Apesar de não haver prova maior, por enquanto, de que as medidas protecionistas aumentaram, as pressões parecem estar crescendo, analisa o BCE.
O Banco Central Europeu (BCE) advertiu contra as tentações protecionistas que vêm ganhando força na crise econômica, em seu relatório mensal divulgado nesta quinta-feira, 12.
Também os debates dos ministros das Finanças do G7 (Grupo dos sete países mais industrializados do mundo) sexta-feira e sábado (14 e 15) em Roma serão dominados pelas ameaças protecionistas e a necessidade de criar normas comuns para enfrentar a crise, indicou nesta quinta-feira o ministério das Finanças italiano em seu site.
O BCE destaca que o apoio à globalização, ao livre comércio de bens e de capitais, tem a tendência de perder força em várias regiões do mundo, o que “não é surpreendente visto que as pressões protecionistas se tornam em geral mais fortes em períodos de tensão econômica e financeira”.
Segundo dados da Comissão Europeia referentes a 2008, os cidadãos da União Europeia (UE) estão muito divididos sobre a questão: 39% se declararam favoráveis à globalização e 43% veem nela uma ameaça para o emprego e as empresas nacionais.
Em uma pesquisa recente realizada nos EUA e citada pelo BCE, 60% das pessoas entrevistadas consideraram que a globalização é em geral uma boa coisa. “Para o futuro, será muito importante resistir aos apelos em favor das medidas protecionistas”, segundo a BCE.
Os grandes financistas do G7 devem discutir o tema sexta-feira e sábado em Roma. O debate voltou com força entre o G7 quando os EUA, num primeiro esboço do plano de retomada, incluíram uma cláusula chamada “Buy American” (compre produtos americanos), que foi muito mal recebida pelos parceiros comerciais e depois flexibilizada.
“A reunião dos ministros e banqueiros do grupo (Alemanha, Canadá, EUA, Grã-Bretanha, Itália e Japão), para a qual também é convidada a Rússia, discutirá principalmente as ações necessárias à estabilização da economia global”, indicou o ministério italiano.
“A elaboração das regras comuns e a luta contra as decisões protecionistas, que tendem a ser mais fortes em períodos de condições econômicas difíceis, são as linhas gerais do programa de trabalho da presidência italiana”, acrescentou.
O G7 promete trabalhar contra as tentações protecionistas, principalmente quando os EUA, num primeiro esboço do plano de retomada econômica, incluíram uma cláusula chamada “Buy American” (compre produtos americanos), que foi muito mal recebida pelos parceiros comerciais e depois flexibilizada. A polêmica vem aumentando também na Europa sobre as ajudas da França ao setor automobilístico. Japão e a Alemanha insistem particularmente neste ponto.
“A atual crise financeira e econômica é sem precedente. O G7/G8 tem hoje, ainda mais do que no passado, a responsabilidade de promover em nível global a adoção de reformas e de medidas adequadas de política econômica”, disse o ministério italiano.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, vai convidar seus colegas a adotarem medidas audaciosas contra a crise, indicou na quarta-feira um de seus colaboradores em Washington.
No encontro, as autoridades abordarão também o tema, da regulação e da melhora da transparência dos mercados financeiros.
A Itália proporá a seus convidados a adoção de um conjunto mínimo de regras sobre a propriedade das atividades internacionais (das empresas) e sobre a transparência, que a comunidade internacional inteira deve se comprometer a adotar. Estas novas normas teriam como alvo os paraísos fiscais e os fundos especulativos.
O grupo dos sete discutirá ainda o reforço da cooperação entre as autoridades de vigilância e de regulamentação dos mercados e sobre a reforma das instituições financeira internacionais.
Como os países pobres estão sofrendo cada vez mais com a crise e precisam de mais ajuda, o G7 discutirá também a crise alimentar.
Agence France-Presse