Vice-presidente João Goulart estava em missão na China e não assumiu. Brizola foi primeiro governador a defender posse.
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Há 50 anos, no dia 25 de agosto de 1961, depois de participar das comemorações do Dia do Soldado, em Brasília, o então presidente Jânio Quadros anunciar sua renúncia, surpreendendo os brasileiros.
A carta de renúncia era pouco esclarecedora: “Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. […] Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração. […]”
O vice-presidente João Goulart (à esquerda na foto) estava em missão oficial na China quando Jânio Quadros renunciou. A situação serviu de pretexto para criação de obstáculos a posse de Jango na presidência da República, levando o país à instabilidade democrática, sob ameaça de um golpe militar.
O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, assumiu a presidência da República. Jânio permaneceu isolado na base aérea de Cumbica, em São Paulo, enquanto aguardava embarque de navio para Europa.
LEGALIDADE – No Rio de Janeiro, o marechal Henrique Teixeira Lott lançou um manifesto pela Legalidade, censurado no país, mas divulgado no Rio Grande do Sul. Os militares, liderados pelo ministro da Guerra, Odylio Denys, se mobilizaram para evitar a posse de Jango.
Leonel Brizola (à direita na foto) foi o primeiro governador a levantar a bandeira da legalidade pela posse do vice-presidente. No mesmo dia, discursou de uma janela do Palácio Piratini e afirmou que a carta-testamento de Getúlio Vargas – do dia 24 de agosto de 1954 – “nunca como agora adquire tanta atualidade”. A referência é por conta de, na carta renúncia, Jânio mencionar as ambições do exterior. Getúlio, na carta-testamento divulgada sete anos antes, havia escrito que lutou “contra a espoliação do Brasil”.
Movimento da Legalidade entra
para calendário oficial gaúcho
O gesto foi consolidado na manhã desta quinta-feira, dia 25, com a sanção do governador Tarso Genro ao projeto de lei da deputada estadual Juliana Brizola, neta de Leonel Brizola, que liderou o movimento. A assinatura ocorreu no gabinete do Palácio Piratini com a presença de secretários e da deputada.
Autora do projeto, Juliana lembrou que mais do que apenas recordar, a ideia da criação do projeto instituindo a Semana da Legalidade é para que as gerações mais jovens conheçam e deem valor à democracia e à liberdade. “É preciso fazer com que os jovens aprendam e discutam mais sobre esse que foi um dos momentos importantes da História do Rio Grande do Sul”, afirmou a deputada.
Tarso Genro ressalta que quem viveu os tempos de opressão compreende melhor o real valor e importância do Movimento da Legalidade. Ele relata que ficou definido o dia 28 de agosto por ser a data mais marcante neste processo de lutas do movimento. “Nesta data foi evitado o início de uma guerra civil no Brasil, o que poderia ter destruído a nossa sociedade”, afirma.
Informações de JCRS e Correio do Povo
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Pedro Revillion / Correio do Povo