Elisiane San Martin e os bebês Gustavo e Guilherme tiveram alta nesta quarta-feira, após 27 dias internados. Os três ainda ficam na cidade para período de revisões médicas.
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Do martírio enfrentado para dar à luz gêmeos até a alta do Hospital Municipal de Novo Hamburgo foram 27 dias e, enfim, Elisiane San Martin, 34 anos, pode curtir os filhos Gustavo e Guilherme.
Acompanhada pelo pai dos bebês, Alex Naparo, 33, a funcionária pública que viajou 530 quilômetros com a bolsa rompida até o parto deixou a casa de saúde nesta quarta-feira, dia 16. Agora, fica ainda 10 dias em Novo Hamburgo para as revisões médicas até voltar para Santa Vitória do Palmar, na região Sul do Estado.
O drama da família San Martin começou no dia 21 de outubro, quando a bolsa de Elisiane rompeu, na cidade em que vivia. Diagnosticada com infecção ovular, ela só poderia dar à luz aos gêmeos, prematuros, com sete meses de gestação, em hospitais que tivessem dois leitos de UTI Neonatal. Não era o caso de nenhum na região Sul. Teve então que viajar sete horas até Novo Hamburgo para ter os bebês, no dia 23.
Ao deixar o hospital, os pais dos gêmeos não escondiam a emoção. “Se não fosse pelo amor das pessoas que nos atenderam, não teríamos sobrevivido”, desabafa Elisiane, que diz não guardar mágoas, mas não deixa de fazer um alerta. “Faço um apelo aos governantes: olhem com mais atenção para a saúde! A vida não pode esperar.” A mãe e os bebês chegaram a Novo Hamburgo em estado grave e os primeiros boletins médicos davam poucas esperanças de cura. “Espero que outras mães não passem por isso”, acrescenta Elisiane.
Segundo o coordenador de obstetrícia do Hospital Municipal, João Bohn, em casos como esse o atendimento em curto espaço de tempo é fundamental. “Quando arrebenta a bolsa, a paciente tem que ser atendida imediatamente. A chance de infecção é muito grande”, explica, revelando que a recuperação da mãe e dos bebês superou as expectativas. Os três estão com o quadro de saúde considerado bom. Guilherme deixa o hospital com pouco mais de dois quilos e Gustavo com 2,5 quilos, aproximadamente.
Autoridades falam
em superação
Em entrevista coletiva (foto), o secretário estadual de Saúde, Ciro Simoni, admitiu a insuficiência de leitos de UTI Neonatal. Destacou, no entanto, que o Rio Grande do Sul é o estado que mais conta com, proporcionalmente. São 380 leitos.
Depois do caso de Elisiane, uma nova vaga foi aberta em Canguçu, a menos de 300 quilômetros de Santa Vitória do Palmar. O Estado é responsável pela central de leitos que regula o serviço. Simoni aposta na prevenção, como os exames de Pré-Natal, para evitar novos dramas.
O prefeito Tarcísio Zimmermann conta que o hospital hamburguense recebe diariamente mães de outras cidades. Hoje, são três pacientes. “Esta vitória tem que ser creditada aos funcionários do hospital, que mesmo diante de toda a dificuldade, não desistem”, avalia Zimmermann.
Durante o tratamento, o pai e os avós dos gêmeos foram acolhidos na casa de uma assistente administrativa da casa de saúde, Isabel Martins de Oliveira, onde Elisiane vai ficar com os filhos até terminar o período das revisões médicas.
FOTOS: Ronan Dannenberg / PMNH