A técnica de enfermagem que vacinou pelo menos 48 crianças contra a Covid-19, com doses da Pfizer para adultos, em Lucena, na Região Metropolitana de João Pessoa, disse ao Ministério Público Federal (MPF) que recebeu ordens para agir assim.
Segundo ela, foi a chefe de imunização da prefeitura da cidade quem determinou que todas as pessoas que estivessem na unidade de saúde deveriam ser vacinadas, “pois as validades das vacinas da Pfizer estavam para vencer”. A profissional de saúde foi afastada, segundo informou o prefeito de Lucena, Leo Bandeira, nesta segunda-feira (17).
Ainda de acordo com o gestor municipal, a técnica pode ter confundido a ordem de vacinar todas as pessoas do público-alvo da campanha, no momento das aplicações incorretas, com a recomendação de incluir as crianças na vacinação.
O caso veio à tona após mães das crianças denunciarem, no sábado (15), que seus filhos haviam sido vacinados antes do início da campanha oficial, com doses destinadas para adultos.
O que disse a técnica de enfermagem
No depoimento, a técnica disse que foi contratada pela Prefeitura de Lucena em 22 de novembro de 2021, para auxiliar médicos e vacinar crianças, adolescentes, adultos e gestantes;
Ela afirmou ter atuado inicialmente aplicando vacinas de rotina e, em dezembro, foi designada para aplicar vacinas de Covid-19;
A ordem que ela recebeu foi de que poderia vacinar todos os que estivessem para se vacinar, pois a validade das vacinas da Pfizer estavam para vencer;
Não houve capacitação da prefeitura sobre vacinação de Covid para adultos ou crianças;
Não sabe que não podia vacinar crianças com vacinas de adultos e no mesmo volume;
A vacinação em crianças e adolescentes no município, segundo ela, teria acontecido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e em uma âncora desta unidade em um assentamento;
Ainda de acordo com profissional, foram 36 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, vacinadas no assentamento no dia 7 de janeiro de 2022;
As demais foram vacinadas na UBS, nos dias 29 de dezembro de 2021 e 11 de janeiro de 2022, ou seja, antes do início do calendário de vacinação para crianças entre 5 e 11 anos.
Em um determinado momento, a técnica teria questionado o setor de imunização da prefeitura de Lucena pelo fato de estar sozinha no local de vacinação, sem a presença de coordenadora, enfermeira, médica ou dentista, estando lá apenas ela, a ACS e um motorista.
“A ordem que lhe foi dada foi de que poderia vacinar todos os que estivessem para se vacinar, pois a validade das vacinas da Pfizer estavam para se vencer”, diz o texto do depoimento.
Foto: Reprodução/Agência Brasil