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Especial

Marco Copetti: “Transformar a visão das pessoas é a base para o desenvolvimento”

Éder KurzPor Éder Kurz7 de julho de 202432 Mins Leitura
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Marco Aurélio Copetti, gerente Sebrae RS
Marco Aurélio Copetti, gerente regional do Sebrae-RS (Foto: Sebrae-RS?Divulgação)
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Um homem de visão avançada para seu tempo, generoso, humilde, aberto ao diálogo e às transformações que as novas tecnologias impõem à sociedade. A frase pode soar altruísta, um aglomerado de clichês. Engana-se. É a vida de Marco Aurélio Copetti, gerente da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae-RS há mais de 20 anos.

“Eu sempre tive como propósito de vida ajudar as pessoas”, afirmou Copetti logo na primeira resposta durante uma longa e profunda entrevista nos estúdios da Vale TV, em Novo Hamburgo – assista ao vídeo da entrevista, inclusive com bastidores, no canal Vale TV Play no YouTube.

Leia a edição completa do Jornal O Vale

Copetti foi o primeiro convidado para as entrevistas especiais de Jornal O Vale. Nelas, além do time de jornalistas da empresa, personalidades locais também assumem o papel de entrevistadores. A ideia é permitir reflexões mais amplas a partir de percepções que especialistas de determinadas áreas podem oferecer a partir da sua experiência.

Para entrevistar Copetti, foram convidados os presidentes de duas das mais representativas entidades locais: Leonardo Lessa, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH), e Robinson Oscar Klein, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos.

O time de entrevistadores incluiu ainda os jornalistas Rodrigo Steffen, diretor da Vale TV, Éder Kurz, editor do jornal O Vale e do portal valedosinos.org, e Jeison Rodrigues, coordenador editorial de O Vale o co-fundador do Fórum de Empreendedores Locais (FEL). Durante quase 1h30, Copetti sorriu e ficou sério quando necessário, defendeu convicções sempre deixando claro que não é o dono da verdade.

Eu tenho a máxima de que a humildade é o último degrau para chegar na sabedoria. Sem humildade a gente não vai a lugar nenhum.”

Foi uma entrevista franca, direta, tratando de forma muito objetiva de temas como empreendedorismo, inovação, negócios, a forma como as entidades da região precisam avançar e perceber movimentos independentes, o papel do Sebrae na sociedade, o desenvolvimento da economia na periferia, a vocação calçadista e outros temas que permeiam as discussões sobre o futuro da região. Mas foi também uma entrevista emocionante, especialmente quando Copetti contou sobre seus desafios pessoais – ele tem apenas 30% da visão e problemas auditivos.

Confira tudo isso nas páginas que se seguem e que formam uma aula de Copetti sobre os desafios do mundo do trabalho na atualidade e, sobretudo, de como encarar com sabedoria os complexos desafios da vida.

Jeison Rodrigues – Como o Sebrae entrou na sua vida ou como você entrou na vida do Sebrae? Como se deu essa conjunção que traz tantos resultados para a comunidade?
Marco Aurélio Copetti – Primeiro, queria agradecer honradamente por estar aqui nessa cadeira. Para mim é uma experiência inusitada ter essa relevância do meu nome, do meu trabalho, colocado à disposição para esse tipo de diálogo. O Sebrae entrou na minha vida em 2002, eu já trabalhava como consultor terceirizado. Eu tinha paixão pela causa do empreendedorismo, pequeno negócio, transformação, impactos importantes na vida das pessoas. Isso sempre foi um elo de motivação muito forte na minha carreira. Eu sempre tive como propósito de vida, não só o trabalho, mas, fundamentalmente, ajudar as pessoas. Eu enxerguei no Sebrae essa possibilidade de realmente me dedicar a mudar e transformar a vida das pessoas, a realmente colaborar numa das causas mais importantes na vida profissional ou na dinâmica econômica de qualquer território: o empreendedorismo. E enxergando desse modo, como consultor do Sebrae, vislumbrei ali uma possibilidade, participei de um processo seletivo e comecei a trabalhar. Primeiro como analista territorial, onde viajava para o interior fazendo um trabalho de disseminação da cultura empreendedora junto com prefeituras e parceiros. Mas não durou quatro meses e logo fui chamado para assumir o desafio de estar aqui, na região do Vale do Sinos, onde eu já morava. E a partir daí, então, entrei nessa casa. Passaram-se muito rápido esses 22 anos, né? Um piscar de olhos. Eu sempre fui muito apaixonado pela causa.

Entendo que a paixão por aquilo que a gente faz é um motivador essencial na vida de cada um. Cada um tem a sua missão, cada um sabe, deveria saber ou deve buscar saber, aquilo que é importante no seu processo de conjugação de vida, de propósito de vida, de missão de vida. Para mim é isso. Trabalho no Sebrae porque eu gosto, amo e espero continuar por mais um tempo me dedicando para essa causa.

