Por Vitoria Fischer Schilling
Nesta terceira parte, as maravilhas e descobertas da estação mais fria na Suíça, andar de patins no gelo, a neve nas ruas… Em contraponto, uma aventura de bicicleta desvendando as belas cidades suíças. Vale a pena conferir!
O INVERNO NA SUIÇA
Mas o inverno na Suíça não é só Natal. Ele começa muito antes disso, e acaba muito depois. Eu já tinha visto neve antes, em outras viagens, mas nunca tanta neve e por tanto tempo.
A primeira vez que nevou foi em uma noite que eu havia saído com as minhas amigas. Fiquei muito empolgada, porque nunca havia visto neve realmente caindo. Elas disseram para eu nem comemorar muito, que enjoaria rápido. Bom, não sei se sou eu que sou estranha, mas entre os meses de novembro e abril, que foi quando nevou (tive a sorte de estar lá no ano que deu mais neve dos últimos 50 anos!) não enjoei sequer um pouquinho. Ao contrário, comemorei cada vez e aproveitei muito.
Também pude “aprender” a andar de esquí. Ok, tentei aprender. O medo não me deixava andar muito rápido, e a descoordenação não me deixava ficar em pé por muito tempo. Mas foi legal, e uma experiência única, porque não quero ter que passar por isso de novo.
Também tive algumas experiências com carros, árvores e vidros congelados;
Andar de patins no gelo com a temperatura de -5 graus;
Descer uma montanha de trenó;
E ver várias casinhas cobertas de neve, em algumas das visões mais bonitas que tive e que nunca mais vou esquecer.
Suíça de bicicleta
Entre muitos outros clichês, a Suíça é famosa pelas bicicletas. 9 entre 10 revistas de turismo que falam do país colocam trajetos de bicicleta em suas páginas, e, estando lá, eu não poderia deixar de experimentar isso. Além de ir para a escola todos os dias de bicicleta, eu aproveitava o meu tempo livre pra dar uns passeios ao redor da minha casa. O pequeno vilarejo tinha uns bosques e umas estradinhas bem propícias para andar de bicicleta, e volta e meia eu via alguns turistas passeando, ou atletas andando numa velocidade incrível e provavelmente se preparando para alguma competição.
Na escola, todas as crianças aprendem as regras de trânsito para os ciclistas, e todos usam capacete e seguem as regras.
No final do meu ano lá fui convidada por uma colega para fazer um passeio de bicicleta em um final de semana. Saímos de casa no sábado de manhã, carregando uma mochila com alimentos e uma barraca. Andamos muito de bicicleta, e foi a melhor forma de conhecer de verdade o país, pois andando de trem muita coisa passa em branco.
No sábado à noite paramos em um camping para dormir, já na parte francesa da Suíça, e aproveitei para assistir em um telão lá o jogo do Brasil x França da Copa de 2006. Pois é, o jogo em que fomos eliminados, e eu rodeada por franceses. Tranqüilo, a essa altura eu já conseguia me fazer passar por suíça mesmo, e não fiquei ouvindo deboches sobre a ‘maravilhosa’ atuação do Brasil no jogo. Os comentários vieram apenas segunda-feira na escola, dos meus colegas ainda felizes por a Suíça, depois de tantos anos, ter conseguido participar da Copa.
No domingo continuamos nosso trajeto de bicicleta, e conheci muitos lugares lindos. Ao contrário do que eu imaginava, a energia não acabou tão rápido assim, e eu cheguei em casa no domingo inteira e pronta pra próxima. A próxima que vai ter que ficar pra outra vez que eu for pra lá, já que esse era o meu penúltimo final de semana na Suíça.
Cidades da Suíça
Todo país tem suas cidades mais famosas. E não são famosas sem motivo: elas são visitadas por turistas exatamente por terem algo de especial. Durante o meu intercâmbio conheci algumas das cidades famosas da Suíça, e por mais que eu não lembre muitos detalhes sobre a história ou nomes dos lugares, as fotos permanecem, e a lembrança dos momentos vividos por lá não será facilmente apagada da minha memória.
