Para especialistas, o compromisso com a alfabetização é importante, mas a idade estipulada para que esse processo se concretize é questionada.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
O Ministério da Educação – MEC, lança, no próximo mês, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, estabelecendo que todos os estudantes devem estar alfabetizados ao fim do 3º ano do ensino fundamental, aos oito anos de idade.
É o que prevê também a 5ª meta do Plano Nacional de Educação – PNE, em tramitação no Congresso. No país todo, 5.182 municípios (93,2%) aderiram ao pacto e receberão material didático e cursos de formação docente. Para especialistas, o compromisso com a alfabetização é importante, mas a idade estipulada para que esse processo se concretize é questionada.
“Oito anos é muito tarde. O país já paga muito caro pelo histórico de falta de atenção à educação. Então, se a ideia é mudar isso, temos de centrar esforços e apostar em metas mais ousadas”, afirma Izolda Cela de Arruda Coelho, secretária de Educação do Ceará.
Segundo o neurocientista Ivan Izquierdo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, a alfabetização tardia é uma questão cultural e mudar esse paradigma exige que as políticas públicas considerem, além do olhar dos pedagogos, a visão de outros cientistas. O presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araujo e Oliveira, explica que seis anos é a idade de alfabetização na maior parte dos países que têm um idioma com complexidade similar à oferecida pela língua portuguesa.
Apesar da capacidade neurológica das crianças, trabalhar com idade limite inferior aos oito anos é utopia, considera Priscila Fonseca da Cruz, diretora executiva da ONG Todos pela Educação. Ela lembra que a Prova ABC, aplicada a cerca de 6.000 alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do país, mostrou que só metade dos estudantes estava plenamente alfabetizada aos oito anos.
Informações de Veja
FOTO: reprodução / Agência Brasil