Marco Copetti Sebrae RS entrevista foto Gustavo Augusto Vale TV instagram
Marco Aurélio Copetti (Foto: Gustavo Augusto/Vale TV)

Éder Kurz – Nesse período em que está no Vale do Sinos, o senhor acompanhou a transformação do empreendedor. Quais são os maiores desafios que se tem pela frente?
Copetti – Nós temos uma matriz muito diversificada de segmentação econômica, embora nós tenhamos vocações. Eu costumo dizer que as vocações, acredito muito nisso, as vocações são pilares que fundamentam a economia de uma região. Sempre temos que olhar para a vocação. Ela não está estabelecida eternamente, ela vem e vai segundo os movimentos da própria sustentação econômica daquele segmento. E por essas interfaces todas que nós temos é de vocações, de oportunidades, de necessidades, a gente sempre encontrou um desafio muito grande de entender que o Vale dos Sinos é uma região extremamente profícua, uma região importante para o RS, importante para o País, e a gente sempre lutou para posicionar ela de uma forma de protagonista. O nosso desafio sempre foi maior exatamente em mexer com a cultura empresarial, trabalhar com formação de liderança, com conexões entre setores ou dentro do mesmo setor. Fortalecer, esse um grande desafio, os gaps de produtividade, de competitividade dentro das próprias cadeias produtivas. Esse tem sido um desafio permanente e recorrente nas nossas vidas. Porque a gente não transforma uma economia do dia pra noite, é complexo. E no Vale dos Sinos as nossas vocações estavam, e de certa forma ainda bem menos permanecem, com certos processos ritualísticos de uma cultura muito conservadora. Para enfrentar isso, o Sebrae sempre teve que colocar muita energia. A indústria calçadista não pode, não deve, não é a mesma indústria que estava aqui nos anos 1990, não será a mesma indústria daqui a cinco anos.

Para ser vocação precisa estar permanentemente um processo de transformação e, esse processo de transformação, se acelerou e as nossas cadeias produtivas não conseguiram acompanhar. Nós temos vocações bastante estruturadas no Vale do Sinos. Acontece que essas vocações precisam ser reinventadas permanentemente.

Rodrigo Steffen – Copetti, não dá para a gente culpar quem vivia lá nos anos 1960, 1970 e 1980 pela monocultura, que era avassalador o poder do dinheiro naquele momento, como aconteceu com o calçado no Vale. Agora, o nosso desafio é pensar numa matriz mais diversificada, que negócios são esses que vão substituir com qualidade? Que matrizes serão essas para um futuro cheio de pontos de interrogação?
Copetti – Eu penso que os dois movimentos precisam acontecer. Nós precisamos fortalecer nossas vocações, é um processo de transformação. Entendo que o calçado é uma vocação do Vale do Sinos, do Paranhana, que está estabelecida. Nós temos inteligência, cultura, formação de mão de obra, bons empreendedores, uma técnica evoluída, porque abrir mão disso? As pessoas continuarão nascendo com dois pés, né? O mercado existe, o mercado está aí. O que nós temos que fazer é transformar esse processo de forma acelerada, trazer essa indústria em linha com aquilo que de mais competitivo existe no mercado. E aí passa por mudanças de cultura, passa fundamentalmente por tecnologia e inovação, obviamente, que são pilares fundamentais para a transformação de qualquer vocação. E, além disso, também temos iniciativas importantes que estão surgindo, que nós precisamos potencializar e ter um olhar especial. O próprio setor de tecnologia, as startups que estão nascendo aqui precisam ter uma cultura de diversificação e de potencialização. Precisa ter uma cultura de olhar também as vocações para investir em vocação, investir em movimentos diferenciados na economia. Saúde é um pequeno cluster que está nascendo no Vale com uma velocidade absurda e, sim, será sem dúvida alguma, pelas nossas pesquisas, pelo nosso olhar, um setor que vai concentrar um volume de PIB interessantíssimo na região. E trazendo o quê? Trazendo fundamentalmente tecnologia, inovação, reinvenção dos seus processos, recriação dos modelos que temos hoje e, nessa esteira, vem a indústria cosmética, indústria de próteses e uma série de outras indústrias de nanotecnologias que estão vindo para aportar tecnologia e conhecimento em cima dessa cadeia.

Acho que fortalecer as vocações e gerar uma reconversão produtiva são movimentos estratégicos fundamentais em qualquer região. Para isso, então, tem que ter inteligência, atração, uma série de pensamentos estratégicos que partem desde fortalecer a mão de obra qualificada a processos de legislação melhores.

