Prêmio foi concedido ao criador do método da fertilização in vitro. O Vaticano considera “moralmente ilícita” a fecundação em proveta.
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O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Ignacio Carrasco de Paula, criticou como “fora de lugar” a concessão do Prêmio Nobel de Medicina 2010 ao pioneiro da fecundação in vitro, o professor britânico Robert Edwards.
Edwards (foto) é emérito da Universidade de Cambrigde e concebeu o método em 1978. O anúncio da premiação foi feito nesta segunda-feira, dia 04, pela Fundação Nobel, no Karolinska Institutet, em Estocolmo. Será concedido a Robert Edwards, de 85 anos, um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a quase US$ 1,5 milhão.
O trabalho do fisiologista britânico permitiu, até hoje, o nascimento de quatro milhões de pessoas e uma solução para a impossibilidade de ter filhos, problema que afeta entre 1% e 2% dos casais em países desenvolvidos na Europa e no continente americano.
CRÍTICA – “Sem Edwards não existiriam congeladores em todo o mundo cheios de embriões que, no melhor dos casos, vão ser trasladados para úteros, mas que provavelmente serão abandonados ou morrerão. Desse problema é responsável o recém-premiado com o Nobel”, acusou Carrasco de Paula.
O religioso, designado em junho passado para dirigir a instituição do Vaticano encarregada dos problemas de biomedicina e da defesa da vida, considera que Edwards é também responsável pelo mercado mundial de gametas femininos (óvulos).
O Vaticano considera “moralmente ilícita” a fecundação em proveta e a eliminação voluntária de embriões que ela comporta. Carrasco de Paula reconhece, de qualquer maneira, o valor científico de Edwards, que “inaugurou um novo e importante capítulo da reprodução humana, cujos resultados são evidentes a todos”, escreveu ainda.
Para o presidente da entidade pontifícia, as descobertas de Edwards suscitam “perplexidade”. “Edwards inaugurou uma casa, mas abriu a porta equivocada”, afirma o eclesiástico, que acredita que os tratamentos aplicados pelo Prêmio Nobel “não modificaram minimamente o quadro patológico ou epidemiológico da esterilidade”.
Informações de AFP
FOTO: reprodução / AFP