Parceria entre a Susepe e a empresa MicroFormas Indústria e Comércio de Peças e Artefatos Plásticos foi assinada, nessa semana, como um Protocolo de Ação Conjunta (PAC) Excepcional, que possibilita o início de um trabalho de fabricação por apenados monitorados pela tornozeleira eletrônica e ex-detentos. A empresa está abrindo 60 novas vagas de trabalho para outros presos do Instituto Penal de Novo Hamburgo (IPNH).
O produto é um suporte para instalação de fibra óptica, que serve para manter os cabos de telefonia esticados. Eles funcionam como guias de passagem, auxiliando a evitar a perda de sinal dos provedores de internet.
A empresa já emprega cinco ex-detentos e cinco monitorados pela tornozeleira eletrônica. No entanto, outros cinco já iniciaram a triagem e mais 30 devem começam o processo nesta semana. Eles vão trabalhar oito horas diárias, de segunda a sexta-feira, recebendo 75% do salário mínimo nacional (cerca de R$ 700). Além disso, ganham equipamentos de proteção individual (EPIs) e o direito à remição: a cada três dias de trabalho, diminui um da pena.
O empresário Claudio De Zozi, 47 anos, é quem oferece a oportunidade. Ele gerencia o Grupo Micro, que possui 25 anos de mercado e abriga outras três empresas: MicroTelecom, MicroTelefonia e MicroSoluções. Além dos suportes para instalação de fibra óptica, o grupo fabrica outras peças para empresas de telefonia, como plaquetas de identificação e caixas de atendimento. Eles importam as peças para todo o país e também possuem uma linha de produção de formas plásticas para pisos de concreto.
O empresário esclarece que cerca de 40% dos materiais utilizados na produção são de plástico reciclado. Ou seja, além de contribuir com a inserção social de detentos e ex-detentos, com uma oportunidade de especialização e trabalho, a empresa também contribui para o ambiente, produzindo de forma sustentável.
A vice-administradora do IPNH, a agente penitenciária e psicóloga Caren Gutheil Dias frisa a importância da recolocação do preso no mercado de trabalho. “O preso cresce como pessoa e como indivíduo, pois recebe a remição e pode auxiliar no sustento da família”, afirma. Segundo Caren, quando não há um suporte, o apenado pode acabar voltando para o crime. “Nosso papel é sempre buscar parcerias para ocupações lícitas”, acrescenta.
Para De Zozi, a maioria dos empresários ainda tem preconceito. “O crime não importa pra nós. Se a psicóloga diz que ele está apto para trabalhar, ok”, diz. O empresário relata que a fiscalização é frequente e que as admissões são feitas de forma gradual. “É preciso tempo para conversar com os que estão chegando, um a um, e explicar como funciona a empresa e as regras”, explica.
A ideia de empregar mais apenados surgiu há cerca de cinco anos, quando decidiu dar oportunidade a um preso do IPNH. Ele acabou ganhando liberdade e mudou de cidade. Após sair, contou ao antigo patrão que havia usado a rescisão para reformar a casa onde morava e buscar emprego na nova localidade.
O fato foi tão positivo, que Claudio quis abrir as portas para outras pessoas privadas de liberdade. “Cumpro com a obrigação social, mas também me favoreço com a mão de obra deles. Vejo eles comprando coisas com o que ganham no trabalho e planejando o futuro, conclui.
Para os interessados nesta parceria o contato é o setor de Trabalho Prisional do Departamento de Tratamento Penal da Susepe pelo telefone 51 3288.7304 ou pelo e-mail [email protected].
Foto: Caroline Paiva/Susepe
Imprensa Susepe