Marco Copetti Sebrae RS entrevista foto Gustavo Augusto Vale TV instagram 1
Entrevista foi realizada nos estúdios da Vale TV, em Novo Hamburgo (Foto: Gustavo Augusto/Vale TV)

Robinson Klein – Maravilhoso escutar isso, Copetti. Eu acho que quando a gente consegue ter como profissão a nossa paixão é tudo de bom. A gente está conectado há 22 anos. Eu lembro de alguns projetos, vários treinamentos que eu fiz no Sebrae, aprendi muito com todas as oportunidades que eu tive lá. E obviamente que sempre o calçado esteve no meio e a gente falava do calçado do futuro, que tem muito para crescer ainda. Então, não só pensar em indústria do futuro, mas o que é o calçado do futuro? Se a gente olhar de forma macro, o calçado é a vestimenta que está mais incorporada, que é mais integrada ao nosso corpo e, enfim, tem várias formas aí de agregar tecnologia, medicamentos. Então, para esse momento, dentro dessa trajetória desses 22 anos, de reunir os melhores empresários, reunir empreendedorismo, motivar o empreendedorismo, qual é o aprendizado que tu tens?
Copetti – Robinson, é uma pergunta bem interessante, porque quando a gente mexe com movimentos empresariais, a gente está mexendo com pessoas, a gente está mexendo com lideranças. Eu tenho manifestado de forma bastante recorrente, que todo dia de manhã quando eu acordo fico pensando quais serão os desafios que eu vou ter naquele dia. Porque é como se eu acordasse de manhã e fosse meu primeiro dia de trabalho. Como se o Sebrae tivesse assinado a minha carteira de trabalho ontem, porque a gente está sempre aprendendo, todo dia a gente aprende. Essa é uma condição que é indispensável para um profissional que está aqui, na minha condição, de vocês como líderes também, aprendendo no dia a dia. Aprender a entender, por exemplo, as idiossincrasias que permeiam muitos grupos de lideranças, que são diferentes. Nós vamos trabalhar em um movimento que, particularmente, a gente vem investindo muito que é o Pacto Calçadista, um movimento interessante que está fora das estruturas das entidades empresariais, fora dos movimentos organizacionais. Mas é um movimento da sociedade civil organizada a partir da manifestação de lideranças. E isso é arejar o relacionamento social, econômico, político e social da vida das pessoas. Então, aprender com esse movimento é como se a gente estivesse a cada dia se surpreendendo com novas perspectivas, novos olhares, com a transformação do mindset permanente. Cada vez que eu vou numa reunião de lideranças na região do Caí é completamente diferente conversar com um grupo de produtores rurais. Com um grupo de empresários do setor metal mecânico é um outro mundo. Essas pessoas são por si só ambíguas, convergentes, divergentes, complexas para conviver, e esse nível de complexidade, pra gente entender, ele não cria um processo de julgamento de pré condição de relacionamento. É desafiador. Eu trabalho com grupos mais diversos possíveis. Nós estamos trabalhando agora em inclusão econômica. Trabalhar com grupos de formadores de liderança na periferia tem sido uma experiência fantástica. Então, pra te responder objetivamente, a minha experiência é diária, é rica, e muitas vezes construo propósito de entendimento e desconstruo tudo no outro dia, porque entendi que aquela construção não está suficientemente estruturada, balizada em fundamentos. A minha função é contribuir, sou um indutor de transformação. Acredito muito que a gente tem que entrar entendendo o nosso papel. Qual é o meu papel naquele grupo, que eu posso contribuir, o que eu posso aprender?

Eu tenho uma máxima de que a humildade é o último degrau para chegar na sabedoria. Sem humildade a gente não vai a lugar nenhum. Então, esse é o meu propósito de vida, ser humilde, entender, ouvir, respeitar e procurar contribuir com as minhas opiniões, com os meus propósitos e, principalmente, com a organização a qual eu trabalho.

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Copetti e equipe da regional do Sebrae (Foto: Sebrae-RS/Divulgação)

