Seguido me pego pensando no quanto era bom ser criança e dormir apenas com a preocupação de saber com qual brinquedo iria me divertir no recreio do dia seguinte. Do quanto era bom ser pré-adolescente e se empenhar em ter as fitas cassete dos astros do momento. Do quanto era bom ser adolescente e só temer as provas de química. Do quanto era bom não ter tantas preocupações como as quais tenho hoje.
Ao mesmo tempo fico me perguntando se teria a mesma vontade de ser pequena e indefesa, aprender tudo novamente sobre certo e errado e ter a mesma curiosidade de desvendar os por quês da vida aos seis anos de idade. Se iria conseguir enfrentar a puberdade aos 12 anos e ficar horas decorando letras e coreografias de músicas para não pagar mico na escola. Se teria forças para encarar tantas decepções amorosas e as milhares de espinhas que surgem no auge dos seus 15 anos.
Por mais que tenhamos motivos para reclamar da nossa atual idade e dos fardos que temos que carregar atualmente, basta olharmos para trás e ver o quanto já caminhamos e enfrentamos medos, barreiras e tristezas. Pense no quantos “nãos” você escutou de pais, dos vários “adeus” que teve de dar para a pessoa que julgava ser o amor da nossa vida, das diversas limitações que descobriu ter.
Tudo isso já foi superado. Hoje lidamos com o “não” de pessoas estranhas e isso dói bem menos do que escutar um “não” da sua mãe. Hoje damos “adeus” com maturidade e já estamos mais cautelosos em relação ao amor, o sentimento de perda não é mais novidade. As limitações, de alguma forma, foram sendo trabalhadas com o passar dos anos.
Vendo por esse ângulo as piores coisas já foram enfrentadas, então o que temer? Assim como existem os heróis e heroínas no cinema e nas histórias em quadrinhos, somos Super-Homens e Mulheres Maravilhas do cotidiano, enfrentando a cada novo amanhecer os desafios que a vida impõe. Então, “ao infinito e além”.