Tipo de luz emitida por esses dispositivos é especialmente danosa à indução natural na hora de dormir. Segundo ela, há sensores na retina dos olhos que, quando expostos à luz, bloqueiam a liberação do hormônio.
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Más notícias para os viciados em Facebook e outras formas de entretenimento digital. Passar muito tempo olhando para a tela de seu smartphone ou tablet durante a noite pode prejudicar o sono e, consequentemente, a sua saúde. O alerta é do especialista Charles Czeisler, da Faculdade de Medicina de Harvard, em um artigo publicado na edição desta quinta-feira, dia 23, da revista inglesa Nature.
O tipo de luz emitida por esses dispositivos, segundo Czeisler, é especialmente prejudicial à indução natural do sono, associada aos chamados ciclos circadianos. E em um mundo em que as pessoas já dormem tradicionalmente pouco, e mal, isso pode ser um problema sério para a saúde.
Sono é essencial
Várias pesquisas publicadas nos últimos anos revelam uma forte ligação entre privação de sono e a ocorrência de doenças como obesidade, diabete, problemas cardiovasculares, enfraquecimento do sistema imunológico e até câncer.
“O sono é essencial para a nossa saúde física e mental. Por isso, é vital que aprendamos mais sobre o impacto do consumo de luz e outras formas pelas quais nosso “modo de vida 24 horas” afeta o sono, os ritmos circadianos e a saúde,” afirma Czeisler.
O “relógio biológico” do organismo é naturalmente controlado pela exposição à luz. Quando a única fonte de luz era o sol, esse controle era simples: ou era dia ou era noite. Desde que a luz elétrica foi inventada, porém, criou-se uma área cinzenta — ou de penumbra — cada vez maior entre esses dois períodos, que desregula toda a fisiologia do organismo associada aos estados de alerta e sono.
“A exposição à luminosidade no período da noite interfere na liberação de melatonina, que é o hormônio que faz a gente ter vontade de dormir,” diz a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo ela, há sensores na retina dos olhos que, quando expostos à luz, bloqueiam a liberação do hormônio.
“O resultado é que muita gente continua checando e-mails, fazendo lição de casa ou vendo TV até tarde sem nem se dar conta de que já está no meio da noite,” diz Czeisler na Nature.
O fator complicador dos tablets, smartphones, laptops e outros gadgets luminosos, segundo ele, é que a luz do tipo LED usada para iluminar suas telas é rica em radiação azul (de menor comprimento de onda), que interfere muito mais nos ciclos circadianos do que a radiação vermelha ou laranja (de maior comprimento de onda), que prevalece nas lâmpadas incandescentes e na luz natural do entardecer — que inicia a liberação de melatonina.
Informações de Zero Hora
FOTO: reprodução / BBC