Para o Consórcio Pró-Sinos, queda de um metro no nível do manancial em apenas três dias é atribuída, sobretudo, à captação de água para irrigação de arrozais na região.
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Não devem durar muito as mudanças adotadas essa semana pelas operadoras de abastecimento de água das duas maiores cidades do Vale do Sinos.
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Novo Hamburgo suspende o racionamento de água
Com a chuva do último fim de semana, Novo Hamburgo suspendeu os cortes e São Leopoldo reduziu de oito para cinco horas o período em que os consumidores ficam sem água. Só que nesta quarta-feira, dia 04, o rio voltou a preocupar. Em três dias, de domingo a quarta-feira, o nível baixou quase 1 metro na base de captação do Semae, responsável pelo abastecimento dos leopoldenses: de 2,42 m para 1,50 m.
Para o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles, só a suspensão total da captação para irrigação das plantações de arroz será capaz de garantir o abastecimento durante o verão.
Assessores jurídicos dos Pró-Sinos, do Semae e da prefeitura de São Leopoldo trabalham em uma ação que pretende proibir os arrozeiros de captar. O município deve ingressar na justiça na semana que vem, quando o prefeito Ary Vanazzi (PT) volta de férias. Em Novo Hamburgo, onde na quarta o rio estava a 1,13 m da bomba da Comusa – Serviços de Água e Esgoto, a prefeitura também avalia mover ação nesse sentido. Caso não chova mais essa semana, até sábado o nível do manancial pode estar perto de 1 metro novamente, avalia Julio Dorneles.
Os acordos firmados no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos) estabelecem que restrições aos produtores para a captação começam a ser impostas apenas quando o rio chega a 60 centímetros da bomba de captação do Semae, 72 cm na Comusa e 80 cm na Corsan, em Campo Bom. Conforme o coordenador regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), José Gallego Tronchoni, cada lavoura capta, em média, 2 metros cúbicos por segundo.
Barragem do Salto abaixo da média
Apesar da chuva do fim de semana de ano-novo, o nível da água na barragem do Salto, em São Francisco de Paula, segue a 1,76 metro abaixo da média. A informação é do chefe da Divisão do Salto, Everton Vieira. Esse número inviabiliza o aumento da quantidade de água que vai do Rio Caí para o Sinos, como a Comusa e o Semae chegaram a sugerir em novembro, antes de aplicarem planos de racionamento.
A direção da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que opera a barragem, descartou a hipótese de elevar a vazão do sistema de transposição de água, à época, em nota oficial, para não comprometer o abastecimento dos moradores do Vale do Caí.
FOTO: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org