falando de Legião Urbana. “Faz parte da minha vida”. A afirmação de Dado Villa-Lobos é óbvia. Afinal, aos 17 anos ele assumia a guitarra da banda. O sucesso parece natural. Mas quem pensa que a trajetória foi tranqüila, se engana. Dado conheceu Renato e Marcelo Bonfá em Brasília por acaso, no distante 1983. “Éramos pessoas que se identificavam com uma mesma idéia e que se encontraram para fazer punk”, lembra o músico. A amizade foi conseqüência.
Renato Russo
Os boatos de desentendimentos entre Dado e Renato não têm fundamento na fala do guitarrista sobre o líder da Legião. “Mais do que um amigo, era um irmão”, conta Villa-Lobos, emocionado. Não há como deixar de lembrar também os últimos dias de Renato em convívio com a banda. É verdade que ele tinha personalidade forte, mas se não fosse pelos companheiros, talvez tivesse desistido antes. “Foi muito triste. Muito pesado. Agente sempre empurrava ele para o trabalho.”
Retomada
Os últimos discos da Legião Urbana foram produzidos por Dado Villa-Lobos. Renato não tinha mais forças e não queria ver alguém de fora convivendo com a banda nos estúdios. Dado conta que a experiência contribuiu para a superação da perda, anos mais tarde. “Foi muito difícil digerir, mas tive que virar a página e seguir em frente”. Ainda durante a Legião, fundou uma gravadora e acabou lançando bandas gaúchas de destaque como Ultramen e Comunidade Ninjitsu.
Projetos alternativos
“Sou um semi-analfabeto para escrever letras”. Quem houve essa frase nem imagina que possa ser de Dado Villa-Lobos. O talento para compor melodias acaba suprindo a falta de inspiração para as letras. Além de músicas para artistas renomados no cenário nacional como Paula Toller, com quem troca canções, ele faz também trilhas sonoras para filmes. Em 2006, foi premiado no Festival de Cinema de Gramado por Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim.
Carreira solo
Dado Villa-Lobos e o Jardim de Cactus ao Vivo é o primeiro trabalho solo. Lançado em 2006, uma parceria com o projeto MTV Apresenta. “Não consegui suportar a ‘pressão’ dos amigos”, confessa. “Foi muito loco. Saímos dos ensaios para a gravação. Não teve nenhum show antes”. Embora a carreira solo comece a ganhar espaço, Villa-Lobos admite que a expectativa dos fãs é relembrar os sucessos da Legião Urbana. Ele encerra, aliás, destacando que o mercado não é premissa para suas composições. “O primeiro alvo quando se compõe é você mesmo. Sempre fizemos música assim.”