Leonardo Lessa – Escutando sobre vocações, impacto calçadista, me alivia um pouco o coração. Eu seria um futuro calçadista provavelmente, cheguei a estudar para desenho de calçado. A minha geração foi ceifada nesse entusiasmo com o calçado, visto o que vinha acontecendo economicamente. Sou fã do Sebrae desde então, nesta época mesmo acabei conhecendo o Sebrae, fiz o Empretec e isso nos ajuda a diversificar o que nós temos hoje no nosso modelo, principalmente na entidade que eu represento hoje, o CDL. Então, minha pergunta: em um cenário econômico difícil que se apresenta, o que nossas entidades podem fazer juntos pelo desenvolvimento local?
Copetti – Acredito muito que esse seja o futuro [comércio local]. Alguns pesquisadores já manifestam, munidos do ponto de vista acadêmico por enquanto, mas já se fala muito na desglobalização e, ainda, valorização das aldeias. Eu acredito que a experimentação da globalização nos trouxe experiências irrefutáveis, que transformaram o pensamento, as economias e o mundo de uma certa forma. Mas precisamos entender também que a globalização nos trouxe um certo nível de padronização que comprometeu dramaticamente algumas manifestações culturais, de vocações, em territórios que eram pujantes em experiências, em dinâmicas econômicas, e que tiveram que se submeter a um processo externo de intervenção econômica. A globalização vai continuar, é o processo que veio para ficar.Acho que, principalmente depois da pandemia, quando se deu conta que a logística internacional tem problemas estruturais, não conjunturais. E que realmente não dá pra confiar sempre de que o navio que sai da China com insumos vai chegar na semana que vem aqui no Brasil. Então, essa transformação da logística internacional acendeu uma luz amarela para muitas organizações, que se deram conta que é importante trazer para perto alguns processos que deem segurança, legitimidade, para suas marcas. Acredito muito que nós estamos vivendo agora, não um reposicionamento da globalização, mas o olhar mais específico para o território. Uma experiência nossa – depois eu já vou chegar na tua resposta, Leo -, por exemplo, é a quantidade de demanda que o Sebrae vem recebendo para desenvolver fornecedores para grandes indústrias locais. Isso está acontecendo muito. Estamos com vários projetos em andamento porque as indústrias locais entenderam que “ok, vou continuar trazendo parte dos insumos da China, mas eu preciso desenvolver o fornecedor do local”. Eu preciso ativar a economia local, eu preciso trazer o nível de produtividade, de competitividade local para que eu consiga transformar as empresas na minha volta. Uma organização tem que olhar o entorno, o que que eu contribuo de fato para poder desenvolver esse território? É o que as grandes organizações estão pensando, e nós aqui também. Então, nessa premissa, eu acredito que as entidades empresariais têm um papel fundamental nessa dinâmica, entender que a manifestação das necessidades das nossas empresas locais, sim, têm um impacto econômico global, mas têm também impacto local. As entidades empresariais têm essa oportunidade de realmente estarem se reinventando, assim como o Sebrae e todos nós, a universidade, o poder público. Se reinventar para poder acolher essas manifestações e criar efetivamente esse campo dinâmico de oportunidades, para que as empresas, os negócios possam ser gerados por si próprio e se auto gerirem em uma manifestação econômica inteligente, interessante. Isso ajuda todos os eixos que permeiam uma sociedade civil, ajuda a formação de educação, ajuda na mão de obra qualificada, ajuda principalmente no compromisso e no engajamento que as entidades têm que ter com seus associados, com seus filiados.

Eu sei que tu sabes do que eu estou falando, que tu é uma liderança emergente forte aqui na cidade, a gente reconhece muito já o teu trabalho, de ter esse olhar. Eu sei que é um clichê, mas não custa falar: tudo que a gente fez até aqui não vai ser suficiente para levar daqui para frente. O que a gente vai ter daqui para frente é muito diferente e a gente tem que estar pronto para esse desafio.

Robinson Klein – Copetti, eu vou pegar essa bola de inovação. Eu concordo que o mundo entendeu que não dá para ficar dependente de um de um único fornecedor, de um único país ou continente, que esse ciclo de negócios, de economia, tecnológicos, eles criam essa dependência. E quando se fala aqui do varejo, da indústria calçadista, eu entendo que todos esses movimentos vão ter momentos altos, momentos baixos, assim como acontece com as tecnologias que mudam todo dia. Então, falando de inovação, quais os movimentos de inovação que o Sebrae tem trabalhado?
Copetti – Essa agenda de inovação vem permeando nossas estratégias há muitos anos. Inovação é um processo contínuo que a gente vem reinventando até o próprio termo, o significado da palavra inovação. O que era inovação talvez a 10 anos atrás, hoje como conceito fundamental já não é mais. Inovação tem essa característica de ser efêmera no seu significado, ela permanentemente precisa ser reciclada, ser revista, e nós tentamos fazer um esforço enorme nesse sentido. As ações que a gente investiu naquilo que se considerava inovação há cinco anos não são as mesmas que a gente investe hoje. Mas a gente tem um papel de indução da inovação em todos os setores pelos quais os Sebrae trabalha, que são praticamente todos os setores relevantes da em nossa economia. Então, a gente investe muito nesse conceito desde o cabeleireiro, o MEI, até a grande indústria de transformação. A inovação é transversal em todas as cadeias e precisa caminhar junto. Onde uma cadeia fica para trás, a degradação do processo competitivo se acelera. Falaste em varejo, né? Eu sempre costumo dizer que a inovação do varejo vem do consumidor, porque é o consumidor que está se transformando de forma tão rápida e tão acelerada, que muitas vezes o varejo não consegue acompanhar. Eu posso profetizar para você sem nenhum medo de errar que nós temos hoje, em Novo Hamburgo, lojas abertas para nenhum tipo de consumidor, que ficaram para trás. Tem lojas com fachada de 15 anos atrás. Então, peguei esse exemplo pra mostrar como a inovação é permeada dentro de vários setores. Nós estamos com cinco gerações que consomem hoje, pela primeira vez na história. Então, olha o nível de complexidade que isso dá para uma empreendedora entender essas gerações e todos os seus significados de um processo de inteligência de consumo. Da mesma forma as outras cadeias produtivas. O Sebrae tem olhado a inovação dentro do pequeno negócio, do micronegócio, do MEI, até a grande indústria, como isso reflete o papel da inserção econômica dentro desses movimentos. Ativando o acesso a novas tecnologias, ativando ecossistemas, trabalhando ecossistemas de governança dentro do Estado do RS. Nós temos hoje uma profusão de uns 30 ecossistemas nos quais o Sebrae trabalha dentro das mais diversas regiões, ativando, trazendo informação, consciência, organizando essas governanças para que realmente tenham propósito, perspectiva de se conectar com esses mais diversos setores.

