Se fizessem esta pergunta, o que responderias? Esta pergunta seria muito fácil para mim. Teria uma resposta na ponta da língua: arte pra mim é a minha vida.
Há 25 anos vivo a arte diariamente. Trabalho rodeada por pequenos artistas, crianças que desempenham o seu papel na arte de modo prazeroso, expressando livremente os seus sentimentos através dela. Os momentos em contato com a arte são momentos de convivência com os sentimentos, com o desafio de criar, de deixar as crianças serem elas mesmas, de modo descontraído e único. Isto mesmo, momentos únicos.
Momentos em que a criança tem a liberdade para jogar a tinta no papel, de lambuzar os dedos,de deixar as mãos marrons com o barro, rabiscando à vontade com giz no chão. Rasgando, colando valiosas sucatas, usando seu corpo para dramatizar o cotidiano, jogando para longe o medo de errar. Crianças envolventes, tendo vontade de participar, de inventar, de experimentar.
A arte nos envolve, nos deixa seguros, protegidos, como se fosse um manto mágico. Um manto que nos torna pessoas relaxadas, confortáveis, amparadas. A arte é extremamente democrática, ela favorece o desenvolvimento da auto-expressão, ajudando a criança, adolescente, o adulto, a conquistarem o equilíbrio psíquico, o auto conhecimento, a auto estima. E como é bom ter auto estima sentindo-se bem consigo mesmo, sentir confiança, prazer em nossa companhia. E quantos estão deixando de lado a sua companhia para terem a companhia de seres inanimados?
Os meios de comunicação – ou seriam meios de distração? – muitas vezes terminam com as experiências com a arte. Quantas vezes crianças são esquecidas na frente da televisão ou de um computador? Tornou-se fácil, crianças quietas e limpas, com uma “babá” que as mantém distraídas. E lá se vai a companhia de seres que interagem fisicamente.
A criança – e porque não dizer também os adultos – precisam urgentemente se libertar. Precisamos da convivência da família, amigos, de nós mesmos. Precisamos tocar, sentir, sujar. Precisamos da experiência com a arte. Necessitamos do desafio da arte. Do desafio de criar, tomar iniciativa, de termos a nossa visão das coisas. De escolher, de sermos flexíveis.
E, caso você queira contribuir em favor da arte, lembre-se que, o melhor seria interferir o mínimo possível no desenvolvimento natural das crianças. Deixá-las livres fazendo com que surja a originalidade de cada um, sem inibições.
E o caminho para a liberdade, espontaneidade, está ao alcance de todos. Basta fazer arte. Pois a arte é uma benção!