O coordenador médico do Serviço de Saúde Mental Hospitalar do HMNH, o psiquiatra Raudi Santos Fagundes, alerta para a importância de se dar a devida atenção aos sinais, buscando ajuda profissional, pois podem se tornar síndromes ansiosas e depressivas.
Depois de dois anos de pandemia, tornam-se evidentes sinais de cansaço nessa batalha diária que tem afetado o estilo de vida da população ao redor do planeta. Ao fenômeno, ainda mais evidenciado pela chegada da Ômicron, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem dado o nome de “fadiga pandêmica”.
Para explicar melhor, pode-se começar por observar o atual cenário. Hoje se constata um novo fluxo de casos e, ao mesmo tempo, a diminuição das internações. Nada disso, no entanto, consegue impedir a desmotivação em seguir comportamentos de proteção. Essa é uma realidade que se observa por toda parte.
De acordo com o coordenador médico do Serviço de Saúde Mental Hospitalar do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), o psiquiatra Raudi Santos Fagundes, quadros de fadiga pandêmica têm se apresentado gradualmente. “O fenômeno é decorrente do próprio isolamento físico”, avalia. Como evidências, surgem os sinais de irritabilidade, ansiedade, angústia, desânimo e a desesperança que impactam a própria leitura de experiências e percepções. “O sentimento é de uma exaustão persistente, que leva a querer abandonar o uso da máscara, a lavagem das mãos como deveriam e a deixar de lado o cuidado com o distanciamento seguro”, completa.
Para o Dr. Fagundes, o quadro gradualmente se apresenta ao longo do tempo de enfrentamento à covid. “E se não for dada a devida atenção a esses sintomas, se não forem adequadamente tratados, podem se tornar um problema maior como o surgimento de síndromes ansiosas e depressivas”, analisa.
Identificar que algo não anda bem é o primeiro passo. A perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, as alterações no sono e no apetite e a grande dificuldade de concentração são algumas dessas chaves.
Atenção redobrada aos cuidados pessoais
E quais seriam as estratégias para manter a saúde física e mental? O médico psiquiatra cita algumas delas, todas ligadas a cuidados pessoais, como se permitir momentos de lazer, por mais curtos que sejam. Cuidar da qualidade do sono, a começar pelo ambiente agradável criado antes de dormir; alimentar-se de maneira equilibrada e a prática regular de exercícios físicos contribuem para o organismo ter mais disposição.
O psiquiatra enfatiza a importância de se procurar ajuda profissional quando observar os sinais, não tentando resolver tudo sozinho. “Geralmente, a privação do sono, para citar um dos pontos, causa algumas questões como a perda da produção laboral e um descontentamento muitas vezes interpessoal”, explica.
Vale ressaltar que a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) conta com uma rede de assistência em Saúde Mental, com cinco Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Além disso, duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) para urgências e dez leitos específicos de internação no Hospital Municipal, com equipes especializadas, compondo a estrutura de assistência.
Lembrando: a atenção primária, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Saúde da Família (USFs), são a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), onde o paciente também é avaliado quanto a possíveis riscos psicológicos e classificado para os devidos encaminhamentos na rede.
Foto: Karina Moraes/FSNH