Pesquisas foram responsáveis por descobrir, com 40 anos de diferença, que células maduras e especializadas podem ter seu estado revertido e se transformar em qualquer célula do corpo.
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Os cientistas John B. Gurdon, da Inglaterra, e Shinya Yamanaka, do Japão, receberam nesta segunda-feira, dia 08, o Prêmio Nobel de Medicina de 2012.
Suas pesquisas foram responsáveis por descobrir, com 40 anos de diferença, que células maduras e especializadas poderiam ter seu estado revertido e se transformar em qualquer célula do corpo. O britânico John B. Gordon descobriu há 50 anos que a especialização das células era reversível. Em sua pesquisa, ele substituiu o núcleo celular dentro do óvulo de um sapo pelo núcleo de uma célula intestinal madura.
Ele provou que o DNA da célula madura e diferenciada ainda continha as informações necessárias para desenvolver todas as células do corpo. Em 2006, o japonês Shinya Yamanaka foi mais longe. Enquanto na pesquisa de Gordon era necessário introduzir o núcleo de outra célula, Yamanaka conseguiu fazer com que células maduras de ratos fossem reprogramadas para voltarem ao estágio de células-tronco.
Descobertas mudam as ideias de especialização celular
Ao introduzir apenas uma pequena quantidade de genes, ele conseguiu reprogramar as células especializadas, e acabou criando o que ficou conhecido comocélula-tronco pluripotente induzida. Essas descobertas mudaram a visão dos cientistas sobre a especialização celular, e deram origem ao desenvolvimento de diversas novas terapias.
Ainda na década de 60, John B. Gurdon desafiou o dogma científico. Ele testou a hipótese de substituir o núcleo de um óvulo de sapo pelo núcleo de uma célula do intestino do animal. Como o óvulo deu origem ao girino de modo normal, ele provou que o DNA presente no intestino do animal ainda era capaz de se diferenciar em células de todo o organismo, com células nervosas e musculares.
Sua pesquisa foi inicialmente vista com ceticismo, mas foi confirmada por outros cientistas e é considerada uma referência na área. Mais de 40 anos depois, Shinya Yamanaka provou que, para criar novas células-tronco a partir de células especializadas, não era necessário transplantar seu núcleo para um embrião, era possível reverter o estado da célula original. Para isso, ele estudou células-tronco embrionárias, retiradas de embriões e cultivadas em laboratório.
Ao descobrir vários desses genes, ele testou diversas combinações para reprogramar células maduras conhecidas como fibroblastos. Por fim, ficou provado que a introdução de apenas quatro genes poderia levar à criação de uma célula-tronco pluripotente induzida. A pesquisa trouxe esperança na comunidade científica, por produzir células-tronco sem a necessidade de se destruir embriões.
O Prêmio Nobel de medicina é concedido desde 1901. No ano passado, ele foi dado a três cientistas por suas pesquisas com o sistema imunológico.
Informações de Veja
FOTO: reprodução / Reuters