As pessoas que dizem que deveriam estar fora de si quando tiveram um caso, podem estar certas. Tenho percebido, e também está na literatura, que uma pessoa deprimida pode ficar indefesa frente a um salvador que tenta tudo, até sexo, na tentativa de ser útil quando vê alguém triste. Também temos as pessoas que, durante episódios maníacos, podem ter “grandiosos” romances, escolhendo parceiros que podem ser assustadoramente inadequados.
Quem vem como “salvador” fica lisonjeado com o desespero e conseqüente dependência do outro. E a pessoa deprimida se vê não com vontade, mas necessidade do outro. Estes episódios de pirar e contar com a “bondade” sexual de outro pode ocorrer com freqüência e parecer férias aventureiras e não um ataque impensado de incompetência para resolver algum problema.
A pessoa que está carente, solitária, isolada, pode precisar é de um sorriso, um elogio, um abraço, e o salvador vem oferecendo isso através do sexo. A pessoa quer o aconchego, ganha sexo e confunde ambas.
Em dias ruins, é preciso de amigos, se sentir perto de alguém que nos ame e isso pode ser facilmente confundido com desejo de transar, e sei que discrimina-se e raciocina-se pior quando se está em dias ruins.
Quando um adúltero amador fica assustado com uma infidelidade “acidental” e chega a conclusão que estava fora do juízo perfeito, então tudo está bem. A pessoa refletirá sobre o que aconteceu e poderá se enriquecer com a experiência.
Porém, se a pessoa pensa estar apaixonada, é previsto desastre à frente. Pior se o adúltero pensa: “Eu devo ser infeliz” no casamento, ou em minha vida e isso que estou tendo é maravilhoso. Todo o caso tem “cara” de ser maravilhoso até que se torna real, com todas as conseqüências dolorosas.
Muitos casos não são outra coisa do que “tampa buracos”, só que buracos de alma não são curados desta forma. Cedo ou tarde, a fome de afeto se torna pior uma vez que o que a pessoa quer, não ganha. Quer amor, ganha sexo. Começa a cobrar a se desesperar, a não se sentir amada de novo, a cobrar, não receber e fica duas vezes pior.
O infiel, neste caso, geralmente as mulheres, sofrem porque esperavam que este príncipe fizesse tudo por ela, logo ele mostra que o tudo é sexo. Ela nega, não só pensa, precisa acreditar que é amada, e muitas vezes está é envolvida com um namorador. A palavra namorador tem um significado muito curioso, quer dizer: “um amante do homem”, “amante do sexo masculino”, ou seja, ele não é capaz de amar ninguém a não ser a si próprio.
Algumas pessoas procuram amantes como quem procura terapia. São ouvidos, ganham colo, reforçam suas estimas, mas não mudam nada. As pessoas geralmente têm amantes para se afirmar que a culpa das infelicidades não são delas. E terapeutas, pelo menos os bons, precisam dar más notícias.
Não se pode tratar os impulsos sexuais como prioridade sobre o resto da realidade, isso gera invariavelmente mais decepção, mais depressão, insatisfação: o “buraco” só aumenta.