Relatório do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos divulgado nesta quinta-feira indica que houve despejo ilegal de efluentes industriais na água.
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
A morte de dezenas de peixes em São Leopoldo, no último dia 23 de novembro, pode ter sido crime ambiental.
Leia Mais
Rio dos Sinos: Peixes mortos alertam para risco de tragédia ambiental
Relatório divulgado nesta quinta-feira, dia 1º, pelo Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) indica que os animais foram intoxicados por produtos químicos de origem industrial. Na quarta-feira, 30, houve nova mortandade, maior do que a anterior.
Para o coordenador do Pró-Sinos, Julio Dorneles, não restam dúvidas de que há despejo ilegal de efluentes no manancial. Segundo ele, o baixo nível da água, o calor e a pequena quantidade de oxigênio potencializam a ação das substâncias nocivas. As análises dizem respeito ao trecho do rio entre os arroios João Corrêa e Portão. Ontem, uma mancha vinda do arroio Pampa, em Novo Hamburgo, foi identificada na base de captação de água do Serviço Municipal de Água e Esgoto de São Leopoldo (Semae).
O trabalho agora é para descobrir que empresas estariam despejando efluentes em excesso. A titular da Delegacia de Proteção Ambiental da Polícia Civil, Elisângela Reghelin, explica que inquérito foi instaurado para investigar o caso, mas ainda não é possível apontar conclusões. “Já solicitei os resultados de todas as análises que foram feitas a partir do material coletado no rio”, revela a delegada, em entrevista ao Portal novohamburgo.org. O prefeito leopoldense, Ary Vanazzi (PT), presidente do Pró-Sinos, garante que os municípios da região vão intensificar a fiscalização para prevenir desastres ambientais.
Elisângela Reghelin não acredita que o despejo ilegal, neste momento, tenha sido a principal causa das mortandades. “É um somatório de fatores e a escassez de chuva foi o estopim, o que não quer dizer que não haja o vazamento de produtos químicos”, argumenta, lembrando que o Sinos é o terceiro rio mais poluído do Brasil.
O esforço da delegada é no sentido de viabilizar ações preventivas. Ela já conseguiu aeradores para movimentar a água e melhorar a oxigenação. Precisa, ainda, de geradores de energia para fazer os equipamentos funcionarem. “Temos que contar com a colaboração da iniciativa privada.”
Arrozeiros serão investigados
Desde segunda-feira, 28, a coleta de água para irrigação de lavouras de arroz está suspensa, conforme acordo entre o setor e o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos). Entretanto, Julio Dorneles diz haver indícios de que alguns arrozeiros descumpriram a determinação até quarta, pelo menos.
A delegada Elisângela Reghelin solicitou ao Departamento de Recursos Hídricos, órgão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, informações sobre as outorgas de água. Ela quer saber quais produtores estão autorizados a captar e qual é a quantidade permitida. Não está descartada a abertura de inquérito.
FOTO: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org