Nós conversamos isso até, né, Robinson, a pouco tempo atrás, sobre a necessidade da gente trazer esse olhar para esse movimento das startups que estão nascendo no Vale do Sinos, para se conectar com as vocações, com as iniciativas e oportunidades que tem aqui, pra gente usar essa capacidade de inteligência tecnológica dessa geração nova que chega agora com uma visão diferente em termos de tecnologia e inovação. Trazer isso e irrigar muitas vezes o conservadorismo das velhas cadeias produtivas que não conseguiram se renovar. Esse é um trabalho que o Sebrae faz com muita pertinência. É um desafio gigante que não tem uma resposta simples, uma resposta pronta.

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Além dos jornalistas Rodrigo Steffen, Jeison Rodrigues e Éder Kurz, participaram como entrevistadores Leonardo Lessa e Robinson Oscar Klein (Foto: Gustavo Augusto/Vale TV)

Rodrigo Steffen – Tem algo que a gente está falando sem tratar verticalmente e que eu quero provocar o Copetti. O modelo tradicional não nos leva ao erro. Aliás, ele macula o erro. O que a gente pode fazer de forma saudável, Copetti, quando o erro é necessário na inovação, quando a gente tem que ter desprendimento, não focando no erro, mas no acerto, mas de que possa dar errado. Dentro dos nossos negócios, cada um dos segmentos que a gente está falando, como dá pra gente se desprender um pouco mais de ter que acertar sempre?

Robinson Klein – Dá licença, Rodrigo, vamos aproveitar e botar mais pimenta nessa pergunta. A gente escuta dizer que o maior risco de empreender é não assumir riscos. É um pouco disso?
Copetti – Vocês me dão a oportunidade para começar a dar alguns passos para trás e a gente entender a causa e efeito disso tudo. Nós temos que partir da lógica de que o empreendedorismo no Brasil sempre foi e continua sendo um empreendedorismo por necessidade. Então nós temos um perfil de empreendedores que agora está mudando, mas ao longo dos últimos 100 anos todo o movimento empreendedor no Brasil foi por necessidade, por imposição, por falta de oportunidade. A única oportunidade que o cidadão tinha quando perdia o emprego era pegar o fundo de garantia [FGTS), vender o carrinho, pegar dinheiro emprestado com a sogra e investir numa aventura empreendedora. Ele nunca conseguiu gerar competência suficiente para ser um empreendedor. Muitas vezes não tem nenhum tipo de vocação para ser empreendedor. Ele aprendeu e se desenvolveu, ele cresceu exatamente no erro, no errar e acertar. A cultura do erro vem daí, da falta de experiência, de consciência empreendedora, da falta de geração de competência, de vocação empreendedora, da falta de uma perspectiva de compreender o empreendedorismo não como uma aventura, mas como um método de geração, de crescimento profissional e de investimento em negócios. E essa cultura está se transformando de forma muito rápida no Brasil, mas ainda temos hoje mais de 80% dos empreendedores que vieram dessa natureza, vieram ter que empreender por necessidade. O empreendedor no Brasil não tem caixa, ele não tem recurso financeiro de investimento estocado. Então, cada erro que comete é o pouco recurso que tem que ele perde. Só que errar faz parte do negócio, o que não faz parte do bom negócio é errar e não aprender com erro, e continuar errando. Isso não faz parte da cartilha da sustentação do negócio. Agora o experimentalismo, a ousadia é um insumo fundamental para o crescimento do empreendedorismo, não só aqui mas em qualquer lugar do mundo. (…) Todo dia surgem novos modelos de negócios surpreendentes, não só na área das startups, não! Esses dias estava conversando com uma senhora, ela me disse que estava desempregada, não tinha o que fazer, a única coisa que eu tinha em casa de bem que sobrou era uma máquina de lavar. Aí eu tive uma ideia: eu comecei a bater na porta dos cabeleireiros, pedindo as toalhas, eu lavo e entrego prontas. Prestação de serviço.

Então, olha estou dando uma ideia que eu ouvi. E ela hoje atende mais ou menos uns 15 cabeleireiros, já comprou uma máquina industrial e está trabalhando, ganhando dinheiro. (…) Eu acredito muito nessas novas gerações e que o empreendedorismo no Brasil, sim, com o passar dos anos, em curto prazo, teremos uma face muito diferente dos negócio no país.

