Um homem foi preso após ser linchado por moradores do bairro Primavera, em Novo Hamburgo. Os vizinhos o agrediram depois que a filha da companheira dele, de sete anos, revelou que era abusada sexualmente pelo padrasto.
De acordo com a delegada Raquel Peixoto, da Delegacia da Mulher de Novo Hamburgo, a menina foi passar o último final de semana na casa da avó paterna e contou que era abusada pelo padrasto. A avó, então, pediu para a neta relatar a situação para a mãe. Na segunda-feira (15), ao ficar sabendo, a mulher, de 23 anos, foi tirar satisfações do companheiro, de 42.
Contrariado, o homem fez ameaças e agrediu a companheira com socos e pontapés, segundo a delegada. Após a briga, ela procurou a delegacia para relatar os abusos contra a filha e as agressões contra ela. A história, então, se espalhou pelo bairro onde eles moravam.
Na tarde de terça-feira, 16 de fevereiro, vizinhos foram até a residência e lincharam o homem. Pelo menos quatro pessoas participaram das agressões. A casa também foi apedrejada e danificada. Ferido, ele precisou de atendimento médico. “Ele passou parte da tarde e da noite no hospistal, pois ficou bem machucado. Quando foi liberado, já tínhamos a ordem de prisão preventiva expedida contra ele”, conta a delegada Raquel.
Ele confessou o crime, mas colocou a culpa na criança. “Ele disse que ela ia para o colo dele, que isso acabava o excitando e que ele não tinha culpa”, revela a delegada. A menina passou por exame de corpo de delito, que confirmou os abusos, que ocorriam há cerca de cinco meses – mesmo tempo da relação dele com a mãe da menor.
Os abusos ocorriam sempre na parte da manhã, quando a mãe saía para trabalhar. Segundo a delegada, ele ameaçava muito a criança, que tinha medo. O homem dizia que, se a menina contasse algo para a mãe, ele diria para ela que a criança batia na irmã menor, de quatro anos.
Ele está preso no Presídio Central, em Porto Alegre, em uma cela separada para evitar novas agressões. “Os presos não costumam perdoar este tipo de delito”, explica a delegada Raquel. O homem não tinha antecedentes criminais e vai responder por estupro de vulnerável. Quanto ao linchamento, a delegada conta que ele preferiu não registrar ocorrência contra os agressores.
A mãe, a criança e a irmã menor tiveram que deixar a cidade de Novo Hamburgo porque a família do homem fez ameaças a elas. A menina abusada pelo padrasto já está recebendo acompanhamento psicológico.
A delegada Raquel Peixoto diz que casos de menores abusados sexualmente não são incomuns na cidade do Vale do Sinos. “Infelizmente, é muito comum. Temos muitas vítimas crianças e adolescentes, de ambos os sexos. As mães devem orientar seus filhos de forma aberta. Conversar e dizer que carinho é diferente de carícia sexual”, alerta.
Foto: Divulgação/Polícia Civil