No programa exibido em 07 de julho, Leandro Zambrano, Léo Nogueira e Naasom Luciano discutem os desafios do desenvolvimento regional, a força da cultura e a urgência da renovação política no Vale do Sinos.
O Vale do Sinos passa por um momento decisivo. Entre as marcas da desindustrialização, a fuga de talentos e a estagnação econômica de centros urbanos como Novo Hamburgo e São Leopoldo, surge a necessidade urgente de repensar o presente e planejar o futuro. Foi com esse foco que o programa Estação Hamburgo, exibido no dia 07 de julho de 2025, reuniu três convidados com forte atuação pública e comunitária: Leandro Zambrano, advogado, Léo Nogueira, articulador político, e Naasom Luciano, ex-secretário de Saúde e pré-candidato a deputado estadual.
A mediação foi do apresentador Rodrigo Steffen, que provocou os convidados com temas que envolvem diretamente o cotidiano dos moradores da região: o futuro das cidades do Vale, a força da cultura como vetor de transformação, os efeitos das enchentes de 2024 e a necessidade de diálogo entre lideranças políticas.
“O Vale está cansado”: diagnóstico de uma estagnação
Logo no primeiro bloco do programa, o tom foi de preocupação com o esvaziamento econômico e cultural de centros urbanos historicamente dinâmicos. Naasom Luciano apontou o abandono das áreas centrais de Novo Hamburgo e São Leopoldo, com lojas fechadas, prédios vazios e perda da vitalidade urbana.
“Temos filhos, e queremos que eles fiquem aqui. Mas o que estamos deixando para eles? As cidades estão envelhecendo sem perspectiva”, afirmou. Segundo ele, a região falha em pensar um projeto coletivo de futuro, sendo superada por municípios do entorno que conseguem gerar mais renda, atrair investimentos e manter jovens em suas comunidades.
Leandro Zambrano complementou: “Cidades como Morro Reuter, Ivoti e Dois Irmãos entenderam que investir em cultura, turismo e infraestrutura é estratégia de desenvolvimento. Aqui, ainda ficamos presos a debates políticos rasos, sem políticas públicas consistentes.”
Cultura como motor de mudança social
Um dos pontos altos do debate foi o papel da cultura como ferramenta de transformação e identidade local. Os convidados citaram a estrutura da FENAC, em Novo Hamburgo, como um ativo subutilizado. “Temos um dos melhores espaços de eventos do Sul do Brasil e, muitas vezes, falta vontade política e criatividade para usá-lo a favor da comunidade”, observou Naasom Luciano.
A discussão reforçou a ideia de que eventos culturais não são gastos, mas investimentos sociais e econômicos. Léo Nogueira destacou a importância da ocupação do espaço urbano com eventos, shows e feiras, o que não apenas movimenta a economia, mas também fortalece o sentimento de pertencimento. “O povo do Vale ama sua cultura. Só falta ser mais ouvido”, disse.
Enchentes, reconstrução e política
A conversa também abordou os impactos das enchentes históricas de 2024, que devastaram municípios do Vale do Taquari e deixaram sequelas duradouras no Estado. Naasom Luciano, que atuou diretamente na articulação de políticas públicas em Novo Hamburgo, cobrou agilidade nos processos de reconstrução e planejamento preventivo.
Zambrano, que acompanhou de perto o funcionamento do Plano Rio Grande, lamentou que as obras definitivas de contenção ainda não tenham saído do papel: “A resposta foi tímida. Falta sinergia entre os entes federativos e coordenação real de esforços. Continuamos vulneráveis.”
Representatividade e renovação política
O debate político foi outro ponto marcante da edição. A ausência de representantes regionais na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados foi duramente criticada. São Leopoldo, por exemplo, com mais de 200 mil habitantes, atualmente não tem deputado estadual ou federal, lembra Zambrano.
Naasom Luciano anunciou sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa pelo Podemos, afirmando que pretende representar não apenas Novo Hamburgo, mas toda a região. “Não podemos mais ficar de fora das decisões. Ou ocupamos esses espaços, ou seremos sempre esquecidos.”
Zambrano relatou sua decisão de se afastar da disputa eleitoral, mas reforçou o compromisso com o debate público: “Hoje exerço meu papel aqui, tentando provocar reflexão. Política não pode ser fim, tem que ser meio para algo maior.”
Oportunidades e caminhos possíveis
Apesar do tom crítico, o programa encerrou com mensagens de esperança. Os convidados apontaram ativos que podem recolocar o Vale do Sinos no mapa do desenvolvimento: a presença da Unisinos e seu Masterplan como polo de pesquisa e inovação, o avanço de startups tecnológicas, o novo CIT (Centro de Inovação Tecnológica) em Novo Hamburgo e a força da organização comunitária.
“Temos o conhecimento, a infraestrutura e o capital humano. O que falta é vontade de unir forças e trabalhar juntos, sem ego ou partidarismo”, concluiu L´do Nogueira.
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Reagir é preciso
O Estação Hamburgo do dia 07 de julho deixou um recado claro: o Vale do Sinos precisa de um novo pacto — social, cultural e político — para reconstruir seu protagonismo. A região, marcada por tradição, trabalho e talento, tem tudo para reagir. Mas essa virada depende de ação coletiva, visão de futuro e participação cidadã ativa.
Debate realizado no dia 07/07/25 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.