Jeison Rodrigues – Queria voltar um pouco no papel das entidades na economia local. O Lessa tomou posse formalmente há poucos dias, mas desde o início de janeiro responde pela CDL. Ele é um cara novo, diferente na medida em que, além de empresário, também é literalmente um artista plástico, tem uma visão de mundo diferente de muitas pessoas da comunidade. Ao mesmo tempo, o Robinson, um cara que trabalha de forma pioneira o tema da inovação, chega à presidência da ACI. Como que a gente aproveita essas circunstâncias de ter o Lessa e o Robinson, duas pessoas diferentes comandando as duas principais entidades empresariais da cidade?
Copetti – Primeiro é motivá-los para que permaneçam lá e que gerem o seu conhecimento, que tragam essa experiência deles para dentro dessas entidades. Mas eu quero fazer a seguinte reflexão, vou ser muito franco: o que vem acontecendo? Vem acontecendo manifestações estruturais, movimentos importantes dentro da sociedade civil organizada, organizando movimentos empresariais autônomos fora das entidades. Muitos procuram o Sebrae para poder ajudá-los a avançar naquele movimento. Aquele movimento é orgânico, não tem necessidade e não querem o CNPJ, não querem ser uma associação, não querem ser uma entidade, eles só querem ajuda. Por que essas manifestações vêm acontecendo? Muitas vezes porque as entidades não estão conseguindo dar resposta para a sociedade civil organizada daquilo que eles precisam, da necessidade deles. Então, pra te responder, primeiro que esse movimento já está acontecendo dentro das entidades. É por isso que o Robinson está aqui, por isso que o Lessa está aqui. Se não tivesse esse movimento não estaria sendo arejado do ponto de vista que está. As entidades estão compreendendo que os desafios que eles vinham enfrentando mudaram de forma tão significativa, que a modelagem dos líderes precisa ser outra. A resposta que as entidades estão dando é trazer essas lideranças mais disruptivas, com o entendimento mais alinhado com o que tem de contemporâneo dentro da sociedade, para poder entender e levar aos nossos empreendedores ofertas que estejam alinhadas com as suas demandas reais. O empresário hoje não está mais disposto a pagar uma mensalidade se ele não tiver benefício. As pessoas estão revisando todos os seus custos, seus propósitos, seu olhar de vida profissional, suas necessidades, desafios que a cada manhã são diferentes. O que eu ofereço para o meu associado de fato que vai transformar a vida dele, o que eu ofereço para o meu associado que vai permitir que ele continue sendo uma empresa rentável e competitiva no mercado. Essa é a resposta que nós temos que oferecer aos nossos associados. Nós, Sebrae, perguntamos todo dia: “Cara, o que nós estamos oferecendo?”

A gente olha os nossos produtos, nossos serviços. Nós desconstruimos mais ou menos, de um ano para cá, mais de 70 soluções e mais de uma centena de movimento que nós estamos fazendo. Por quê? Porque não fazia mais sentido. Então, respondendo: as entidades já estão se movendo e temos que aproveitar eles, a gestão deles, pra gente poder realmente oferecer todas as condições para que eles possam levar conhecimento e perspectiva disruptiva na transformação das entidades.

Marco Copetti Sebrae RS entrevista foto Gustavo Augusto Vale TV instagram 122334
Copetti tem mais de 20 anos de atuação no Sebrae (Foto: Sebrae-RS/Divulgação)

Éder Kurz – Os jovens estão entrando no mercado de trabalho e queria que você deixasse um conselho: esse jovem tem que buscar um bom salário ou a realização pessoal?
Copetti – Nós temos que pensar que temos várias gerações dentro do mercado de trabalho que pensam, agem, tem princípios e propósitos muito diferentes. A minha geração, por exemplo, o meu pai sempre me dizia: “Não suja a tua carteira de trabalho saindo de um emprego para o outro”. Então, a gente tinha que morrer no mesmo emprego. Todos pensam de forma diferente, com conceito diferente de vida, de propósito e de missão. E essa mudança está sendo muito rápida. Essa geração nova que está chegando vem com um modelo de pensamento completamente diferente daquilo que é a minha geração. Hoje nós vivemos num mundo da descartabilidade, num mundo efêmero, das transformações de forma extremamente rápidas. Essa geração nova quer trabalhar para um propósito de vida diferente do meu, por exemplo. Eles querem que o trabalho deles faça algum sentido para a vida deles, e esse sentido tem que ser realmente de uma transformação, de perspectiva de maturidade, de conhecimento e até de qualidade de vida. São dois movimentos que a gente precisa olhar: primeiro procurar entender essa geração. Porque assim, as pessoas falam “não, o pessoal não quer trabalhar”. Não! Não é que não quer, eles querem. Mas querem trabalhar naquilo que faz sentido para eles. O que nós temos que entender é o que faz sentido para eles e que tipo de trabalho podem emprestar o seu conhecimento, a sua dedicação, e realmente ser relevante como dentro do mercado. É um desafio para as organizações. Por outro lado, a gente tem que entender que nós temos estruturas organizacionais que ainda permeiam o mercado e que exige um certo regramento, uma certa linearidade de conhecimento, de posicionamento profissional, algumas regras, produtividade e ainda não está suficientemente pronto para poder desconstruir uma estrutura hierárquica. Essa geração também não tem mais uma vocação para respeitar a hierarquia.

