Hoje, Novo Hamburgo comemora um dia muito, muito especial. A Liga Feminina de Combate ao Câncer completa 38 anos. Uma data muito especial, que emociona a comunidade.
Mas, neste ano, os 38 anos estão marcados por um desafio como nunca enfrentado. Nunca visto. Nunca sonhado: a saída da oncologia SUS do município. Desde o início de sua história, e principalmente agora, a Liga é a voz dos doentes, que sofrem com a doença. Que sofrem com o descaso. Que sofrem com uma dor terrível, com a esperança, sim, da cura.
E neste desafio, entra uma mulher singular na história: a hamburguense Regina Dau, presidente da entidade. Ela falou sobre o caso hoje, novamente, muito emocionada. “A Liga, dentro do Hospital Regina, era uma filial do tratamento de câncer de Novo Hamvurgo dentro do Regina. A pessoa passava mal e ia para Liga. Até Uber pagávamos para os pacientes. Essa parte humana se perdeu, sim”, disse. A Liga se prepara para sair do Regina nos próximos dias – e atuará, somente, na nova sede da rua Tupi, 251.
“Continuamos achando um retrocesso, uma tristeza. Ninguém pode dizer que é bom se deslocar 40 km de ida e volta. Os paciente precisam entrar as 5h da manhã na Van, aguardar o último a ser atendido e voltar. Não questionamos o atendimento, mas esse duro deslocamento”, afirma Regina.
Ela faz críticas duras sobre o tema. “Novo Hamburgo, uma cidade de 250 mil habitantes, nona economia do estado, nunca deveria ter perdido a oncologia. O paciente da Liga tem uma renda baixa, vem com uma declaração na mão de que possui câncer e vem para cá. Tem pacientes da Liga com 18 anos e com 102. Atendemos a todos. E dói perder”, afirma.
“Deveria ter tido uma negociação maior, uma conversa maior. Nós somos uma terra com tantos empresários. Aquela pessoa que trabalha, todos os dias, em sua maioria, principalmente de baixa condição, precisará do SUS. Estes devem pensar nisso, nos trabalhadores”, comenta.
Todos os dias, pacientes se deslocam 40 quilômetros para ir, e mais 40 quilômetros para voltar do Hospital Bom Jesus, de Taquara, onde há o tratamento. “Ele (paciente) tem que esperar todos. Tem que fazer a consulta, a internação, a quimioterapia, a cirurgia. Tudo em Taquara. As vezes, o acompanhamente não tem nem ônibus. Para quem ele pede? Para a Liga”, diz.
LUTA NÃO PARA
No aniversário, a Liga hasteia a bandeira da luta. “A Liga assumiu a bandeira da volta da oncologia a Novo Hamburgo. Mas, os políticos precisam ter vontade. Precisa haver vontade política”, comenta. Ela está esperançosa com a volta da oncologia no Hospital Municipal. “Nós vamos continuar atendendo com tudo. E com uma nova bandeira: a volta da oncologia a Novo Hamburgo. A prefeitura prometeu, e nós vamos cobrar. E nós vamos entrar lá, para atender a todos, como sempre”, afirma.
NÚMEROS
A oncologia SUS, segundo Regina, teve um salto e hoje atende 1400 pacientes. “Com esse salto, hoje, temos 650 pacientes cadastrados. No passado, tínhamos 500”, conta. Com a saída do Regina e para ter capacidade de atender todos cadastrados, a Liga fará uma reforma na sua sede, para ter espaço para todo mundo.