Berna, a capital
Durante o meu primeiro mês na Suíça fui todos os dias à capital, Berna, para ter aulas de alemão. Conheci aquela cidade melhor do que conheço Novo Hamburgo, de tanto que caminhei por lá, de tantas fotos que tirei. Uma cidade maravilhosa, que mantém tudo impecável, apesar dos milhares de turistas que circulam por suas ruas.
Zurique, a maior cidade
Com cerca de 370 mil habitantes, Zurique é a maior cidade da Suíça, e por muitos confundida como sua capital. Morei uma semana lá com outra família suíça, e foi interessante passear pelas ruas movimentadas e ouvir diversos idiomas diferentes – entre eles o português.
Basel, a cidade da fronteira
Basel (também conhecida como Basiléia) é a cidade que faz a fronteira da parte alemã com a parte francesa da Suíça. É a segunda maior cidade do país, e faz realmente a divisão entre dois idiomas, duas culturas, e quase dois mundos diferentes.
Lucerna, a cidade para os turistas
Lucerna é uma cidade muito bonita. Mas por lá tudo é mais caro, e tudo e voltado para os turistas. Não é pra menos: as atrações são de encantar qualquer um.
Ticino, a parte italiana
A região de Ticino é uma região italiana da Suíça. E por mais que eu não conheça a Itália, imagino que se assemelhe muito com o país. Fui pra lá acompanhada de uma amiga italiana que fazia seu intercâmbio junto comigo, e foi maravilhoso vê-la encantada com as pessoas ao seu redor falando a sua língua nativa.
A parte francesa da Suíça
Genebra é uma cidade linda, pertinho da França. 20% de sua população é estrangeira, e é um lugar rico em cultura. Minha “irmã” suíça morava por lá, e eu tive vários finais de semana com experiências ótimas com ela.
Na parte francesa também fica o Castelo de Chillon, provavelmente o mais famoso da Suíça.
Solothurn, a cidade que eu conheci
Solothurn é uma cidade de cerca de 20 mil habitantes. Não é muito famosa, mas foi a cidade que eu conhecí. Como falei em outro texto, o vilarejo de 200 habitantes no qual morava ficava a cerca de 20 minutos dessa cidade, e era nela que eu ia à escola e que eu saía para passear. Solothurn é uma cidade maravilhosa, que, na minha singela opinião, deveria ser incluída nos roteiros sugeridos pelas revistas de turismo.
Enfim, na Suíça tive algumas das minhas melhores experiências de vida. Pude visitar lugares maravilhosos, passar frio, e sentir o calor da amizade com pessoas que sequer imaginaria conhecer. Se eu quero voltar pra lá? Com certeza. Mas sei que há muitos lugares lindos por aí, e que há tanto nesse mundo que ainda quero ver.
Aos que estão lendo este texto, fica a dica: A cada viagem que fizerem, aproveitem, fotografem, mas acima de tudo, VIVAM o lugar que estão visitando. Nem todos têm a chance de morar por um ano em outro país, mas quem tiver, FAÇA. Faça um intercâmbio, proporcione isso aos seus filhos. É um ano de aprendizado intenso, de descobertas, de independência.
Sou estudante de jornalismo, e o meu maior sonho é poder viver viajando e, acima de tudo, conhecendo a fundo os mais variados lugares que puder. E claro, fotografando e escrevendo, compartilhando cada experiência que eu tiver. Trabalho com intercâmbio e busco proporcionar às pessoas ao redor do mundo inteiro uma experiência tão maravilhosa quanto a minha.
Comentários são muito bem-vindos, e podem ser enviados por email para [email protected].
Leia também:
Parte 1 – Os pequenos vilarejos Suíços, alguns costumes e culinária Suiça
Parte 2 -A fantástica fábrica de chocolate e queijos, Carnaval, Natal e outras festividades