O título, a princípio, é contraditório, mas é a realidade. As empresas, frente à diminuição do consumo e para ter a mesma margem de lucro, mantêm os preços ou os aumentam.
Sábado resolvi pesquisar uns preços e estacionei o meu veículo em uma rua paralela para não ter de pagar o estacionamento rotativo (já são tantos os impostos que cada vez mais o erário repassa ao contribuindo aquilo que ele deve fazer), percorri a rua principal e parei numa loja de roupas; percebi que o desconto oferecido, no seu percentual, não correspondia à verdade. Ostenta a vitrine, em letras garrafais, descontos de até 50%, mas o preço final está igual ao que estava antes da liquidação.
O que leva um dono de negocio assim proceder? Por que ele tenta enganar o consumidor, que já castigado pela situação, não poderá comprar o que precisa porque o preço não foi alterado?
Em janeiro o IPC foi elevado, mesmo sem ter consumo, os preços subiram; de um lado as indústrias pagam menos aos produtores, diminuindo vagas, aumentando preços. De outro, um governo dando de bandeja milhões de reais as famílias, em forma de bolsas ao invés de criar opções e facilitar a criação de novas empresas, desburocratizando o sistema, sem esquecer que socorre as montadoras (será que elas precisam?) e os bancos, o maior vilão do Brasil, cujos lucros são estonteantes e elevados (já viu quanto você recebe pelo seu dinheiro deixado na poupança frente a um empréstimo ou cheque especial?).
Com certeza que não comprei camisa alguma e não comprarei enquanto não puder perceber que o preço realmente está menor. Criar liquidações, com barulho na mídia, mas mantendo os preços ou com percentuais ínfimos e menores do que o anunciado é um ultraje, um desrespeito ao consumidor. Oxalá um dia o sistema do PROCON tenha um controle dos valores anunciados e na medida em que se criam liquidações, possa haver uma rigorosa fiscalização e punir aqueles que mentem.
Há também liquidações percebíveis. O preço está menor. Isto é louvável e para não fazer propaganda gratuita, não cito a loja, mas testemunho que tem lojistas conscientes e honestos com o consumidor e atento a situação que estamos passando. Se o seu cliente não comprar, ele também poderá quebrar e quem sabe, fechar.
Como consumidor estou sempre atento, procurando equilibrar a minha receita frente às despesas e custos operacionais, da minha vida, da minha profissão. Nem sempre consigo; quando não é possível, reduzo ou encontro substituições.
Se não posso comprar determinado produto, quer pelo preço elevado ou pelas parcelas mensais, o melhor jeito é guardar um pouco e na medida em que o bolo cresce procurar opções, outras marcas e negociar, mas não caia na tentação de crédito fácil, juro zero ou menor. Nas parcelas de financiamento automotivo não está incluso o custo do boleto de cada parcela e isto representa um valor enorme no final, sem contar da taxa de cadastro, um abuso ao consumidor. Fique atento.
Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.