Por Rodrigo Teixeira
Grupo ¨O Choro é Livre ¨ traz para a cidade de colonização alemã a alma da música popular e instrumental tupiniquim
O Choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero musical com raízes brasileiras, com mais de 130 anos de existência. Apesar do nome, que a primeira vista pode lembrar tristeza, é um ritmo agitado e alegre, caracterizado pelo virtuosismo e improviso dos participantes, chamados de chorões.
O chorinho é considerado pelos especialistas e historiadores de música, a primeira música popular brasileira urbana, e surgiu no Rio de Janeiro, como uma forma ¨abrasileirada ¨ de executar ritmos vindos da Europa. O choro teve grandes mestres na sua história, como Chiquinha Gonzaga, Joaquim Calado e Pixinguinha, e tem ainda hoje sua maior vivência na região sudeste do Brasil, onde há uma grande concentração de colonizadores portugueses e africanos. Mas essa realidade está mudando, aqui em Novo Hamburgo, uma cidade de colonização alemã.
Os chorões de Nóia
Ritmo muito difundido no Rio de Janeiro e São Paulo, um grupo de choro em uma cidade colonizada por imigrantes alemães, como Novo Hamburgo, causa surpresa. Mas isso não é problema para os integrantes do grupo ¨O Choro é Livre¨, criado no final de 2006, com a união de diversos músicos de todas as tendências, desde o nativismo rio-grandense, passando pelo rock e samba.
Para o vocalista do grupo, Alvanir Hoffmann, esse estranhamento inicial pelo choro, logo passa, a medida que o grupo se apresenta, ¨ embora estejamos numa região onde o choro não é tão difundido, quando somos chamados e nos apresentamos a repercussão sempre é positiva. Talvez o que falta para a região, para qualquer expressão da cultura, é um incentivo maior¨.
Com pouco mais de um ano de estrada, o grupo faz em suas apresentações um resgate dos grandes sucessos do chorinho, compostos pelos mestres dos séculos passados. Mas composições próprias não são esquecidas, e brotam das mentes dos chorões hamburguenses, ¨ nossas músicas nascem de uma maneira bem individual e íntima, depois repassamos para o grande grupo, e a inspiração conjunta rende resultados¨, diz Hoffmann.
E como música é algo que está no sangue, os músicos definem de uma maneira bem simples a união de palco e sintonia musical. ¨ No grupo temos uma relação de companheirismo muito forte, e isso se traduz no trabalho que viemos desenvolvendo, desde a composição de um novo arranjo até o momento que a gente expressa no palco o
que cada um sente. Durante o show somos um monte de sentimentos diferentes
que levam uma mesma mensagem¨, diz o vocalista.
E para quem ficou curioso para conhecer os percussores do chorinho em terras de imigrantes alemães, o ¨O Choro é Livre ¨, vai participar das comemorações dos 81 anos de Novo Hamburgo, no dia 6 de abril, tocando ao lado da Orquestra de Sopros da cidade, na praça do Imigrante, a partir das 20h30min. ¨ Nada mais reconhecedor do que tocar num espaço público e em uma data tão importante para a cidade. Além do fato de podermos levar a nossa música para as pessoas de Novo Hamburgo¨, finaliza.