Duas professoras são de Novo Hamburgo. Confira na matéria quem são os 8 gaúchos (as), que se destacaram.
Em um cenário tão desafiador quanto o de 2020 e 2021, em plena pandemia, estes 50 educadores se destacaram por mostrarem excelência em suas práticas, que são exemplares na Educação Básica brasileira. Destes 8, são gaúchos (as), duas professoras são de Novo Hamburgo. Os trabalhos selecionados vieram de 14 estados e abrangem da Educação Infantil ao Ensino Médio, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Atendimento Educacional Especializado (AEE).
NEUZA TEREZINHA GESSLER
Crianças bem pequenas – 2 a 3 anos / Educação Infantil
Trabalho: Ressignificando a natureza na pandemia
Creche: EMEI Beija Flor Novo Hamburgo, RS
A confecção de um diário de memórias durante a pandemia foi a maneira que a professora Neuza encontrou de aproximar escola e família. Com fotos e outros registros de experiências familiares, o livro, construído com materiais reciclados, folhas secas, flores desidratadas, fitas, botões e restos de tecidos teve objetivo de estreitar os laços entre as crianças e seus pais ou cuidadores. Passados alguns meses, em que o ensino remoto se tornou híbrido e depois voltou a ser presencial, os ganhos foram aparecendo: as famílias passaram a valorizar a escola e as crianças foram mais escutadas, o que as fez desenvolver sua linguagem oral, registrada em vídeos pela professora. Formada em pedagogia após os 50 anos, Neuza é uma profissional entusiasmada e estudiosa que se tornou referência entre as colegas da creche. De maneira muito apropriada, também escreve mini histórias – relatos do que acontece na rotina da Educação Infantil – de sua turma.
CRISTIELE BORGES DOS SANTOS
Crianças bem pequenas – 2 a 3 anos / Educação Infantil
Trabalho: A voz das crianças: conexões que aproximam
Escola: EMEI Joaninha Novo Hamburgo, RS
Quem lida diariamente com crianças pequenas sabe que desenvolver um bom trabalho inteiramente à distância, durante a pandemia, foi um desafio enorme. Mas a professora Cristiele conseguiu uma comunicação que fez sentido e foi respeitosa com a faixa etária de 2 anos. De março de 2020 até janeiro de 2021, sua turma acompanhou o crescimento da batata doce, o que possibilitou integrar conhecimento científico, cuidado com as plantas e registros, em especial o desenho. Como a maioria das famílias só tinha o celular, as conversas e atividades aconteciam de forma individual, em duplas ou trios. O WhatsApp permitiu divulgar imagens e áudios, revelando que a linguagem oral das crianças deu um salto no período. O projeto destaca as especificidades da Educação Infantil, que envolve compreender como as crianças pensam, constroem conhecimento e se comunicam. Além disso, é um lindo exemplo de como os adultos – professora/es, gestoras e famílias – podem preparar um entorno delicado e cuidadoso para que elas aprendam.
MIRIAM REGINA MUNDSTOCK CARVALHO
Educação Física – 2º ano / Ensino Médio
Trabalho: Projeto para uma vida ativa
Escola: Escola Técnica Estadual 31 de Janeiro Campo Bom, RS
Diante do desafio de vencer a barreira do distanciamento nas aulas de Educação Física, a professora Miriam se apropriou de novos recursos para se manter conectada com os estudantes durante a pandemia. Encontros por Meet, videoaulas, vídeos no YouTube, aplicativos e a construção de sites foram algumas das estratégias utilizadas para anunciar um conteúdo de qualidade, que permitiu aos estudantes aprofundar estudos e conhecimentos sobre a conexão do movimento com a saúde e o bem-estar. Ao potencializar a ideia de que a educação física contribui para que os jovens desenvolvam saberes relacionados com um projeto de vida ativa, que contempla movimento e atividade física motivante e consciente, a professora colocou os meninos, as meninas e as famílias para se movimentar. Os planos de vida ativa revelam percursos em que os estudantes selecionaram práticas corporais de acordo com suas preferências – bicicleta ao ar livre, corrida e ioga foram algumas das escolhas –, aprenderam mais sobre elas e desenvolveram atitude autônoma para gerenciar seu próprio programa de atividade física.
