Órgão que dá diretrizes a médicos britânicos muda orientação sobre uso de certos remédios no tratamento de depressão em grávidas.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Grávidas com depressão leve ou moderada deveriam evitar tomar antidepressivos. Essa é a nova orientação que será adotada pelo órgão que dá diretrizes aos médicos britânicos, que antes alertava para o risco de um só tipo desse medicamento.
A mudança foi tomada após evidências mostrarem que Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (SSRIs, na sigla em inglês) podem dobrar os riscos de que bebês nasçam com malformações no coração, de acordo com Stephen Pilling, do National Institute for Health and Care Excellence (Nice).
Até o momento, a orientação oferecida pelo Nice advertia médicos contra o uso de apenas um tipo de SSRI no início da gravidez – a droga paroxetina. Pilling disse que a orientação em relação a esse grupo de medicamentos vai ser alterada.
“As evidências disponíveis sugerem que existe um risco associado às SSRIs. Nos esforçamos bastante para dissuadir mulheres de fumar ou beber, mesmo pequenas quantidades de álcool, durante a gravidez, mas não estamos dizendo o mesmo em relação à medicação antidepressiva, que implica riscos similares – senão maiores.”
Uma entre seis mulheres em idade reprodutiva usa esse tipo de medicamento na Grã-Bretanha.
Riscos dobrados
Segundo Pilling, o risco de que qualquer bebê nasça com uma anomalia no coração é dois em cada cem. Mas de acordo com as evidências – ele disse -, se a mãe toma SSRIs no início da gravidez, esse risco aumenta para quatro em cada cem.
Para o especialista, mulheres que não estão sofrendo de depressão séria e que estão tomando a droga no momento em que engravidam estão correndo riscos desnecessários.
“O risco é duas vezes maior. E para mulheres com depressão leve ou moderada, não acho que valha a pena correr esse risco.” Pilling disse também que a orientação não é válida apenas para mulheres que já estão grávidas:
“Acho que isso precisa ser considerado no caso de uma mulher que poderia engravidar – ou seja, a maioria das mulheres com idades entre 15 e 45 anos.”
Anna nunca saberá com certeza o que provocou a malformação no coração do seu filho, mas disse que teria parado de tomar o remédio se soubesse que havia riscos, ainda que mínimos. “Se o problema de David poderia ter sido evitado e não foi, isso é terrível.”
Defesa
Um fabricante contactado pela BBC negou qualquer vínculo entre os medicamentos e malformações no feto. O laboratório Lundbeck, fabricante do medicamento Citalopram, disse que uma análise recente da literatura científica concluiu que ‘a droga não parece estar associada a um aumento nos riscos de malformações fetais’.
“A decisão de não receitar antidepressivos para uma mulher que está deprimida (…) pode gerar mais riscos para a mulher e o feto do que os riscos da exposição ao medicamento”, disse o fabricante.
Informações de Portal G1
FOTO: reprodução / FPIma