Alberto Carabajal considera que a matéria reforçou apenas os pontos positivos da escola Jacob Kroeff Neto e focou somente nos pontos negativos da Eugênio Nelson Ritzel.
Mônica Neis Fetzner [email protected] (Siga no Twitter)
A manhã da última segunda-feira, dia 16, foi diferente para estudantes das escolas municipais Jacob Kroeff Neto e Eugênio Nelson Ritzel, em Novo Hamburgo.
A equipe do “JN no Ar”, quadro do Jornal Nacional, da TV Globo, usou-as como exemplo de escolas públicas da Região Sul. O projeto percorrerá outras instituições de ensino das demais regiões do Brasil, definidas por sorteio.
O critério de escolha das escolas foi a classificação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb. A Jacob Kroeff Neto tem 6,6, o maior do município – e índice melhor que a média nacional. A Eugênio Nelson Ritzel, com 3,6, tem a menor taxa entre as escolas públicas hamburguenses.
O Portal novohamburgo.org procurou o titular da Secretaria de Educação e Desporto de Novo Hamburgo – Smed, Alberto Carabajal, para saber a razão do contraste entre as duas escolas e a repercussão que a reportagem causou. Ele considera que, se a intenção do JN é chegar de surpresa para que as secretarias de Educação não “maquiem” a realidade das escolas, a matéria deveria ter mostrado os dois lados de ambas as instituições. “No meu ponto de vista, a reportagem reforçou muito os pontos positivos de uma e focou apenas nos pontos negativos da outra, sob risco de estigmatizar ainda mais a escola da periferia.”
A reportagem, exibida na noite de segunda-feira, classificou a diferença entre as duas instituições como “uma aula de contradições”. “De um lado, escolas com um computador por aluno, cursos de filosofia, oficinas de artes. Do outro, escolas sem segurança, com goteiras no meio da sala e vidros quebrados”, descreveu o repórter André Luiz Azevedo (foto acima).
DEFINIÇÕES – O repórter e sua equipe estiveram acompanhados do especialista em Educação Gustavo Ioschpe. Ele definiu a Jacob Kroeff Neto como muito bem classificada. “Certamente é um caso de sucesso dessa região. A meta que o Brasil tem para 2021, daqui a 10 anos, é de nota 6, então essa escola, hoje, já superou essa meta”, destaca.
Sobre a Eugênio Nelson Ritzel, o especialista fala em acomodação. “Eu vejo um pouco uma aceitação, até pelo fato de serem famílias um pouco mais pobres, de que alguns alunos não aprendam. Isso não pode acontecer. A escola não pode nunca desistir do aluno e tem sempre que insistir para que aquele aluno aprenda e domine totalmente a matéria.”
Secretário de Educação critica
abordagem da matéria
“De maneira geral, temos monitorado as opiniões das pessoas, inclusive no próprio site do JN. Recebemos ligações de Brasília e de São Paulo. Há uma avaliação positiva da reportagem, o problema é o método como a equipe tratou das situações nas escolas”, esclarece Alberto Carabajal (foto ao lado), definindo a abordagem como “um tanto agressiva e invasiva”.
O secretário critica a omissão dos projetos que já estão em prática na Eugênio Nelson Ritzel desde o ano passado, e garante que as iniciativas foram apresentadas à equipe. Citou como exemplos a horta da escola, o contra-turno e os programas Segundo Tempo e Mais Educação.”O objetivo é aumentar a qualidade do ensino e diminuir a repetência. Neste caso específico, a escola vem melhorando seus índices. Não é porque a instituição fica em uma área vulnerável que os alunos não vão aprender”, defende.
Conforme Carabajal, a equipe da TV Globo entrou em contato com a Secretaria de Educação nesta terça-feira, 17, perguntando quais as atitudes que serão tomadas após a veiculação da matéria. “Eu respondi que vamos continuar fazendo o que já vinha sendo realizado. As iniciativas para melhorar a situação não são novas.”
REPETÊNCIA – Em 2009, foram 211 estudantes reprovados, o equivalente a 24,51%. Em 2010, o índice caiu para 18,46%. “Os motivos que levaram estes 149 alunos a reprovar serão diagnosticados individualmente. Pode ser uma questão de didática pedagógica, de saúde – temos 22 com deficiências físicas e/ou mentais – ou de vulnerabilidade social”, avalia. “Há uma parceria entre as secretarias de Educação, de Saúde e de Desenvolvimento Social para reverter este quadro.”
Com informações de Jornal Nacional
FOTOS
Robson Nunes / PMNH
Lucas Inácio Willers / Mídia e Educação