Dezenove dias após a maior tragédia de sua história, São Leopoldo começa a mostrar sinais de recuperação e já projeta melhorar a infraestrutura contra enchentes e interrupções no abastecimento de água. Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (22), o prefeito Ary Vanazzi foi questionado pela reportagem sobre as medidas de longo prazo para prevenir enchentes e futuras interrupções no abastecimento de água.
“Agora a nossa questão fundamental nesse momento é terminar de tirar água do centro da cidade. Depois de reorganizar um projeto estratégico, vamos anunciar na semana que vem um conjunto de ações do ponto de vista do planejamento para a segurança do nosso morador. Primeiro, juntaremos nossos técnicos de engenharia, do Semae, da prefeitura, do governo federal, da universidade, e vamos montar um grupo de trabalho para fazer isso e preparar a recuperação e ampliação do dique com estudo que já fizemos”, afirmou Vanazzi.
Os custos, segundo o prefeito, pode chegar a R$ 150 milhões, desde a modernização de casas de bombas e a ampliação e melhorias dos diques.
A enchente histórica que afetou a região deixou um rastro de destruição, mas esforços conjuntos da prefeitura e de várias entidades permitiram que a cidade fosse retomasse o abastecimento de água em apenas 13 dias.
Sobre o apoio aos pequenos e médios empresários afetados pela enchente, Vanazzi acrescentou: “Tenho aqui no município em torno de 20 mil pequenas micros e médias empresas de serviço. É muita gente que perdeu praticamente tudo nessas áreas. Nós estamos numa discussão muito grande com o governo federal, que abriu algumas linhas de financiamento com carência de 12 meses, 6, 12 meses, sem juros, para poder recuperar o negócio depois e poder começar a produzir”, disse.
Ainda de acordo com o prefeito, 70% das áreas da cidade afetadas já estão reabastecidas com água tratada. Esse avanço se deve em grande parte à operação das bombas submersas e móveis, que têm drenado a água das áreas alagadas. Atualmente, cinco casas de bombas estão em operação, com três funcionando a pleno vapor. A casa de bombas da Campina ainda está inacessível, submersa nas águas.
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São Leopoldo alugou seis bombas móveis por 30 dias para auxiliar no processo de drenagem. Dessas, duas estão na Campina, ao lado do dique, operando de forma contínua. Outras estão posicionadas na João Corrêa e na Vila Brás, onde têm operado por cerca de uma hora e meia diariamente. A empresa Higra instalou quatro bombas adicionais, o que ajudou a reduzir significativamente o nível da água, conforme o diretor-geral do Semae, Maurício Miorim.
Também na coletiva, o superintendente de serviços técnicos do Semae, Ronan Teodoro de Jesus, disse que não é possível prever quando toda a água das áreas alagadas será retirada. “Vamos conseguir drenar as áreas muito antes de vencer o nosso aluguel de 30 dias. Então, como as áreas serão drenadas antes dos 30 dias, vamos adquirir os conjuntos de bombeamento justamente para dar uma segurança. Nesse caso, nós conseguimos drenar essas áreas. Conforme os conjuntos entrarem, essas bombas vão ficar aí para ter uma segurança maior. E também nós vamos entrar com os conjuntos de bombeamento nas próprias casas de bombas”, explicou.
Ainda nesta quarta, um booster (bomba instalada em linha para aumentar a pressão em um sistema) será instalado no bairro Scharlau. Na Vila Brás, duas bombas estão em operação, e dois diques provisórios já foram finalizados, contribuindo para o controle da inundação.
Em São Leopoldo, a enchente afetou 34 mil residências e, segundo Vanazzi, 33 mil ainda estão submersas. “O caminho para a recuperação é longo, mas a determinação e os esforços da comunidade e das autoridades locais são um testemunho da resiliência da cidade”, afirmou o prefeito, que enfatizou a importância de racionar o consumo de água para aqueles que não foram atingidos pela enchente, e mencionou que um estudo está sendo realizado para avaliar a possibilidade de isenção de taxas para as famílias afetadas. “A prioridade imediata é baixar o nível da água, mapear as necessidades das pessoas e continuar o trabalho intenso de assistência social, para garantir uma recuperação completa e segura para todos os moradores de São Leopoldo.”
Conforme o prefeito, o projeto de modernização das casas de bombas já estava em andamento antes da enchente, mas agora será acelerado para prevenir futuras tragédias. “Com essas medidas e planos em ação, São Leopoldo está se movendo lentamente em direção à recuperação total, mostrando que, apesar das adversidades, a união e a determinação podem superar até mesmo os desafios mais devastadores”, frisou Vanazzi.
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