Sempre em duplas, esses jovens conhecidos como mórmons circulam pela cidade. Conversamos com dois deles para conhecer o seu trabalho. Confira!
Eles são conhecidos como os mórmons. Costumam andar sempre em dupla e são jovens “missionários” da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. É comum notar suas presenças pela cidade, sempre vestidos elegantemente, de gravatas, e portando um crachá onde se lê sempre: Elder – mais o Sobrenome. Mas todos são Elder.
Os jovens missionários estão sempre em deslocamento pelas ruas dos municípios. A gente costuma esbarrar com eles de tempos em tempos e percebe-se que vão sempre para algum lugar que não sabemos direito para onde, estão normalmente com um mapa em punho, uma mochila nas costas, e são verdadeiros turistas conhecendo o nosso universo, por conta própria.
Nesta semana a reportagem do novohamburgo.org encontrou dois deles na saída de um hipermercado local e agendou um horário para uma entrevista. Um deles forneceu o telefone e disse que ficava agendado para o dia seguinte e que teria que ser antes das 9h ou após as 21h. Ficamos intrigados com a definição do horário, mas, fomos em frente.
No dia combinado ligamos por volta das 8h e o jovem mórmon Elder Leite, 20, natural de São José dos Campos/SP, nos comunicou que morava com seu colega num apartamento locado, no Centro de Novo Hamburgo, mas que aceitaria fazer a entrevista no mesmo hipermercado onde ocorrerá o primeiro encontro. Assim foi feito.
Conforme Leite, sua história como missionário começa por volta de 1995, quando a família dele que era católica foi convidada a participar da Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e foi batizado nas águas. “Mórmons são todos os integrantes da igreja”, destaca. Para ser um missionário é preciso ter entre 19 e 26 anos, ser solteiro e não ter filhos. Antes de atender o chamado do “profeta” a família precisa iniciar uma poupança que possa manter o jovem em missão por dois anos em um local a ser indicado pela congregação.
Antes de sair em “peregrinação” de dois anos longe da família, os missionários que irão percorrer as cidades brasileiras, precisarão obrigatoriamente passar pelo Centro de Treinamento de Missionários – CTM, na Casa Verde, em São Paulo/ Capital. Os brasileiros permanecem no local por 19 dias. Já os americanos ou demais estrangeiros ficam 60 dias para ter tempo de aprender o básico da língua portuguesa.
Eller, por exemplo, é um Californiano de 19 anos que só tinha saído uma vez de sua terra natal para ir a Alemanha e desta vez foi enviado ao Brasil onde está há apenas três meses. Só vai voltar para casa após dois anos. Até lá não poderá de jeito nenhum ir visitar os familiares. Os dois primeiros meses ele permaneceu no CTM em São Paulo e há 30 dias está em Novo Hamburgo. Já Leite começou sua missão há um ano e oito meses, por Caxias do Sul. “Faltam 60 dias para voltar para casa e poder abraçar meus familiares”, conta com ansiedade o jovem.
Leite explica que ele chegou a colocar em sua ficha de inscrição na CTM que gostaria de aprender uma outra língua indicando que tinha o sonho de ser enviado aos Estados Unidos. Foi mandado para o Rio Grande do Sul. Disse que é assim que funciona em todo o mundo. “A gente permanece de três a seis meses em uma cidade e depois é transferido e desta forma ocorrem as trocas constantes de parceiros durante os dois anos de missão”, explica.
Ele explica que no Rio Grande do Sul quem define o roteiro dos missionários, desde Erechim até Porto Alegre é o profeta da igreja, o líder da missão Porto Alegre Norte, Elder Wisenant.
Contam que existe toda uma rotina de vida na casa deles. Levantam sempre às 6h30min. Existe um tempo pela manhã para leitura da palavra divina. Após às 9h deixam a residência para fazer visitas e conversar com as pessoas e “levar a palavra divina” . “Realizamos trabalhos voluntários como ajudar a pintar casas e cortar grama e uma série de atividades solicitadas pelas pessoas”,contam.
Existe uma disciplina que também foi combinada previamente com relação ao contato dos missionários com os familiares deles. “Telefonar para a família somente no dia das mães ou no natal e, usar o e-mail ou enviar uma carta uma vez por semana”. Ainda temos uma outra regra: um dia por semana a gente fica livre para limpar a casa, cuidar das nossas roupas e outros pertences, fazer as compras e outras atividades fundamentais para encaminhar a vida longe da família”, destacam.
Os dois jovens indicaram que as pessoas podem conhecer um pouco mais o trabalho deles indo visitar a “Estaca” da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que fica situada na rua Julio Aichinger, 80, no Centro de Novo Hamburgo. Fizeram suas despedidas. Disseram que iriam dar continuidade a sua missão de visitar e “ajudar” a comunidade de Novo Hamburgo.
O Templo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Porto Alegre.