LUCIANA DOMINGUES RAMOS
Geografia – 2º ano / Anos Iniciais do EF
Trabalho: Se essa rua fosse minha
Escola: EMEF Professor João Carlos von Hohendorff São Leopoldo, RS
A professora Luciana precisou reatar os vínculos com seus alunos depois de mais de meio ano em que a escola ficou sem atividades. Para o ensino remoto, teve a sensível ideia de pedir a cada uma das crianças para observar a paisagem urbana da “moldura” da janela de casa. Apoiada nas temáticas de Geografia e Linguagens, ela incentivou ações de pesquisa sobre as ruas da cidade de São Leopoldo, particularmente características (pavimentação, calçadas, iluminação de rua, arborização etc.) e vivências do entorno da escola e das residências. Usou ferramentas adequadas para isso como Google Earth, GoogleForms, WhatsApp e vídeos. Suas propostas articularam o material didático, a temática geográfica e o foco no ensino por investigação, o que incluiu o levantamento de dados empíricos das ruas do bairro. Consciente de que precisava fazer a turma avançar no processo de alfabetização, Luciana colocou-os em contato com a leitura, a escrita e a comunicação de maneiras diversificadas, colaborativas e com engajamento para se localizar, reconhecer e refletir sobre sua realidade e seu lugar no mundo.
CRISTINA MARIN RIBEIRO GONÇALVES
Geografia – 7º ano / Anos Finais do EF
Trabalho: Documentário sobre direitos humanos
Escola: Colégio Monteiro Lobato Porto Alegre, RS
Com sensibilidade, competência e sem estereótipos, a professora Cristina desenvolveu um tema difícil e urgente na escola: os direitos humanos. Atuando no sistema híbrido e presencial em uma instituição particular na capital gaúcha, ela articulou o interesse dos alunos e a linguagem de vídeo, que eles já tinham experimentado, para orientar a criação de documentários. Estudar a Geografia do ponto de vista humanista, abordando o genocídio indígena, a escravização de indígenas e negros e a proibição de manifestações culturais e religiosas em prol do cristianismo descortinou o olhar crítico dos estudantes, que compreenderam a origem do racismo estrutural. Além de pesquisar sobre a história dos direitos humanos, a turma realizou entrevistas com professores e funcionários do colégio, investigando diferentes óticas sobre a temática. A realização dos documentários, em que cada um se engajou de acordo com seu talento e habilidade, fez os adolescentes reconhecerem situações que negam o que deveria ser básico para todos os seres.
DANIELA CARDOSO DA SILVA
Gestora – Coordenadora Pedagógica / Ensino Fundamental (EJA)
Trabalho: Manual de Sobrevivência da EPA – Escola Porto Alegre
Escola: EMEF Porto Alegre Porto Alegre, RS
A escola onde Daniela atua, uma das poucas no país dedicada às pessoas em situação de rua, é um espaço de acolhimento e aprendizagem que vai além do currículo convencional. O trabalho pedagógico se concretiza em ações de cidadania, valorização das experiências de vida dos estudantes, incentivo à expressão oral e escrita e à leitura, além de conteúdos de relevância para eles, como cuidados com a saúde física e mental. O clipe da música “Manual de Sobrevivência”, de Bruno Amaral, foi o ponto de partida para um projeto interdisciplinar construído por educadores, estudantes e colaboradores externos. Depois do clip, o texto “Manual de Sobrevivência do Fábio”, escrito por um dos alunos, viralizou nas redes sociais e em seguida aconteceram muitas ações importantes, algumas previstas e outras não. O livro “A Filha do Dilúvio”, de Miguel da Costa Franco, inspirou propostas de leitura e escrita, conversa com o autor, fotografia, teatro, oficina de cinema, produção de textos autobiográficos e de um memorial da rua, motivando registros em vídeos e em um livro elaborado por alunos e professores.
