A cidade de São Leopoldo enfrentou uma das piores enchentes de sua história recentemente, deixando um rastro de destruição e impactando mais de 180 mil pessoas, com 14 mil desabrigados distribuídos em 127 abrigos improvisados. Nesse cenário caótico, o 25º Batalhão da Brigada Militar emergiu como um bastião de esperança e auxílio para a população afetada.
Enquanto a cidade trabalha para se recuperar dos estragos causados pela enchente, a solidariedade, a cooperação e o esforço conjunto entre as autoridades, os voluntários e a população demonstram que, mesmo diante das adversidades mais sombrias, a esperança e a resiliência prevalecem. Por esse motivo, o policiamento embarcado vai continuar a ser uma presença constante nas ruas até o dia 1º de junho, marcando o compromisso contínuo da Brigada Militar em garantir a segurança e o bem-estar da comunidade de São Leopoldo.
Desde o início da tragédia, os policiais se dividiram em ambos os lados do rio, mobilizando todos os recursos disponíveis para enfrentar a calamidade. No entanto, os primeiros momentos foram desafiadores, com a escassez de barcos para atender à demanda crescente de resgates. Uma vez que em torno de 40 trabalhadores da Brigada foram diretamente atingidos.
Segundo o tenente-coronel Flori Chesani, a operação de socorro foi dividida em três fases distintas. Na primeira, que se estendeu ao longo de quatro dias, o foco primordial foi o resgate da população, mesmo com a falta de barcos e com a mobilização de militares reservistas. Na segunda fase foram implementadas ações específicas, divididas em três subníveis: a distribuição de ajuda humanitária, o patrulhamento para proteção do patrimônio e a vigilância nos abrigos, onde a segurança se tornou uma preocupação crucial.
Atualmente, a cidade vive a terceira fase da operação, centrada nos cuidados com as questões sociais que persistiram após as dificuldades causadas pela enchente. No entanto, o combate às fake news tem sido uma batalha adicional para a Brigada Militar, que tem lidado com informações falsas propagandas com o intuito de semear o caos e o pânico na comunidade.
Em entrevista exclusiva para a Vale TV, o coronel Luís Felipe Neves Moreira, comandante Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio dos Sinos (CRPO-VRS), comentou como foram os salvamentos com a chuva que não dava nem uma trégua no início.
“Durante os períodos de chuva intensa, a Brigada Militar tem ajustado seu efetivo de acordo com as condições climáticas. A presença constante e a rápida adaptação às mudanças do tempo são fundamentais para garantir a segurança da população. Nós acompanhamos sempre as condições climáticas. E assim vai mudando. E vamos jogando o nosso efetivo de acordo com essa demanda. Nos dias sem chuva, a força é direcionada para patrulhamentos e outras atividades de segurança. Quando as chuvas retornam, o foco é direcionado para situações emergenciais e resgates, garantindo que todos estejam protegidos e seguros”, afirma o coronel.
Moreira ainda deixou um recado para a população leopoldense, que, com a diminuição das chuvas, a Brigada Militar está ajustando suas operações para uma nova fase, chamada de “reforma da normalidade”. “A comunicação com a população de São Leopoldo é essencial para informar sobre as mudanças e tranquilizar os cidadãos. É importante a gente se dirigir à comunidade e informar a eles que a Brigada Militar continuará presente, diuturnamente. A presença constante, seja por terra ou por água, tem sido um pilar de segurança para a comunidade, permitindo que os moradores realizem suas atividades diárias com menos preocupações”, disse.
Em uma mensagem final aos moradores de São Leopoldo, o coronel enfatizou: “Tentem, como eu disse antes, dentro desse caos, se tranquilizarem, porque nós estaremos, nós continuaremos presentes na comunidade. Então, o nosso foco é dar a segurança para que essas pessoas possam voltar às suas residências com toda a tranquilidade”.
Chesani relembrou as dificuldades dos salvamento nos quatro primeiros dias. “Não tínhamos barcos suficientes e muitas coisas ainda estávamos aprendendo como lidar. Fomos nos adaptando às necessidades, já que nossa prioridade era salvar vidas”, relatou.
Além disso, ele comentou que os cuidados nos salvamentos com os idosos eram mais delicados pois necessitavam de cuidados especiais. “Salvamos pessoas e animais, principalmente os acompanhados por tutores ou os cães e gatos que protegiam das águas nos telhados das casas.”
Com a diminuição das chuvas e a estabilização das condições, o tenente afirma que a Brigada Militar continuará a desempenhar seu papel na manutenção da segurança pública. “Para conhecimento da população, continuaremos com patrulhas em locais pontuais, como áreas bancárias para garantir a segurança e apoiar a retomada das atividades comerciais e assim podermos voltar tranquilamente a normalidade”, afirmou.
Um dos objetivos primordiais na cidade é reduzir o número de abrigos de 127 para dois ou, no máximo, três, visando uma reconstrução gradual e uma retomada da normalidade. Contudo, a jornada rumo à recuperação não tem sido de desafios. A segurança dos voluntários é uma preocupação constante, dada a incidência de casos de violência na cidade, que resultaram em 44 prisões no mês de maio, além do aumento nos casos de violência doméstica, como crime com estupro de vulnerável.
Ponto de Coleta
Apesar das adversidades, a solidariedade tem se destacado como uma força motriz na comunidade, com a criação de pontos de doações e distribuições coordenadas pela capitã Bibiana Menezes.
Aproximadamente 300 toneladas de mantimentos já foram arrecadados e distribuídos, com doações chegando de diversas partes do Brasil a cada 72 horas. Essas doações são direcionadas à Escola Cristo Rei, que se tornou um centro de distribuição para a comunidade afetada, uma iniciativa que, além de auxiliar os membros da Brigada Militar atingidos, têm beneficiado toda a população local.