Em resposta, Odone criticou Koff por não dispor do prometido fundo de investimentos, nem do craque misterioso que estaria guardado em um cofre.
Da Redação redaçã[email protected] (Siga no Twitter)
Durou pouco a convivência harmoniosa entre Paulo Odone e Fábio Koff. A entrevista concedida domingo a Zero Hora pelo presidente eleito, na qual sobraram críticas à parceria firmada com a OAS para a construção da Arena, expôs novamente as diferenças entre as duas lideranças.
Nesta segunda-feira, dia 18, em sua resposta, além de garantir que o Grêmio só lucra com a nova casa, Odone criticou Koff por não dispor do prometido fundo de investimentos, nem do craque cujo nome estaria guardado em um cofre. E disse que a transmissão de cargo, marcada para esta terça, será um mero ato institucional.
Entrevista
O Grêmio levará mesmo 20 anos pagando a Arena, como disse o presidente eleito Fábio Koff?
Odone – Só quem se obrigou com o financiamento junto ao BNDES foi a OAS. Se faltar dinheiro para o financiamento, a OAS paga. Não há dúvida sobre isso. O Grêmio receberá a escritura do imóvel da Arena. Como irá pagar isso? Entregando a área do Olímpico e, durante 20 anos, junto com a OAS e com a empresa Arena Porto alegrense, fazer a administração desse complexo todo. Durante esse período, do resultado dessa gestão, restam 65% para o Grêmio e 35% para a OAS. Só vamos entregar o Olímpico quando recebermos a escritura do imóvel. E só receberemos a Arena quando ela estiver 100% concluída e acabada. Não há nenhum risco para o Grêmio.
A OAS fica com os direitos sobre a marca Grêmio?
Odone – O Grêmio não cede nenhum centímetro de sua marca para a OAS. Ela ficou intocada no negócio. A marca nada tem a ver com a Arena, nem com a OAS. Não entendi a alusão que ele fez a marca.
O Grêmio terá que pagar a OAS R$ 20 milhões anuais para que seus torcedores tenham lugar na Arena?
Odone – Compramos todo o anel superior para colocar os 25 mil sócios que fizeram a famosa migração. Eles vieram para a Arena, ocuparam os lugares mais nobres, trouxeram filhos e parentes. Pagamos R$ 20 milhões para ter esse espaço na Arena. Mas nossa arrecadação, que fechou em R$ 31 milhões no ano passado, subiu para mais de R$ 60 milhões com a migração. Ou seja, vamos pagar os R$ 20 milhões e ainda teremos uma sobra de R$ 40 milhões a cada ano. Esperamos que a próxima direção tenha uma visão futurista, empreendedora, que faça com que a paixão da torcida renda de todas as formas.
Não pode pensar negativamente. O pior da entrevista do presidente eleito foi o tom de desestímulo, a crítica a nós mesmos e o elogio ao adversário. Nossa obra é grandiosa, feita por nós mesmos. Melhor, só com a politicagem feita em São Paulo, em que um clube recebeu um estádio de graça do poder público.
O senhor teve encontros cordiais com Fábio Koff depois da eleição. Diante disso, sente-se traído com a entrevista que ele deu?
Odone – De fato, quando nos encontramos, depois da eleição, o tom era cordial. Ele admitiu que a história do jogador no cofre era um marketing eleitoral. Então, brinquei, disse que tinha sido vítima de um estelionato eleitoral, demos risadas. Na campanha, ele disse que haveria um fundo de investidores, que o Conselho Deliberativo só precisaria aprovar uma comissão de finanças que seria presidida pelo Galló (o empresário José Galló, CEO das Lojas Renner).
A comissão supriria o Grêmio para reforçar o plantel e ganhar a Libertadores e o mundo. É frustrante. Não tem fundo de investidores, não tem como estalar os dedos e arrumar R$ 20 milhões, não tem jogador no cofre. Talvez a entrevista dele também tenha tido este objetivo, dizer que não há recursos, que vai ser difícil cumprir a promessa.
Como será o clima entre o senhor e Fábio Koff na passagem do cargo?
Odone – O clima será bom, uns 33 graus, pergunta para o Cléo Kuhn (risadas). Vai ser um ato institucional. Vou passar a presidência para ele. Não tenho outra coisa a fazer, a não ser desejar que Deus o ilumine e dê saúde para cumprir as promessas. Não tenho mais nada a fazer.
Informações de Zero Hora
FOTO: Bruno Alencastro / Zero Hora