![Doutores da alegria pernetas 1 Doutores da alegria pernetas](http://novohamburgo.org/colunistas/comportamento/img/w-0104-alegria.jpg)
Cada vez mais eu me convenço de que colocar humor na vida alivia em muito o peso de determinadas situações. Recentemente soube de um grupo conhecido como os “doutores da alegria”. São pessoas comuns que vão aos hospitais para alegrar quem está internado. O detalhe é que este novo grupo chama-se “doutores da alegria pernetas”. Obviamente porque os integrantes não têm uma perna ou até mesmo não têm as duas.
Um dos integrantes e idealizadores do grupo, que perdeu as duas pernas num acidente de parapente, escreveu uma carta para um amigo e disse: “venha ver o que andamos aprontando por aqui. Melhor dizendo, o que aprontamos mesmo sem andar.” E continuou escrevendo, dizendo: “o único problema é que o “fulano” sempre levanta com o pé esquerdo. Até por que ele não tem o direito. He,he,he”
Lembrei também da história de um paciente que estava numa sessão de quimioterapia e precisava da ajuda da enfermeira para urinar na tal de “comadre”. A enfermeira novata foi pegar, com toda a delicadeza e meio constrangida, o pênis do paciente. Quando ela estava bem próxima, já com os dedos em pinça, concentrada e nervosa, o paciente gritou bem alto: “BUUUU”! A enfermeira levou aquele susto e saltou para trás. Todos riram muito e então o paciente complementou: “calma minha filha, este daí (referindo-se ao próprio pênis) já morreu antes de mim”. Humor negro à parte, ele conseguiu algo inédito para aquela cena difícil para todos. Ele proporcionou uma leveza e uma descontração que fez com que aquela equipe de saúde nunca mais fosse a mesma.
Certamente a cada momento de dor e adversidade teremos dois caminhos: tornar-nos amargurados e prejudicados para todo sempre ou ressurgirmos mais fortes e muito melhores do que já fomos. As pessoas mais capazes são aquelas mais flexíveis aos dissabores da vida.
Quanto mais teimosos e rígidos, mais difícil a adaptação às novas realidades. Pessoas com poder de superação tomam a decisão de superarem-se e se superaram. Recusam-se a serem fracassados. Aceitam o fracasso momentâneo, mas não o eterno. Reconhecem a adversidade, mas buscam soluções para ela.
Minha mãe sempre usa o termo “cair do cavalo”. Bem, cair do cavalo todo mundo em certo momento da vida pode cair. Mas encilhá-lo e subir novamente, poucos conseguem. A cultura dos “coitadinhos” tem contaminado muita gente por aí. E o pior de tudo é que os coitadinhos não causam nada além de pena.
E é triste perceber que você é digno de pena. Eu sempre me neguei a este papel. Prefiro ser da turma dos doutores pernetas, do paciente humorista, daqueles que, volta e meia, caem do cavalo, mas não tardam a subir novamente. E você? A qual dos dois grupos pertence?