JOSÉ CARLOS NASR
Geografia – 9º ano / Anos Finais do EF
Trabalho: Museu Virtual Marista
Escola: Colégio Marista Ipanema Porto Alegre, RS
A Segunda Guerra Mundial já aguçava a curiosidade da turma e o professor José Carlos “deu corda” para o assunto, valorizando a autonomia dos alunos nas atividades de pesquisa. Uma parceria interessante da Geografia com a História, em trabalho conjunto com a professora Vitoria Almeida Machado, garantiu vínculos de estudos, trocas de conhecimentos e a ampliação do repertório dos estudantes. O objetivo foi a construção coletiva de um acervo digital sobre múltiplos aspectos do evento geopolítico que marcou o século XX. Os adolescentes criaram um site com abas temáticas, como uma sobre os grupos perseguidos pelos nazistas – os ciganos Sinti e Rom, os comunistas e os homossexuais – com textos e imagens sobre o que acontecia na época e links para curiosidades e reportagens mais atuais. Os materiais editados no museu virtual mostram como a turma desenvolveu o senso crítico, identificou e comparou as intervenções humanas ocorridas nos espaços, as transformações sociais e culturais que a guerra produziu e seus reflexos até hoje.
FRANCINE BRANCO TAKAMOTO
Química – 2º ano / Ensino Médio
Trabalho: Dureza da água de Feliz (RS): remoção de carbonatos precipitados em superfícies de utensílios caseiros
Escola: Colégio Estadual Professor Jacob Milton Bennemann Feliz, RS
A professora Francine levou sua turma a compreender um tema importante dentro do conhecimento químico – as funções inorgânicas – por meio de experimentação simples e contextualizada. O ponto de partida foi um problema local: a água do município de Feliz é muito dura (tem alta concentração de carbonatos), gerando uma camada esbranquiçada que se deposita sobre utensílios como panelas e talheres. Os estudantes e seus familiares conhecem métodos caseiros mais ou menos eficientes para a removê-la. A partir disso foram colocadas questões: O que há em comum entre os reagentes caseiros que funcionam? Quais os princípios químicos que explicam a eficiência de alguns produtos e a ineficiência de outros? Os alunos pesquisaram em casa, trouxeram itens de cozinha com precipitação incrustada e testaram os reagentes sugeridos para a remoção. Observando os resultados, sob mediação da professora, caracterizaram o grupo dos ácidos por meio da reação entre eles e os carbonatos e perceberam a utilidade do saber científico na vida prática.
Em 2017 Novo Hamburgo também se destacou no Prêmio Educador Nota 10. A 20ª edição do prêmio recebeu mais de 5 mil inscrições. Ao lado de outros nove projetos, as professoras Denise de Oliveira e Rosemeri Polonio, únicas representantes do Rio Grande do Sul, participarão da cerimônia de premiação em outubro, na cidade de São Paulo.
SOBRE O PRÊMIO
O Prêmio Educador Nota 10 foi criado em 1998 pela Fundação Victor Civita. Reconhece e valoriza professores e gestores escolares da Educação Infantil ao Ensino Médio de escolas públicas e privadas de todo o país.
Hoje, o Prêmio conta com a parceria de mídia da Abril, Globo e Fundação Roberto Marinho, tem o patrocínio da SOMOS Educação e BDO, e o apoio da Nova Escola, Instituto Rodrigo Mendes e Unicef. Desde 2018, o Prêmio Educador Nota 10 é associado ao Global Teacher Prize, realizado pela Varkey Foundation, prêmio global de Educação.
Informações e fotos: premioeducadornota10.org