A gente vê que certas organizações avançaram muito para atender isso e hoje já estão no movimento de retroceder um pouco, porque se perderam na “vida louca”. É muito disruptivo, muito transformador.

Jeison Rodrigues – Você fez referência aos movimentos de periferia que são assistidos pelo Sebrae. Queria tu falasse um pouco sobre o suporte e a parceria que o Sebrae construiu com os movimentos de periferia.
Copetti – A grande experiência que a gente teve na pandemia foi exatamente isso, não entender que nós vivemos uma economia de microeconomia. Essa microeconomia está muito alicerçada em cima da periferia. Na periferia as pessoas sobrevivem de uma forma muito diferente. O Sebrae, e aqui, com muita humildade, trago para vocês, não tinha nenhuma experiência em periferia. Tanto que a marca Sebrae, em pesquisas que a gente fez, era identificada como uma marca de elite, uma marca que não tinha representatividade para a periferia. A gente fez um movimento intenso de entender aquilo que até nós chamamos de novas economias. Entender esse meandro de relacionamento interdisciplinar entre manifestações econômicas da periferia que sustentam essa malha toda. Lá é muito diferente. Primeiro porque a grande maioria é informal. Eu estava conversando com uma moça e ela disse: “Olha, eu estava desempregada e comecei a cuidar do filho da vizinha pra ela poder trabalhar, porque a creche municipal tem horário, tem até 6 horas, o pessoal chegava 6h30, não conseguia sair antes da creche.

Eu comecei a cuidar do vizinho do outro. Hoje, na minha casa, eu fiz uma mini creche”. Tudo informal. Não tem saúde pública que vai lá verificar, não tem nada. É assim que funcionam as coisas. A pessoa perdeu o emprego e está fazendo pão para vender na esquina. Esses movimentos a gente tem que entender que são legítimos, porque permitem que a pessoa sobreviva. Nós estamos num momento de aprendizado.

Rodrigo Steffen – Copetti, você falou em mudança permanente de mindset, e a gente sabe o quanto isso vem afligindo pessoas de uma forma preocupante, inclusive para essa questão de saúde pública. Como o Marco Aurélio Copetti, pai de dois filhos, que tem suas aflições, inquietudes, como é que você lida com as tuas aflições?
Copetti – Primeiro ter um bom psiquiatra (risos). Mas olha só: a minha vida é de uma permanente mudança de mindset. Como vocês todos sabem, eu sou portador de deficiência visual, tenho baixa visão, apenas 30%, e sou portador de deficiência auditiva também, por conta da degeneração das células auditivas. Então, busco tecnologia permanentemente, e me desafiar permanentemente. Para estar aqui não é muito fácil, viver na minha condição por si só, na minha estrutura física, já é um desafio gigantesco. [Estou] Me preparando e buscando tecnologias, alternativas e, principalmente, me preparando para o futuro, que eu não sei o que vai acontecer com o meu futuro se a tecnologia não chegar a tempo. Provavelmente eu perca a visão. Eu tenho que estar pronto para isso. Esse é um desafio absurdo. Eu penso sempre, todo dia quando acordo, quando vou trabalhar, na minha vida pessoal também, é que para estar, ser uma pessoa na minha condição, a gente tem que ajudar a transformar a cabeça das pessoas. Porque transformar a visão das pessoas é a base fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, mais íntegra, mais inclusiva. É ali que está o problema. É a transformação da cultura, da capacidade que as pessoas não estão conseguindo hoje evoluir suficientemente para poder entender o mundo que estamos vivendo. Eu penso que isso é uma missão minha. Não que eu seja dono da razão. Eu cometo erros crassos todo dia. Graças a Deus eu tenho muitos anjos da guarda que estão permanentemente me ajudando a trilhar um caminho melhor, me dando feedbacks, me orientando, me ajudando e me permitindo compreender a relação humana. Não é fácil, um caminho fluido, já foi de muito sofrimento. Hoje, pela maturidade, eu lido com muita leveza, com tranquilidade.

Mas todo dia eu tenho que pensar em me reconstruir. O grande problema são as crenças limitantes, são princípios cristalizados que a gente não se permite revisar. Nós precisamos revisar nossos princípios, nossas crenças, olhar o mundo novo que está chegando e que vai continuar em permanente modificação. Sou é budista de formação, então a impermanência é um princípio básico da minha vida. Tudo é impermanente, nada é permanente. Acredito no futuro, que a vida nos oferece condições inequívocas de uma transformação rápida.

