Esqueça o que já ouviu em alguma aula de orientação sexual, ou o que possa ter aprendido em alguma fita erótica. Esqueça o que você ouviu sobre clitóris, ponto G, ou sei lá eu que outros nomes aparecem para definir pontos estratégicos e mágicos em relação à sexualidade. Esqueça dos malabarismos com pernas, do tipo jogue para cima, depois pegue novamente, vire, etc.
Não pense que precisas ser um acrobata sexual para despertar algo em sua mulher. Quer saber os órgãos mais importantes na sexualidade, independente de ser homem ou mulher? Vou lhes dizer: boca e ouvido.
Não estou falando em sexo oral, tão pouco estou me referindo a colocação de dedos ou línguas no ouvido. Estou me referindo ao que um homem diz no decorrer do dia, da semana, dos meses e dos anos. Estou me referindo ao que uma mulher tem para contar no fim do dia. Estou me referindo ao tipo de diálogo que se tem como casal.
É fácil no início do relacionamento a boca ser usada para contar as mais lindas histórias e cantar as mais lindas melodias. As histórias são cuidadosas, a voz vem como bálsamo aos ouvidos. No telefone, a musicalidade é sentida num simples oi.
Esse cuidado com o que falamos, esse cuidado com o que sai das nossas bocas é que talvez seja o verdadeiro elixir afrodisíaco para o sexo. A falta da voz, o silêncio que não é oriundo do apaixonamento (onde nos sentimos embriagados e somente falamos com os olhos), faz com que os ouvidos não possam ser tocados e que não possam emitir ao interior a mensagem mágica, capaz de abrir as portas dos desejos mais profundos e do prazer.
Deveríamos dizer no altar: eu te amarei e te desejarei, enquanto nossas bocas e nossos ouvidos se comunicarem. Te desejarei enquanto me sentir ouvida e entendida por ti. Depois será difícil, mas não impossível suportar os momentos de silêncio e de descompasso no que queremos falar e ouvir. Somente resgatando o início do zelo com o que falamos e ouvimos é que poderemos resgatar o amor e o sexo.
As mulheres são mais claras quando reclamam da falta de conversa, ou que as conversas esvaziaram, mas acho que nem elas mesmas pensam na importância das suas bocas e ouvidos também para os homens. O amor carnal não se sustenta. Um peito, um tórax, ou uma nádega que está em moda, não sustenta um amor, nem sustenta um desejo.
O prazer da carne se esvai. O que sustenta é o prazer que sentimos ao ouvir quem amamos, falar a quem amamos, e o principal, nos sentirmos ouvidos pela pessoa que amamos. Quando esse processo de comunicação começa a falhar, não raro se busca quem ouça, quem valoriza o que ouve, quem nos conte histórias novas e diferentes.
Algumas histórias do dia a dia se arrastam infinitamente sendo sempre uma repetição. A música é sempre a mesma, ou melhor dizendo (como os homens me dizem ), a ladainha é sempre igual.
Somente você pode pôr a cabeça para funcionar, ou melhor, os ouvidos e a boca para descobrir, como Indiana Jones, o caminho para os porões internos de cada um, onde está guardado o “ouro”. As palavrinhas mágicas não são: abre-te sésamo! As palavrinhas são únicas para cada casal, e treinando para ouvir e falar é que se poderá desvendar os segredos que abrem as portas do prazer.