Mesmo com mau tempo, tradicionalistas celebraram a Revolução Farroupilha desfilando com cavalos e carros alegóricos que homenageiam a cultura gaúcha na av. Pedro Adams Filho.
Bianca Lopes [email protected] (Siga no Twitter)
Para celebrar a Revolução Farroupilha, Novo Hamburgo preparou uma programação especial nesta terça-feira, dia 20. O aguardado Desfile Farroupilha, como auge, deveria começar às 09 horas da manhã, mas por conta da chuva foi adiado em uma hora.
Nada que pudesse ofuscar o brilho da celebração mais importante do Estado. E tudo começou com o clima típico do Rio Grande do Sul: frio e úmido. O tema do desfile esse ano era “Nossas raízes”, homenageando e relembrando os elementos que originaram nossa formação cultural e que ainda influencia a organização da sociedade atualmente.
Enquanto outras cidades adiaram o desfile, os hamburguenses foram à Avenida Pedro Adams Filho com carros alegóricos e cavalgadas. O público esperado era de cinco mil pessoas, mas o cancelamento da participação das escolas diminuiu bastante o número de espectadores.
O Desfile Farroupilha reverenciou a chegada dos jesuítas no Estado e seus feitos, além de destacar a importância dos negros e das comunidades indígenas na sociedade e as produções de vinho, madeira e agricultura. Sem a participação das escolas, os Centros de Tradições Gaúchas – CTG’s brilharam sozinhos, representando os gaúchos com os trajes típicos de prenda e pilcha masculina.
População celebra
com churrasco
Na Pedro Adams Filho, onde ocorreu o desfile e a cavalgada, os hamburguenses comemoraram a data fazendo churrasco na calçada . O clima entre a população era de união: conversas sobre as qualidades gaúchas e as tradições.
Julian Carlos da Silva (foto), 37 anos, trabalha no bar Abbey Road e usou a entrada do estabelecimento para assar carne com os amigos, familiares e até com estranhos que paravam para prosar.
Questionado pelo Portal novohamburgo.org sobre as tradições, Silva contou que todo o ano se reúne com amigos para homenagear o Estado e os guerreiros que fizeram nossa história. Lembra que sempre se unem ao pessoal da cavalaria para festejar o dia e comer a comida típica.
Sobre os trajes, Julian afirma: “As mulheres de prenda são bonitas, mas acho melhor as bombachas que as mulheres estão usando”. Segundo ele, as bombachas femininas são mais práticas no dia a dia e também para desfilar. “Para assar um churrasco e no meu lazer eu estou sempre de bombacha e chapéu. Meu chapéu está velho de tanto usar!”, brinca, se dizendo um grande admirador da tradição gaúcha.
Raças negra e indígena
são destaques
O desfile contou a participação da Comunidade Indígena de São Leopoldo “Caigangue”, que tem Sepe Tiarajú como líder. A representação da raça tinha índios adultos, adolescentes e crianças usando os trajes típicos, pintura no corpo e cabelos compridos e trançados. As mulheres carregavam cestas feitas de cipó e os homens marcharam com lanças de madeira.
Outra raça que teve destaque foram os negros. O seu desfile mostrava o negro na construção da sociedade hamburguense e foi representada por um carro alegórico com a “Sociedade Cruzeiro do Sul”, fundada em 28 de outubro de 1922. A sociedade foi fundada porque os demais clubes da cidade não aceitavam negros como sócios. A entidade agora é comandada por quatro mulheres e é a mais antiga do carnaval no município.
FOTOS: Bianca Lopes / novohamburgo.org