Marco Copetti Sebrae RS entrevista foto Gustavo Augusto Vale TV instagram 12233
Marco Copetti e família (Foto: Arquivo pessoal)

O Vale – Como o senhor analisa toda essa tragédia natural e como reconstruir o RS?
Copetti – Eu gostaria de trazer primeiramente o aspecto de sinalizações que já vinham ocorrendo pelo menos nos últimos 10 anos. Todos nós sabemos que o clima do planeta, principalmente aqui no RS, vem mudando dramaticamente. Já poderíamos esperar que uma tragédia como essa iria acontecer mais cedo ou mais tarde. O segundo aspecto é o humano: a tragédia nos trouxe um sentimento profundo de impotência, um sentimento profundo de perplexidade, um sentimento profundo de impacto brutal nas nossas vidas. Logo depois veio aquele sentimento de humanização, de se sentirmos úteis para nós mesmos em primeiro lugar e depois para o outro. Então foi uma grande oportunidade de realmente arregaçar as mangas e trabalharmos olhando para o próximo, ajudando o outro, dando um sentido maior para uma para uma concepção social diferente, uma sociedade mais justa, integrada, acolhedora. Agora vem a reconstrução e queria trabalhar em duas perspectivas: a primeira é pública e a segunda é privada. A questão pública me parece que foi necessariamente uma das grandes responsáveis por toda essa calamidade. Não temos como esconder isso. Realmente a falência das estratégias públicas e dos olhares de política pública para a proteção, para a prevenção de catástrofes como essa falharam de forma trágica, para não dizer outra palavra. Sem dúvida alguma temos que aceitar, concordar e enfrentar isso. Parafraseando uma frase do filósofo contemporâneo pós-modernista Zygmunt Bauman: ele disse que toda sociedade que perde a capacidade ou que nega a capacidade de fazer autocrítica sobre os seus principais desafios, principais complexidades, principais tragédias sociais, é uma sociedade que não tem futuro, é uma sociedade que não saberá enfrentar minimamente a construção de um futuro inclusivo social e economicamente. Me parece que é o que estamos vivendo. Não estamos conseguindo fazer autocrítica necessária, principalmente o setor público de tudo que aconteceu. Pensando no futuro, nós precisamos ter políticas públicas efetivamente assertivas na reconstrução de uma sociedade impactada violentamente por tudo que aconteceu. Políticas públicas e inclusivas, que ofereçam realmente perspectivas de uma de uma reconstrução sadia, equilibrada, e que atenda todas as necessidades prementes nesse momento, inclusive o estado anímico que se abateu sobre o RS. As estruturas públicas ainda estão extremamente burocratizadas, as atitudes públicas ainda estão de costas para os anseios da sociedade. A estrutura pública olha somente recursos, tentando buscar recursos a nível federal, mas mantendo toda a sua burocracia estagnada, arcaica, retrógrada, para poder escoar esses recursos que não serão muito bem administrados. Então, o setor público precisa se reinventar. Enquanto isso ele se volta de costas, os aparelhos públicos estão todos narcotizados por um processo de letargia, de falta de compromisso ou mesmo de uma zona de conforto instalada, de uma crença instalada de que o setor público não precisa dar resposta para a sociedade. Temos aí agências de INSS fechadas, Trensurb só com com 20 minutos para cada partida, uma informação de que somente no final do ano as principais estações serão reabertas, falta de objetividade, de senso de urgência, de pragmatismo para acolher as dores da sociedade. Então são políticas públicas diferentes, de senso de urgência, de objetividade, de pragmatismo e de cuidado com o dinheiro público, de chegar realmente para aqueles que precisam. E isso nós temos que reinventar todo o aparelho do Estado. Em segundo lugar, penso que nós precisamos gerar novas lideranças privadas no RS. Precisamos que o empreendedorismo venha a se fortalecer. Nós carecemos de novas lideranças no RS e precisamos estabelecer nas regiões estruturas de governança fortes, que sejam inclusive ancoradouros dos recursos públicos para poder investir onde realmente precisa. Estruturas de governança, modelos de associativismo, cooperativismo, voltado com o setor público, universidades, sociedade civil organizada, entidades e lideranças privadas que fortaleçam o ecossistema local e criem estratégias para realmente pensar o reordenamento econômico de cada região.

Então, esse discernimento de organização social, econômica, é que falta no RS. Ter essas estruturas muito rapidamente organizadas e não depender do recurso público, mas se organizar para receber o recurso público, investir ou mesmo gerar recursos e fomentar o crescimento econômico. Então, me parece que essa seria uma perspectiva que tenho de uma visão de reconstrução do Estado.

Assista ao vídeo da entrevista com Marco Aurélio Copetti na Vale TV

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Éder Kurz

Editor

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