O humorista João Carlos Fortes, o João Kuiudo, fala sobre sua carreira e as novidades para 2007 em entrevista ao portal novohamburgo.org
Enquanto testava o som para a primeira noite de apresentações no Festival de Férias, no Centro Municipal de Cultura de Novo Hamburgo, o humorista João Carlos Forte, o João Kuiudo, conversou exclusivamente com o portal novohamburgo.org.
Na entrevista, ele fala sobre o início de sua carreira no humor, dos 15 anos renovando seu personagem João Kuiudo e suas expectativas para 2007.
João Kuiudo também falou sobre o lançamento de seu sétimo DV, que deve chegar às lojas gaúchas em março e que já vendeu três mil cópias em 30 dias.
novohamburgo.org – Kuiudo, o que tu fazias antes de trabalhar com humor?
João Kuiudo – Bueno, eu acredito que o humor seja inerente à pessoa. Desde os 8, 9 anos, sempre brinquei com esquetes humorísticas no colégio, contava piadas em viagens, procurando fazer o melhor pra agradar as pessoas. Quando via que riam de um tipo que eu fazia, eu insistia, melhorava aquela coisa toda.
Mas eu fiz várias coisas. Pra ser sincero, trabalhei em mais de 20 empregos, buscando uma adaptação, até os 21 anos mais ou menos. Fui funcionário do Banco do Brasil, entrei no rádio – sou narrador esportivo -, fiz programa de polícia, daqueles bombásticos, sou jornalista por formação, e depois de fazer uma grande temporada, migrando de um emprego pro outro, às vezes trabalhando em três empregos ao mesmo tempo, caímos na graça do humor profissional.
Uma produtora resolveu apostar no nosso trabalho e produzimos o primeiro espetáculo. Eu tinha uma banda que se chamava João Kuiudo e Grupo Rebordose, há 15 anos atrás.
novohamburgo.org – Então já iniciastes a carreira artística com esse personagem?
João Kuiudo – Já. O produtor queria por ele ser de Porto Alegre, um personagem gaúcho de impacto. Na época, estava no auge o João Cadela e o grupo Canil. Eu disse “cadela Deus me livre, né”, vamos botar um nome de impacto. Eu tinha transmitido recentemente a Coxilha Nativista de Cruz Alta e havia sido a mais popular do festival a música Retrato do João Kuiudo, então fui batizado com essa música. Meu padrinho de batismo chama-se Luís Marenco, hoje um dos grandes nomes do nativismo gaúcho, e o João Kuiudo foi criando espaços e trabalhando no Brasil inteiro.
novohamburgo.org – Como é renovar esse personagem há tanto tempo?
João Kuiudo – É uma coisa interessante. Porque eu me preocupo muito em sempre deixar uma janela aberta pra as coisas que acontecem. Eu assisto muita televisão, acesso à internet diariamente, leio tudo que passa na minha mão, até bula de remédio nós decoramos pra pegar coisas novas.
Então a gente abre uma janela dentro do espetáculo pra dar uma atualizada. As piadas procuramos construir de maneira que não fique aquela coisa comum, vulgar, que você abre um almanaque e ela está lá igual. Pra que ela chegue ao teatro e tenha uma novidade pra ouvir.
novohamburgo.org – O Solto das Patas já está em cartaz há quatro anos, quais as novidades que ele traz ao público?
João Kuiudo – Em torno de quatro anos mesmo. Mas quem assistiu o primeiro espetáculo não vai ver o mesmo agora. Ele está basicamente com o mesmo nome, mas renovou tudo. Entrou seleção, seleção afundou e já tiramos de dentro do show. Aí era campanha política, saiu a campanha entrou o Lula pós-campanha. Então, têm uma série de inovações que vamos fazendo a cada semana. Eu vejo às vezes os DVDs antigos e eu mesmo já não reconheço o espetáculo. Ele continua com a mesma base, mas cheio de modificações.
novohamburgo.org – Divulgou-se que neste show não haveria palavrões. Nos outros havia?
João Kuiudo – Não, nunca teve. Eu gosto de frisar isso porque a gente sempre teve uma grande preocupação com a família. Eu sempre fui bem família, e não gostaria, por exemplo, de estarem escutando um CD meu numa festa, num churrasco de domingo e alguém dizer “desliga essa porcaria, porque tem criança aqui”. Pra mim, não serve isso.
Por isso, essa preocupação, tanto na linha de show quanto na gravação dos CDs. Porque os CDs caem direto na mão das crianças. A minha preocupação é tanta que eu cheguei a desenvolver uma revista infantil chamada “A aventura do Kuiudinho”, pra dar uma resposta às crianças que gostam do personagem.
novohamburgo.org – Qual a circulação dessa revista?
João Kuiudo – Isso foi apenas um ensaio. Foram três revistas que largaram, há uns quatro anos atrás. E vendeu em torno de 20.000 exemplares cada um. Já fiz alguns especiais pras crianças em alguns municípios a pedido das prefeituras e instituições. Ela é uma revista politicamente correta, trata do meio ambiente, boa educação das crianças, usando o personagem.
novohamburgo.org – E o teu sétimo CD sai agora em março?
João Kuiudo – Sai em março aqui no RS, mas já tenho ele na bagagem e está bem vendido. Em 30 dias, vendeu mais de 3.000 cópias, isto que nós trabalhamos independente, sem distribuidora. São amigos, conhecidos, alguns pontos de venda. Eu tenho feito isso, ocupado espaços no Mato Grosso. Morei cinco anos em Cuiabá e lá cima, em Rondônia, Goiás, Tocantins, fazemos a logística por telefone, internet e despachamos pelos ônibus.
novohamburgo.org – Quais são as novidades para 2007?
João Kuiudo – Em 2007 estamos vindo com vontade agora pro Rio Grande do Sul. Vamos fazer uma varredura nesse Rio Grande, junto com a Holmes Eventos. Estamos dispostos a ir a todos os lugares para que o pessoal conheça o João Kuiudo, porque eu fui um caso inusitado. Por ser um personagem gaúcho, eu saí daqui e fui primeiro fazer sucesso em São Paulo, Rio e Norte do Brasil pra depois vir pro Rio Grande do Sul. Então agora que eu comecei a conhecer o Rio Grande.
novohamburgo.org – Já te apresentastes em Novo Hamburgo. O que achas do público da cidade?
João Kuiudo – Sim, no ano passado estive aqui, e o público é ótimo. Eu vim pra este Festival de Férias acreditando que vai dar um bom público, de boa qualidade como sempre teve. Porque o importante não é só ter bastante gente. Eu trabalhei em rodeios lá no norte, para públicos de 15, 20 mil pessoas, e por ser um público muito grande, não tem qualidade. Pra apreciar a arte do humor tem que ter concentração, tem que gostar daquilo que está vendo.
Mas aqui sempre nos demos muito bem e acredito que vamos continuar nos dando bem, não só em Novo Hamburgo, como em Porto Alegre. Já fizemos alguma coisa no teatro do Novo DC, e esperamos fazer isso no Rio Grande todo.
A Holmes já definiu turnês a partir de 15 de março e aí vamos até dezembro com apresentações de quinta a domingo, com shows nos teatros tanto aqui quanto em Santa Catarina e alguma coisa do Paraná também.