Investimento de R$ 20 milhões da Revita Engenharia Ambiental possibilita pela primeira vez no Rio Grande do Sul a captação de biogás para a geração de energia limpa. .
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Em três anos, São Leopoldo poderá gerar energia limpa a partir do biogás. É o que promete a Revita Engenharia Ambiental com a indústria de tratamento e valorização de resíduos inaugurada na última quarta-feira, dia 09.
De acordo com o gerente operacional, Idacir Pradella, em entrevista ao Portal novohamburgo.org, três anos é o tempo necessário para o acúmulo do volume de resíduos para a viabilidade do projeto, inédito no RS. No total, o investimento chegará a R$ 20 milhões. O novo aterro sanitário fica na Estrada do Socorro, bairro Arroio da Mantega.
É um empreendimento que aposta em inovações tecnológicas e num modelo sustentável. Terá um sistema de captação e utilização do biogás para geração de energia elétrica e os efluentes líquidos receberão tratamento por osmose reversa, o que possibilita o reuso de até 70% da água tratada. Com os resíduos orgânicos será produzido um composto para um viveiro de mudas de espécies nativas, no local, que contará também com um Centro de Educação Ambiental.
As operações começaram no dia 1º de novembro, em 135 hectares de área adquirida pelo Grupo Solví, dos quais 75 serão preservados. O licenciamento da Revita é para 500 toneladas de resíduo por dia, mas a capacidade pode dobrar, garante Idacir Pradella. O projeto prevê seis etapas. Só na primeira foram investidos R$ 8 milhões.
A empresa mantém uma unidade na Bahia, onde já aproveita o biogás: são processados 2,8 mil toneladas de resíduos por dia, que geram 20 megawatts de energia elétrica. “Não estamos encarando os resíduos como lixo, e sim como matéria-prima que deve ser tratada e valorizada”, defende Carlos Villa, presidente do grupo. “Estamos construindo uma alternativa com um material que não tinha valor.”
Além dos empregos diretos, a Revita gera renda para 150 trabalhadores de cooperativas ligadas à segregação do lixo, número que pode dobrar com a implantação da nova indústria de tratamento. A concessão para a exploração do serviço é de 20 anos, a contar de 2005, renováveis por igual período.
Olhar para o futuro
O prefeito Ary Vanazzi entende que o investimento, exclusivamente privado, representa um marco para a região, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. “Cidades que mandam seus resíduos para aterros mais distantes poderão começar a mandar para cá, economizando em logística”, argumenta, lembrando que São Leopoldo ganharia em geração de impostos. A estrutura é capaz de atender os 32 municípios da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos.
Vanazzi destaca, ainda, os benefícios indiretos para o futuro do município. O antigo aterro sanitário da prefeitura, onde já funciona uma usina de reaproveitamento de materiais de construção, segue sob a responsabilidade do Grupo Solví nos próximos cinco anos e depois deve virar uma praça pública. Em 2004, a população leopoldense gerava 60 toneladas de lixo por dia; hoje, são 150 toneladas. Toda a cidade é comtemplada com a coleta seletiva.
A secretária estadual do Meio Ambiente, Jussara Cony, diz que o investimento vai ao encontro do esforço conjunto entre União, Estado e municípios para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. “O Estado atua como indutor do desenvolvimento, como articulador de parcerias público-privadas como essa”, explica. A inauguração reuniu autoridades políticas de municípios da região e deputados estaduais.
FOTO: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org