Psiquiatra afirma que há muitos distúrbios que, se tratados precocemente, podem evitar indivíduos anti-sociais e psicopatas.
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Caso Wellington Menezes de Oliveira tivesse sido avaliado na infância e recebido tratamento adequado, a tragédia na escola Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, poderia ter sido evitada.
A afirmação é do psiquiatra Timothy Brewerton, especialista em infância e adolescência e estudioso de casos de tiroteios em escolas, como a de Columbine, nos Estados Unidos, onde dois estudantes mataram 13 colegas em 1999, deixando 21 feridos.
Timothy Brewerton está no Brasil com mais sete psiquiatras e um psicólogo, todos norte-americanos, para conhecer o trabalho de algumas instituições que desenvolvem serviços para a infância e adolescência. Ele deu uma palestra para estudantes do curso de psiquiatria infantil da Santa Casa da Misericórdia, no centro do Rio de Janeiro.
“Há muitos distúrbios mentais associados à violência que podem ser identificados precocemente e, se tratados, é possível, sim, evitar que esse indivíduo se transforme num futuro anti-social ou psicopata”. Por isso, segundo ele, o papel do Estado é vital, oferecendo um programa educacional e de saúde voltado para a pré-escola.
O médico explicou que a maioria das doenças mentais se desenvolve na infância e na adolescência. “E este é o momento de intervir, pois faz uma enorme diferença e pode determinar o futuro dessa criança ou adolescente”.
“Bullying deve
ser reprimido”
Brewerton disse que embora o bullying (agressões entre alunos) esteja associado a 75% dos casos de ataques a escolas, este não é o fator determinante, mas, sim, o fato de que todos os atiradores que sofreram bullying apresentavam transtornos mentais. O psiquiatra alertou, no entanto, que a prática de bullying é responsável por muitos problemas de saúde mental e deve ser reprimida.
“A maioria das escolas americanas fecham os olhos para esse tipo de problema e algumas culpam mesmo a criança que sofre o bullying. Quando há uma briga, as duas crianças são suspensas ou punidas. A violência nas escolas é um problema de saúde pública e é preciso enfrentar isso com mais seriedade”.
Ele informou que dados da Associação Nacional de Educação dos Estados Unidos mostram que 160 mil crianças faltam aula diariamente por medo de ataques ou intimidações.
Números
O psiquiatra mostrou que entre 1966 e 2011 ocorreram 66 incidentes envolvendo atiradores em escolas. Deste total, 70% foram nos EUA (46) e 76% (57) cometidos por adolescentes. “Não existe um perfil. É impossível criar um estereótipo de um possível atirador. Mas posso garantir que a assistência de saúde mental evita todos os dias um ato violento na sociedade”.
O fácil acesso a armas para ele é decisivo no alto número de ataques a escolas em seu país, e não deve ser ignorado, embora as autoridades norte-americanas se recusem a discutir o assunto. “Em 2009, um em cada dez jovens levou uma arma para a escola”, lamentou o médico. “E 58% dos casos de expulsão nas escolas foram por porte de arma, sendo 17% por arma de fogo”.
No entanto, segundo o médico, é importante enfatizar que apenas 1% das mortes de crianças ocorre nas escolas, que ainda são um dos locais mais seguros do mundo.
Informações de Agência Brasil
FOTO: reprodução / Exame