Estudo deve ajudar no planejamento de estratégias de prevenção, já que a infecção parece ocorrer entre os seis e 15 anos.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Uma pesquisa epidemiológica inédita da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp revela que 6,5% dos brasileiros tiveram hepatite A, doença transmitida por água e alimentos contaminados, em 2008.
O panorama, no entanto, não é uniforme: na região Norte, a porcentagem é quase sete vezes maior do que no Sul. Lá, 15,2% dos exames laboratoriais tiveram resultado positivo, contra 2,4% na região Sul. O trabalho foi apresentado pelo professor da Unifesp Celso Granato no Congresso Americano de Infectologia, no final de outubro.
Para a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, a pesquisa ajuda a planejar estratégias de prevenção. Na semana passada, o presidente Lula vetou um projeto do Senado que previa a inclusão da vacina no calendário básico do SUS – ela continuará disponível apenas para casos específicos.
Segundo Granato, que também é infectologista, os médicos vinham notando que os pacientes estavam se infectando mais tarde nos últimos 20 anos – o que indica melhorias no saneamento básico -, mas não havia dados abrangentes que confirmassem essa percepção.
“Os estudos feitos até agora baseavam-se em prevalência e são muito fragmentados”, explica. Eles mostram a fatia da população que tem anticorpos contra o vírus em intervalos de dez anos, mas não revelam a idade em que a pessoa foi infectada.
Conclusões apontam discrepâncias
O estudo da Unifesp, por sua vez, aponta o momento de infecção, valendo-se de milhares de resultados de exames de hepatite A de laboratórios particulares do país que fazem o teste.
“Com 175 mil resultados, documentamos variações regionais bastante grandes e diferenças em relação à idade em que a hepatite A incide nas várias regiões.” No Brasil como um todo, a infecção ocorre mais entre os seis e os 15 anos.
No Norte e no Nordeste, além de a porcentagem de infectados ser maior, a idade média de contaminação é menor – por volta dos três anos, enquanto no Sul e Sudeste está entre 15 e 20 anos.
REGIÕES – Segundo Granato, nas regiões mais ricas do Brasil o padrão é semelhante ao da Argentina e da Espanha – países com índices satisfatórios de saneamento básico -, enquanto o Norte e o Nordeste aproximam-se mais de Bolívia e Equador.
Para o infectologista Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo – USP, os resultados mostram quais são as áreas mais críticas para a imunização: Norte e Nordeste, que devem, portanto, ser priorizadas em campanhas de vacinação.
Informações de Folha.com
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