Músico gaúcho abre o show do novo álbum, Translucidação, que traz composições da nova fase do cantor, agora mais família
O músico Nei Lisboa abre às 21 horas desta terça-feira a programação do Festival de Férias, no Teatro Paschoal Carlos Magno, Centro Municipal de Cultura. Gaúcho de Caxias do Sul, ele apresentará canções clássicas e composições de seu novo álbum, Translucidação.
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Nei Lisboa iniciou sua carreira ao final da década de 70, em shows no circuito universitário. Seu primeiro álbum, “Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina”, foi lançado em 1983, ainda como uma produção independente.
Depois deste, Nei lançou, em 1984, o disco “Noves Fora”, pela gravadora Acit. Em 1987, ele apresentou “Carecas da Jamaica” e, no ano seguinte, gravou “Hein?!”. Na década de 90, Nei lançou três álbuns: “Eu Visito Estrelas” (1992), “Amém” (1993) e “Hi-fi” (1998). Os mais recentes trabalhos são do novo século: Cena Beatnik (2001), Relógios do Sol (2003) e Translucidação (2006).
O show desta terça-feira em Novo Hamburgo será assistido gratuitamente por seis pessoas que foram sorteadas na promoção do portal novohamburgo.org. São elas: Afonso Oliveira, Carine Wallauer, Conrado Loeblein, José Antônio Alves, Paulo Cesar Ferlin e Tatiane Cristina Gutheil.
Eles e outras centenas de espectadores irão apreciar uma apresentação de um Nei Lisboa que se define mais caseiro nesta entrevista concedida no intervalo da passagem de som, no Centro de Cultura:
O que o show Translucidação traz de novidade para quem acompanha tua música?
São 13 músicas, sendo 11 músicas inéditas e duas releituras. Então, tudo é uma novidade. Eu estou frisando isto porque há uma mudança estética, visual, eu estou de costas na capa. Na verdade está sublinhando a idéia de que a música fica em primeiro plano, tentando escapar um pouco desde enquadramento estético ao qual a música vem sendo imposta.
Como surgiu a idéia da capa do novo álbum?
A idéia foi minha. Eu estava brincando com o meu cabelo, que estava muito branco, muito branco. Então fui descolorindo ele. Na verdade, a idéia da capa era que ficasse mais claro e não aquele amarelão. Ficou um amarelão muito dourado, mas faz parte.
Este álbum é aquele que tem mais do teu jeito?
Acho que tanto quanto o último. O Translucidação é muito conectado com o Relógios de Sol, pelo estilo do trabalho que foi feito, pelo estilo da composição. Meu momento é mais caseiro, mais saúde. Até deixar de ser um pouco debochado a respeito, mas a verdade é que eu estou em um projeto saúde há alguns anos.
Sou pai há quatro anos, sou totalmente coruja, então estou em uma hora totalmente família e não há como escapar que isto apareça no trabalho, nas músicas, nas letras. É que estou vendo o mundo a partir desta perspectiva, de ser um pai de família, o que pra mim é uma novidade, de investigar o mundo a partir desta célula, onde as mais intensas relações humanas se estabelecem.
Teus shows costumam reunir pessoas de todas as idades, incluindo jovens e idosos. A que atribui isto?
A uma sorte minha. Se eu fosse ter apenas o público que me acompanha desde o início da carreira, eu estaria começando a perder público, por mortes naturais (risos). Sinceramente, eu não sei se é totalmente saudável que um adolescente de 14, 15 anos vire meu fã. Se fosse meu filho eu estranharia, mas também não existe isto de ser obrigatório não gostar. Eu tenho algo a dizer e a receber dos mais jovens.
Tu realmente aboliste o uso da televisão na tua casa?
Esta já é uma notícia velha. Antes de virar pai, eu fiquei quase dois anos curtindo essa. Depois me rendi novamente. Acho que alguma coisa do Relógios de Sol foi feita nesta época.
Tu já se apresentaste na França. Como foi essa experiência?
Foi um show modesto, em uma universidade de Paris.
Mas há algo modesto em Paris?
Pois é, aqui aparece como sendo um show em Paris. Muito legal. Eu tenho uma irmã que mora lá há bastante tempo e arrumou uma reedição do meu livro. E para fazer um lançamento fez também um show na Universidade de Saint Denis.
Como tu avalias a realização de festivais como este?
Beleza, não é? Sempre que tiver uma programação para ativar as pessoas e a movimentação cultural no verão na cidade, o que sempre é difícil, é importante. Então, é indispensável que se tenham idéias do gênero.